Tempo de leitura: 2 minutosO ainda secretário Gustavo Lisboa e o prefeito de Itabuna, José Nilton Azevedo, têm neste exato momento uma conversa decisiva. Em jogo, não está apenas a permanência do titular da educação no governo, mas a continuidade de um trabalho de cinco anos, que conta com a aprovação da maioria dos educadores.
Jovem (completou 33 anos há poucos dias), Lisboa conseguiu se impor pela qualidade de sua atuação. Dialoga bem com esquerda e direita, além de ter imprimido uma marca: não aceita intervenções em sua área.
Sua exigência de autonomia foi posta à prova em momentos cruciais, como na campanha eleitoral de 2006, ainda no governo Fernando Gomes, quando o filho do prefeito, Marcos Gomes, tentou valer-se da Pasta da Educação em sua campanha para deputado estadual. Lisboa não permitiu.
MOTIVOS
Discreto, muito mais técnico do que político, o professor jamais comenta essas histórias, nem é dos que saem esperneando. Ele provavelmente não dirá em público, caso realmente vá embora do governo, que o motivo de sua decisão foram intervenções descabidas de um titular de outra pasta na sua secretaria. Há outras razões, como o não-atendimento da exigência de que a escolha dos diretores nas escolas municipais se dê por eleição direta.
A interlocutores próximos, Lisboa demonstrou não acreditar que o prefeito lhe daria a chance de executar seu projeto na Educação. Por isso, a “despedida” de ontem na abertura da Jornada Pedagógica. Pela mesma razão, o clima de velório na manhã de hoje na Secretaria, onde algumas funcionárias não conseguiam disfarçar os olhos vermelhos.
Oficialmente, a exoneração a pedido será decidida somente após a conversa com o prefeito. Extraoficialmente, ela é vista como favas contadas. Tanto que o jornalista Paulo Lima, assessor do vice-prefeito Antônio Vieira, foi à rádio Difusora, no início da tarde, e lamentou publicamente a perda de Lisboa.
Os comentários de Lima irritaram Azevedo, mas não por terem sido falsos. A razão é que o prefeito está cansado de ver a roupa suja do governo sendo lavada fora de casa. Mas até ele admite o desfalque de seu melhor secretário e, sobre o episódio, já teria usado expressões conformadas, como a de que “ninguém é insubstituível”.
Em tese, o prefeito até estaria certo. Porém, ele não poderá esconder que a eventual exoneração de Gustavo Lisboa vai produzir uma lacuna difícil de ser suprida. Além disso, o episódio será revelador da absoluta e estranha dependência do prefeito com relação a outro secretário que, sem aparecer no cenário, manobra Azevedo como uma marionete.