Bernadete explica apoio do PSOL a Adélia em Ilhéus
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A presidente municipal do PSOL, Bernadete Souza, afirma que a adesão à pré-candidatura de Adélia Pinheiro, da Federação PT, PCdoB e PV, tem como decorrência lógica o desejo de compor a chapa majoritária na disputa da Prefeitura de Ilhéus. Os socialistas vão formalizar o apoio em ato com a presença de Adélia, amanhã (6), às 10h, no Sindicato dos Bancários, localizado na Rua Ana Neri, 140, no Centro. O movimento estava em discussão desde a semana passada, como antecipado pelo PIMENTA (relembre).

O PIMENTA questionou quem o PSOL indicaria numa eventual composição da majoritária, citando os nomes do ex-vereador Makrisi Angeli, que retira a pré-candidatura a prefeito, e da própria Bernadete. “É um diálogo que a gente vai fazer internamente. Isso não está decidido nem está sendo debatido”, respondeu a dirigente, pré-candidata a vereadora.

O site também perguntou se predomina no PSOL o desejo de compor a majoritária, independente do nome que possa ser escolhido. “Sim, é lógico, porque dentro de um debate, de uma construção em que o PSOL vem compor uma frente, esse diálogo está aberto”, respondeu Bernadete.

PARTIDO ACERTOU DUAS VEZES, DIZ PRESIDENTE

Ialorixá do Ilê Axé Odé Omí Ewá, Bernadete Souza é educadora do campo e liderança da luta pela reforma agrária no Assentamento D. Hélder Câmara, no Banco do Pedro, zona rural de Ilhéus, onde fundou o terreiro. Para ela, o PSOL ilheense acertou ao apresentar a pré-candidatura de Makrisi, a quem chamou de companheiro valoroso, e volta a agir corretamente agora, com respaldo de resolução da Executiva Nacional.

Resolução nacional orienta que o PSOL deve compor frentes amplas à esquerda para evitar o avanço de candidatos da direita e extrema-direita. Segundo Bernadete, essa é a conjuntura de Ilhéus para as eleições de 6 de outubro.

Bernadete Souza
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A ialorixá Bernadete Souza, de 55 anos, é a primeira mulher eleita presidente do Diretório do PSOL-Ilhéus. A decisão foi tomada no último sábado (23), no congresso local do partido. Com mandato de quatro anos, ela substitui o ex-candidato a prefeito Jorge Luiz, que presidiu a sigla de 2017 a 9 de março de 2023, quando faleceu, aos 60 anos, vítima de tumor cerebral.

Líder do Terreiro Ilê Axé Odé Omí Ewa, em Banco do Pedro, distrito de Ilhéus, Bernadete é militante do Movimento Negro Unificado (MNU) e da luta pela reforma agrária. Também fundou o Coletivo de Mulheres Sementes de Marielle e foi candidata a prefeita em 2020 e a deputada estadual em 2022.

FELICITAÇÕES 

O vice-prefeito de Ilhéus, Bebeto Galvão (PSB), felicitou Bernadete. “Parabéns, companheira!”, escreveu em uma rede social, acrescentando que a psolista é uma lutadora em defesa da democracia, dos mais pobres e da cidade. O pré-candidato a prefeito de Salvador pelo PSOL, Kleber Rosa, também parabenizou a colega de partido, assim como o pré-candidato do PSOL a prefeito de Ilhéus, Ednaldo Azevedo.

Bernadete Souza e Davidson Brito apontam caminhos do PSOL nas maiores cidades sul-baianas
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As plenárias municipais do PSOL encaminharam a escolha das lideranças para os diretórios de todo o País. A partir de outubro, Davidson Brito assume a presidência do partido em Itabuna. Já em Ilhéus, o grupo de Bernadete Souza foi o mais votado na eleição interna, mas ainda precisa consolidar maioria absoluta para comandar a sigla. Ao PIMENTA, ambos levantaram a bandeira da unidade à esquerda nas duas maiores cidades do sul da Bahia.

“Um dos objetivos principais é fazer um diálogo com os partidos e consolidar uma frente de esquerda em Ilhéus”,  afirma Bernadete. É possível, segundo ela, dialogar e construir unidade preservando a autonomia do PSOL. “Se não houver esse diálogo, a gente pode lançar uma candidatura própria, mas isso é um processo de construção”, acrescenta. No último pleito municipal, em 2020, a ialorixá e liderança camponesa foi candidata a prefeita e recebeu 2.453 votos (2,84%).

