Daniel Thame | Blog do Thame
Na antológica abertura de Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez, Aureliano Buendia, diante do pelotão de fuzilamento, lembra o fascinante e distante dia em que o pai lhe apresentou o gelo, maravilha da humanidade naquele rincão perdido nos confins da Colômbia.
A narrativa é antológica, sinalizando o que o mundo conheceria e admiraria como o realismo fantástico de Gabo.
Na já antológica noite de 23 de agosto de 2017, um colombiano menos famoso chamado Orlando Berrío nos reapresentou a algo que estava perdido nos desvãos da memória de um futebol que era jogo, mas também era poesia: a magia do improviso, do drible desconcertante que destrói um esquema mecânico, monótono e previsível.
Flamengo e Botafogo faziam um daqueles jogos modorrentos, típicos do futebol atual, em que o importante é se defender e se der, ou quando der, atacar. Meio de campo congestionado, goleiros sem serem incomodados e o indefectível cheiro de 0x0.
E eis que no ex-Templo do Futebol, hoje mais um exemplo do tributo ao deus corrupção, o Maracanã foi apresentado ao gelo.
Como se Garrincha, numa dessas molecagens do destino, resolvesse reencarnar por um átimo de segundo no estádio onde foi rei e menino travesso, e trazer um pouco de luz naquela escuridão de futebol.
E, noutra trapaça do destino, reencarnar no time errado, botafoguense que foi, e ainda por cima num colombiano com pinta de milongueiro e estampa de dançarino de tango. Ou de cumbia. Ou seria de samba? Orlando Berrío.
Berrío estava pronto para ser substituído e recebeu uma bola na lateral. Lance comum.
Ninguém no Maracanã esperava nada da jogada e o próprio Berrío poderia ter se livrado na bola e saído de um jogo do qual ninguém se lembraria daqui a uma semana.
Mas Berrío (Garrincha?) produziu o lance a ser lembrado daqui a Cem Anos (de Solidão). Um drible tão desconcertante quando indescritível, que resultou no passe perfeito para o gol da vitória.
Filho, eis o Gelo!
Maravilhem-se todos, pois esse é um daqueles raros momentos que vão para a eternidade.
O divino, o imponderável, o fantástico, o genial, a irreverência gerados num pedacinho de gramado transformando em latifúndio.
Meninos eu vi, dirão daqui pra frente os que estiveram no Maracanã. E os que não estiveram, testemunhas multiplicadas aos milhões. Macondo é o universo.
Aproveitemos o gelo.
Congela, eterniza a imagem.
O resto, o gol, a vitória, a classificação do flamengo para a decisão da Copa do Brasil contra o Cruzeiro são meros detalhes.
Eterno é Berrío, numa obra de arte que Gabo assinaria.
Maracanã, Macondo.
Na magia de um drible esse mundo de merda ainda pode ser uma alegre Bola de Futebol.
Respostas de 2
Após a leitura antropológica,alias bem construída que finaliza no mundo de merda.
É real o que vivencia hoje Itabuna,antes voltar aos tempos de Taboca que Família era sinônimo de amor,carinho,aconchego e extremo respeito dos filhos(as) aos seus pais,”bastava um rabo de olho” que os filhos(as) sabiam o que seus pais diziam e, sem contestar obedeciam “cegamente” papai e mamãe.
A merda é hoje o que vive Itabuna,com extensão o mundo,os filhos não obedecem seus país,muitos tratam seus país piores do que se trata um cachorro e as famílias se destruindo por desobediências dos próprios filhos(as).
Uma Casa de Show Gávea localizada no Bairro Jaçanã em Itabuna,é uma verdadeira
merda no mundo hoje,o Som Paredão numa altura infernal,insuportável aos ouvidos humanos,adolescentes consumido bebida alcoólica e fumando e não falta “amigo” à
oferecer drogas,é um lugar fértil que cooptar estes seres na suas puberdades e arruinar as famílias.
Tantos adolescentes embriagados caído no chão,moças e rapazes se amontoam na porta de entrada,a mesma fica o tempo inteiro fechada,em fim,para evitar a merda em Itabuna que as autoridade fiscalize esta casa de espetáculo de merda que como
está só vai trazer as desgraças as famílias de Itabuna e extensão do Brasil.
“Muitas das vezes as famílias perdem o controle dos filhos e o Estado não é eficaz no controle e garantia da paz e o bem está e principalmente da adolescência refente aos bales regrado a droga e cocaína envolvendo crianças e adolescentes neste mundo de merda” Autor desconhecido.
Filho de Mutuns,
Sim, neste mundo de merda não há lugar pra a poesia e a arte?