Autor revisita lembranças das brincadeiras, histórias e assombrações da vida no antigo distrito e hoje bairro de Ilhéus
Tempo de leitura: 2 minutos

Técnico aposentado da Ceplac, José Rezende Mendonça é um garimpeiro da memória do Pontal, o bairro da zona sul de Ilhéus onde vive desde que nasceu, em junho de 1951. No mês passado, ele comemorou o aniversário de 70 anos com o lançamento do seu segundo livro,  Memórias da Infância  – Lá vem o Bicho Papão.

Dedicado às lembranças de quando o Pontal ainda era distrito de Ilhéus, antes da construção da ponte Lomanto Júnior – inaugurada em 1966 -, o livro tem ligação direta com as vivências do autor no bairro. No entanto, segundo José Rezende, por reunir elementos da cultura popular brasileira, a obra se comunica com a memória afetiva de toda uma geração. “As brincadeiras na rua, nosso vocabulário, as músicas infantis, sentar na calçada para ouvir as histórias dos mais velhos”, exemplificou o memorialista, em conversa com o PIMENTA, nesta sexta-feira (16).

O livro relembra um Pontal onde o encantamento e o mistério eram mais presentes como mediadores da relação das crianças com o mundo da vida. Essa presença maior do mistério, produzida e reforçada pela linguagem cotidiana, também abria caminho para o que o autor descreve como um tipo de educação pelo temor do desconhecido.

“Nós tínhamos medo de tudo. Nossos pais, nossos avós, eles tinham uma maneira de nos amedrontar para poder educar. Não sei se hoje isso é correto – uns dizem que sim, outros dizem que não -, mas, na minha época, e falo aqui das décadas de 50 e 60, a gente tinha isso. Por exemplo: ‘Olhe, não fique aí, senão o Bicho Papão lhe pega!’; ‘Venha pra casa mais cedo, tem alma na rua’. Então, essas coisas nos deixavam apreensivos. E, realmente, tínhamos mais cuidado e respeito pelos pais em obedecer aquilo”, avaliou José Rezende Mendonça.

O livro está à venda apenas no site da editora Clube de Autores, nas versões impressa e digital  – veja aqui. José Rezende também é autor de Pontal: entre o passado e o presente.

4 respostas

  1. Rezende, boa noite
    Amei o título do seu livro; filhos, netos e bisnetos vão gostar de saber o que outrora afugentava crianças .
    Lembrei que a gente sentava na calçada para chupar rolete de cana. Você fez isso ? Com certeza e vi que temos a mesma idade. Eu vim para Ilhéus com 7 anos de idade, de navio. Fiquei imaginando quando atravessava de barquinho ali das docas para o Pontal , que era um lazer ir para o outro lado da cidade. Também a feira livre ali na 2 de julho onde chegavam barcos com artesanato em barro. Viajei na maionese agora. Vou adquirir seu livro sim, ainda mais que vc é um excelente escritor e contador de (es)histórias .

  2. Olá José Resende, li seu texto MEMÓRIAS DAS ENCHENTES DO RIO CACHOEIRA, a resposta às suas indagações vieram tão rápido como um giro da Terra:
    “Bom, o certo é que o perigo ainda existe, de uma nova inundação igual ou pior
    a de 1967, pois como visto acima, os períodos cíclicos continuam acontecendo
    em todo mundo.”
    Me interesso pelo tema das enchentes e pretendo fazer um artigo sobre os ciclos das grandes cheias do Cachoeira; desde Firmino Alves, Santa cruz, Floresta-Azul, …; Bandeira do Colônia, Itororó, Itajú, Itapé, Itabuna, Ilhéus.

  3. Olá José Resende, sou Daniel Calazans, nasci em 1965 ai em Pontal, sou migrante desde 1975 em SP, moro na Cidade de São Bernardo do Campo, trabalho na Montadora Scania e sou representante dos trabalhadores desde 1999 ate o momento.

    Estou escrevendo um livro sobre a arvore genealógica de minha família: Os Calazans, os Bispos e seus ancestrais.

    Neste livro pretendo contar minha historia de vida, será muito gratificante ler seu livro para que eu consiga compreende melhor como era pontal na década de 60 e acrescentar na parte da minha infância!

    Contatos: dbcalazans@hotmail.com e WhatsApp: 11 99944-3735

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