PSOL e Rede Sustentabilidade formam uma federação, ou seja, terão que disputar as eleições para o Legislativo juntos. Esse diálogo ainda será iniciado, diz Bernadete. “O desafio é organizar uma chapa proporcional competitiva para eleger vereadoras e vereadores”.

Outra meta do PSOL é ampliar sua representatividade social. “Um partido com a cara popular para trazer as mulheres e a população em geral para a política”, aponta a liderança.

Nas plenárias, os militantes socialistas homenagearam a memória do servidor federal aposentado Jorge Luiz, que faleceu na madrugada de 9 de maio de 2023. Ex-presidente municipal da legenda, ele foi candidato a prefeito de Ilhéus em 2012 e 2016.

QUE ESQUERDA?

Davidson Brito considera expressivo o resultado da eleição do PSOL em Itabuna. Segundo ele, foi a maior vitória de um agrupamento interno do partido na cidade. Sobre as eleições de 2024, ressalva que não pode falar, nesse momento, pelo conjunto partidário. No entanto, comentou as possibilidades.

“Acreditamos que existem dois caminhos a serem perseguidos pelo PSOL no município. O primeiro é a reconstrução da unidade em torno de uma candidatura de esquerda”, apontou.

Ele caracterizou o que seria um programa de esquerda para Itabuna. Na avaliação do vice-coordenador do Movimento Negro Unificado (MNU), é necessário construir uma cidade da periferia para o Centro. “O que significa isso? Primeiro, entender que a maioria da população vive nas periferias, onde os postos de saúde têm péssima estrutura e falta medicamentos, onde os muros e tetos das escolas caem, falta saneamento básico, falta de infraestrutura nos bairros”.

O programa de esquerda, conforme Davidson, deve questionar a serviço de quais interesses as ações do município são mobilizadas em áreas como saúde, educação e cultura. Para ele, em última instância, trata-se de um “projeto capaz de intervir na realidade e diminuir as desigualdades sociais”.

Caso a unidade não seja alcançada, o segundo caminho para o PSOL em Itabuna será o da candidatura própria ao Centro Administrativo Fermino Alves, conclui Davidson Brito.

Atualizado às 19h54min para correção de informação. Ao contrário do informado por Bernardete Souza, a sua eleição ainda depende de composições e um segundo turno no partido por não ter obtido maioria em votação no último final de semana, como explica Danilo Moura, da Executiva Estadual do PSOL.

Segundo Bernadete, obra de distribuição de água deveria ter sido entregue há seis meses
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A ialorixá Bernadete Souza (PSOL) reivindica a conclusão das obras que levarão água potável aos moradores do distrito de Banco do Pedro, na zona rural de Ilhéus. Segundo ela, originalmente, o fim do trabalho estava previsto para setembro de 2022. “Prometeram entregar antes das eleições”, disse Bernadete ao PIMENTA, nesta terça-feira (4).

Liderança do Assentamento Dom Helder Câmara, Bernadete afirma que a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e a Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb) são responsáveis pelas obras, que estão paradas. “Após a enchente, canos instalados se soltaram e ficaram em cima das pedras, abandonados”, denuncia.

Embasa e Cerb não informaram à comunidade quando os trabalhos serão concluídos, lamenta Bernadete. Enquanto isso, crianças, adultos e idosos têm apenas uma forma de acesso à água em Banco do Pedro, o uso de cisternas, que submete a população ao contato com microrganismos danosos à saúde.

“As cisternas são construídas nos quintais. Como Banco do Pedro não tem saneamento básico, o risco de contaminação da água é sempre grande, é uma realidade”, conclui.

OUTRO LADO

Canos da rede estão abandonados, segundo Bernadete

Ouvido pelo PIMENTA, o coordenador regional da Cerb, Luís Alberto Sellmann, afirmou que a Companhia já concluiu sua parte do empreendimento e, agora, cabe à Embasa terminá-lo e iniciar a distribuição da água.

Segundo o coordenador, originalmente, a obra foi delegada à Cerb, mas, antes mesmo de encaminhar o material para o início da execução, a empresa descobriu a existência do compromisso da Embasa de prover o abastecimento de água em Banco do Pedro. “Então, fizemos um ajuste do modelo Cerb para o modelo Embasa e executamos a obra”, relata. Ainda conforme o gestor, a mudança foi informada à comunidade, que consentiu.

A Cerb, acrescenta Luís, fez toda a parte de construção civil e instalou os quatro reservatórios e as redes adutora e de distribuição de água, além das ligações das residências e um módulo de tratamento de água. Com a mudança de modelo, conclui Luís Alberto, a Embasa vai ampliar o sistema de tratamento e instalar os hidrômetros nos imóveis para iniciar a operação do sistema.

Também contatada pelo PIMENTA, a assessoria da Embasa ficou de emitir nota de esclarecimento sobre o protesto de Bernadete Souza e o andamento da obra em Banco do Pedro. A resposta não foi enviada até o fechamento desta matéria.

A ialorixá Bernadete Souza é candidata a deputada estadual pelo Psol
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A notícia da candidatura da ialorixá Bernadete Souza (Psol) a deputada estadual abre matéria da Folha de S. Paulo sobre o recorde de candidaturas ligadas ao candomblé e à umbanda nas eleições de 2022. São 29 líderes dessas religiões na disputa, distribuídos em 14 estados do país.

Feito com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral, o levantamento considera apenas os candidatos e candidatas que usam nomes com referência às religiões de matriz africana na urna. Por isso, ainda que a marca de 29 candidaturas seja um recorde, ela não computa as lideranças religiosas que não fazem alusão ao nome de sacerdócio, caso da própria Bernadete.

Sergipana radicada em Ilhéus desde a infância, a mãe de santo explica que o combate à intolerância religiosa é apenas uma das frentes de sua militância política. “Sou ialorixá, mas também militante do movimento negro, mulher camponesa e assentada. A religião é mais um elemento da nossa cultura enquanto povos tradicionais”, disse ao jornal (confira a matéria na íntegra).

Ao PIMENTA, em entrevista recente, Bernadete Souza falou sobre outras bandeiras de sua campanha, a exemplo da luta contra a matança de jovens negros e do movimento pela emancipação das mulheres periféricas e camponesas (leia aqui).

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A Coalizão Negra por Direitos inaugurou, neste sábado (30), o Comitê Antirracista de Ilhéus. A unidade, que integra a rede estadual do movimento, funciona no Almáfrica, espaço cultural localizado no bairro São Miguel.

Iniciado às 10h, o ato contou com a presença da candidata a deputada estadual Bernadete Souza (PSOL). A candidatura da ialorixá é uma das 14 apoiadas pela Coalizão no estado.

Já o lançamento do Comitê Antirracista de Itabuna será às17h, também neste sábado, na Rua do Contorno, número 503, no bairro João Soares. Na cidade, a Coalizão Negra por Direitos apoia a candidatura de Davidson Brito (PSOL) a deputado estadual.

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Sociólogo, professor da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e diretor da Sócio Estatística Pesquisa e Consultoria, Agenor Gasparetto explicou à coluna Arriba Saia, do PIMENTA, as premissas básicas para a interpretação de pesquisas eleitorais. “O primeiro fato importante a reter é que pesquisa não capta voto. Capta intenções de voto. E intenções são promessas de voto, não são votos”, disse.

Por isso, continuou, o questionário clássico não se refere à data oficial da votação, mas a antecipa para o dia do levantamento. “A pergunta é: se a eleição fosse hoje, se essa decisão tivesse que ser tomada agora, o que você faria? Em quem você votaria? A intencionalidade da pesquisa é trazer a data da eleição para o momento da pergunta [ao entrevistado]. É nesse cenário hipotético que a pesquisa é feita”.

PRAZO DE VALIDADE

Daí decorre que toda pesquisa é perecível, segundo Gasparetto. “O tempo concorre para que a validade se perca, vire fumaça. Se o resultado da pesquisa de hoje for equivalente ao da eleição, será pura coincidência. Se acontecer, é mero acidente. Não é lógica”. No entanto, acrescenta, a probabilidade de correspondência tende a ser maior quanto mais próxima do pleito a pesquisa é feita.

NO RITMO DOS INDECISOS

Os indecisos indicam o nível de desenvolvimento de uma campanha, conforme o pesquisador. “Veja o caso atual. Nós temos eleições para presidente com número de indecisos muito baixo. Para governador, é bastante baixo, mas um pouco maior [que o da presidencial]. Para senador, é bastante alto, ficando entre 40% e 50% de indecisos. Para deputado federal e estadual é muito mais alto do que isso, porque as campanhas têm velocidades diferentes”.

O CÂNONE…

Agenor Gasparetto sublinhou a importância de o questionário respeitar a formulação tradicional da pesquisa estimulada, que, no caso das eleições aos governos estaduais, informa os nomes dos candidatos sem citar eventuais vínculos com presidenciáveis. “A pesquisa padrão, clássica, tem que ser feita e sem nenhum tipo de escora ou apoio”.

…E A ESTRATÉGIA

Formulada a pergunta nos termos clássicos, nada impede que se acrescente ao questionário pergunta que vincule aliados políticos ou correligionários, esclarece o professor. “O apoio pode ser usado também, em questão complementar, até porque as pesquisas também subsidiam a formulação das estratégias eleitorais”.

TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO

Questionado sobre as pesquisas de intenções de voto para o Governo da Bahia, Agenor Gasparetto concordou com a avaliação de que se mantêm estáveis, antes de fazer uma ressalva.

– Preciso dizer que agora começa, na verdade, o período em que haverá mais trabalho, mais exposição [dos candidatos], mais investimentos também, que poderão alterar ou não a realidade. Estamos em meados de julho, a eleição será no início de outubro. Nesse tempo, muita coisa pode acontecer.

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VERBA VOLANT…

Augusto e Guinho: antes da carta

O rompimento oficial do vice-prefeito Enderson dos Santos, Guinho (UB), com o prefeito Augusto Castro (PSD) surpreendeu ninguém. Restava saber quando e como. O anúncio veio num desabafo sem voz, em carta aberta à sociedade itabunense.

…SCRIPTA MANENT

Quem leu o textão deve se lembrar do trecho em que ele reclama de ter sido destratado por Augusto diante de familiares e amigos, no auge da crise da enchente de dezembro passado. Segundo o vice, o prefeito não gostou de vê-lo no comando da resposta do Governo à tragédia urbana, quando Augusto estava “ilhado” – adjetivo do missivista – no Cidadelle. Nesse ponto, ao que parece, a carta mobilizou sentimentos profundos.

DE OLHO NO DIÁRIO

A expectativa no pós-rompimento de Guinho com Augusto Castro é quanto ao Diário Oficial. São quase 40 cargos comissionados e contratos indicados pelo vice-prefeito na Secretaria de Esporte e Lazer. Dos comissionados, a começar pelo secretário Maico Souza, ninguém ainda seguiu o chefe e pediu exoneração até o momento.

BIRRA

Antes de Augusto, Guinho foi aliado de Mangabeira no PDT

Guinho já acumula dois rompimentos com aliados, apesar de estar há pouco tempo na política. Além da cizânia de agora com Augusto, o vice-prefeito não teve convivência pacífica com o seu ex-líder partidário Dr. Mangabeira, quando ambos estavam no PDT.

EM NOME DO PAI

O vice-prefeito rompe com o prefeito na semana em que Augusto dá início à programação de aniversário da cidade e vai se reunir com a cúpula da Igreja Católica no município. E, antes, conversa com boa parte dos pastores evangélicos do chão grapiúna.

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SÓ PENSAM NAQUILO

Ganha uma visita guiada ao Centro Administrativo da Conquista quem adivinhar o espírito da política para as eleições de 2022. Adivinhou? Quem pensou na importância delas para as eleições de 2024 já pode escolher o figurino para o tour na Prefeitura de Ilhéus. As alianças deste ano, em algum nível, refletem as de 2020 e serão relevantes para 2024.

Os e as prefeituráveis: 2024, no tempo da política, é ali

NO PÁREO

O vice-prefeito Bebeto Galvão (PSB) sempre é lembrado na lista de possíveis sucessores do prefeito Mário Alexandre, Marão (PSD), seguido pelo presidente da Câmara de Vereadores, Jerbson Moraes (PSD). Quando assumiu a Secretaria Estadual de Saúde, Adélia Pinheiro também passou a figurar nas especulações sobre 2024. Cabe lembrar dos pré-candidatos à Câmara dos Deputados, Cacá Colchões (PP), Reinaldo Soares (Republicanos) e Valderico Junior (UB), todos candidatos a prefeito em 2020; além da pré-candidata a deputada estadual Bernadete Souza (PSOL), que também disputou a Prefeitura há dois anos.

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PONTÍFICE

Reinaldo, à esquerda, em entrevista a Chicó e Tiago Pascoal, no Sem H Podcast

Reinaldo Soares está numa vibe OAS, construindo pontes em Ilhéus. A obra mais recente começou a ser erguida há três meses, quando, segundo ele, foi procurado por Marão. Ontem (18), em entrevista ao Sem H Podcast, ao responder pergunta do PIMENTA, Reinaldo revelou que apoia a pré-candidatura de Soane Galvão (PSB) a deputada estadual em alguns municípios, exceto Ilhéus, onde trabalhará o nome de Jurailton Santos. “A gente vai construir pontes”, explicou.

LÍNGUA FERINA…

Após discorrer sobre a engenharia eleitoral, Reinaldo Soares disparou contra os deputados federais ligados ao Governo Marão e sugeriu que receberá a contrapartida da nova aliança em votos.

– O Governo tem vários deputados federais e todos são de fora. Aqui pra nós, são pesados. Muitos membros do Governo, por tá no Governo, se sentem obrigados a votar e muitos querem votar no professor Reinaldo.

O professor e pré-candidato não citou nomes, mas (quase) todos sabem que o prefeito ilheense apoia a reeleição do deputado federal Paulo Magalhães (PSD)…

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QUEM AVISA…

O ex-ministro Geddel Vieira Lima

Após Geddel Vieira Lima (MDB) afirmar que ninguém iria constrangê-lo e lembrar da romaria que políticos do grupo de ACM Neto (União Brasil) faziam em sua casa, praticamente não se ouve mais críticas de aliados do ex-prefeito de Salvador à união MDB-PT na Bahia.

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QUE É ISSO, COMPANHEIRO?

Jerônimo, entre Lula e Rui Costa, e a esperança de transferência máxima de votos

A cúpula da campanha de Jerônimo Rodrigues (PT) teme que o avançar dos dias e a proximidade da eleição revelem o que muito se comenta nas grandes rodas políticas: um acordo de cavalheiros entre Lula e a cúpula do União Brasil, o partido de ACM Neto. Se percebido pelo eleitor, o acordo atrapalharia a estratégia de transferência de votos do presidenciável para o pré-candidato a governador da Bahia.

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João Roma concede entrevista e é observado pelo presidente da ACI, Mauro Ribeiro

QUEDA DE BRAÇO

O pré-candidato a governador João Roma (PL) defendeu a reativação do aeroporto de Itabuna, onde esteve no último final de semana. O ex-ministro e hoje deputado ainda fez críticas à queda de braço entre os governos federal e estadual na duplicação da BR-415. A guerra entre Jair Bolsonaro e Rui Costa levou o estado a assumir a duplicação da obra, sem dinheiro federal. “O que queremos não é queda de braço com o governo do estado, o que queremos é trazer benefício para as pessoas, para Itabuna crescer e ser um polo que gere mais emprego para as pessoas”, disse ele.

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Quando a família de Bernadete deixou Estância (SE), no final dos anos 1970, repetiu o caminho percorrido por milhares de pessoas que buscaram vida melhor no sul da Bahia. Na época, a região ainda ostentava a riqueza do cacau e atraía muitos moradores de Sergipe e outros estados. O destino da família foi o Alto do Basílio, em Ilhéus.

Bernadete tinha 9 anos e descobriu que a Princesinha do Sul escondia, nas suas margens, a pobreza omitida nos postais. No início da adolescência, participou de manifestações por melhorias para a comunidade periférica, que em nada lembrava o urbanismo suntuoso do Centro Histórico da cidade. Ali, nos protestos em frente ao Palácio Paranaguá, iniciou-se na política.

Hoje, aos 54 anos, Bernadete Souza Ferreira considera-se mais baiana que sergipana. Ialorixá, liderança camponesa e ex-candidata a prefeita de Ilhéus, vive no Assentamento Dom Helder Câmara, na região de Banco do Pedro, zona rural ilheense. Foi de lá que conversou com o PIMENTA, em chamada de vídeo. Na entrevista a seguir, ela confirma sua pré-candidatura a deputada estadual pelo PSOL, fala sobre representatividade, explica por que deixou o PT, critica a política de segurança da Bahia e relembra o episódio em que foi agredida física e verbalmente por policiais militares. Leia.

PIMENTAComo a militância política entrou na vida da senhora?

Bernadete Souza – Comecei a militar com 13 anos, no Alto do Basílio. Não tínhamos saneamento básico, energia e água potável. Começamos a fazer um processo, na própria comunidade, atuando nas manifestações. Na adolescência, ia para a porta da Prefeitura, na época de Antonio Olímpio, naquele primeiro governo dele [1977-1982], para protestar, dizer que a gente precisava de água, energia, estrada, escola. Com 18 anos, fui eleita presidente da Associação de Moradores e me filiei ao Partido dos Trabalhadores. Fui do PT até 2015. Hoje sou do PSOL e do Movimento Negro Unificado (MNU), da luta no combate ao racismo e também à intolerância religiosa. Dentro dessa luta, movimento social é o que a gente come, bebe, veste, dorme e acorda.

Por que trocou o PT pelo PSOL?

Continuo respeitando o Partido dos Trabalhadores. Não é à toa que o PSOL apoia Lula para presidente da República. As questões que me moveram para o Partido Socialismo e Liberdade são fundamentais para mim, enquanto mulher negra e camponesa. Somos protagonistas desse movimento, e o partido também é um movimento. Quando chega o momento da disputa pelo espaço de poder político, no período eleitoral, geralmente, percebemos que não somos priorizadas dentro do partido [PT]. [No PSOL], em 2018, fui candidata a co-senadora. Em 2020, a gente colocou o nosso nome para a Prefeitura de Ilhéus. No PT, isso não seria viável. De 1986 a 2015, o PT também construiu, junto comigo, o que sou hoje. Agradeço ao Partido dos Trabalhadores por me conduzir dentro desse processo da luta coletiva. Sou grata ao PT por estar aqui hoje.

A pré-candidatura a deputada estadual já foi lançada oficialmente?

Na conferência do PSOL, a maioria escolheu o companheiro Kleber Rosa para a disputa do Governo do Estado [Bernadete perdeu as prévias partidárias]. A pré-candidatura à Alba foi lançada no encontro de mulheres do PSOL na Bahia. No próximo dia 30, vamos fazer um novo ato, com apoio da Coalizão Negra por Direitos.

O governo Bolsonaro ensinou, com o exemplo de Sérgio Camargo na Fundação Palmares, que não basta ser negro para ser antirracista, do mesmo jeito que não basta ser mulher para defender as pautas das mulheres. Como assegurar uma representação substantiva das mulheres negras?

Isso é fundamental para nós. De fato, não é qualquer homem ou mulher negra que nos representa no debate racial e em outros temas que a gente defende. Infelizmente, no nosso país, tentam nos invisibilizar e nos impedir de defender o que acreditamos, como o próprio combate ao racismo em suas várias formas. Essa política de invisibilização não ocorre só nos partidos de direita. Nos partidos de esquerda também existe esse processo. É por isso que, no PSOL, a gente diz que é preciso se aquilombar. A gente precisa aquilombar o parlamento para que as nossas causas tenham, de fato, representação e sejam defendidas pelas mulheres. Você traz o exemplo de Sérgio Camargo na Fundação Palmares. Ele veio para destruir tudo aquilo que foi construído durante anos a partir dos movimentos negros. Ele vem com a política genocida, que é a política do governo que ele defende. Não basta ser só mulher ou só negra. É preciso defender as pautas que a gente defende. Eu sou uma mulher da periferia, que tem o feminismo no cotidiano.

Como parar o extermínio da população negra?

A Bahia é o estado mais letal do Nordeste. Em Salvador, segundo pesquisa publicada no G1, 100% dos mortos pela polícia são negros. Ou seja, a juventude negra está sendo executada. E os policiais também estão morrendo por conta de uma política que não é para salvar vidas. Quando a gente fala de segurança, me pergunto: qual é o tipo de segurança que nós temos? Essa política não começou nesse governo [estadual]. Lógico que gostaríamos que esses números nem existissem, principalmente nos governos de esquerda, no governo do PT, de Jaques Wagner e Rui Costa, mas a política que está aí não é para salvar vidas, é para matar. Dizem que a política é de combate às drogas, mas o combate é contra o povo negro. Isso não quer dizer que não foi assim nos governos anteriores, porque houve genocídio também. E isso só tem se intensificado. A gente defende uma política de investigação [criminal], mas a política atual é de assassinato da juventude negra.

O uso de câmeras nos uniformes policiais pode atenuar esse problema?

Acredito que sim. Qualquer tentativa de evitar que se ceife vidas é plausível. Qualquer tentativa de evitar a violência policial é válida. A gente viu o caso de Sergipe, onde um homem, que tinha problemas psicológicos, foi assassinado dentro de uma viatura [da Polícia Rodoviária Federal]. A gente sabe quem estimula esse tipo de crime. Existem, dentro da própria polícia, aqueles que seguem esse tipo de apelo. O uso da câmera nos coletes é uma tentativa de diminuir esse problema. A gente sabe de perto o que é a violência policial. Eu sei o que é a violência policial.

A senhora pode falar da violência que sofreu no assentamento?

Sim. Foi em 2010. Os policiais estavam fazendo rondas em Banco do Pedro e trouxeram um jovem negro ensanguentado. Eu era coordenadora-geral do assentamento e fui questionar a forma como eles estavam conduzindo o rapaz. Eles não tinham ordem judicial para estar na comunidade. Eles vieram pra cima de mim, dizendo que eu estava desacatando a autoridade. Me algemaram. Houve também um ato de racismo religioso, porque, no momento que me pegaram, meu orixá se manifestou, e eles disseram que Satanás ia sair do meu corpo. Me jogaram num formigueiro, botaram arma na minha cabeça, pisaram no meu pescoço e me conduziram para a delegacia de Ilhéus. Isso ganhou repercussão no país e no exterior. O caso está sub judice até hoje, uma ação civil pública que nunca foi julgada.

A senhora é a favor da abertura de capital da Embasa?

Somos contra privatizações. Esse debate é caríssimo, porque, quando se fala em privatizar a Embasa, a gente falando em privatizar a água. Qual é o debate que está sendo feito com a população da Bahia para que ela seja ouvida? A gente vendo o governo federal privatizando tudo, e esse debate da Embasa é para entregar a água nas mãos dos estrangeiros. Independente de estarmos eleitas ou não, vamos travar uma luta contra a privatização da Embasa. Hoje, 20% da população baiana não têm água potável em suas casas. Em pleno século 21, no ano de 2022, só agora a Embasa está trazendo água para o nosso assentamento. Por quê? Porque a gente não é prioridade para o governo. Falar em água potável é falar de saúde. A gente não tem um dentista, porque não tem água potável. Se privatizar a água, vai ser pior, as populações periféricas continuarão de fora.

Bernadete afirma que Rui deve prestar contas sobre investigações de mortes em ações policiais
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A mãe de santo Bernadete Souza (PSOL) classificou como chacina a ação da Polícia Militar que resultou na morte de um adolescente e dois jovens, na madrugada desta terça-feira (1º), no Solar do Unhão, na região da Gamboa, em Salvador.

Segundo moradores, os policiais teriam chegado à comunidade atirando e lançando bons de gás lacrimogênio. Depois, teriam levado Patrick Sapucaia, de 16 anos, Cleverson Guimarães, 22, e Alexandre dos Santos, 20, para um imóvel abandonado e os executado.

Conforme Polícia Militar, os policiais receberam notificação de ocorrência de sequestro e, ao chegar na comunidade, teriam sido recebidos a tiros pelos jovens, que, no confronto, acabaram baleados.

Para Bernadete, as mortes não devem ser encaradas como efeitos colaterais do trabalho policial. “São assassinatos”, afirma a ialorixá, que se manifestou sobre o caso nas redes sociais.

“Chegar de matar a juventude negra! […] Tem sempre mais uma chacina para ocupar as manchetes e indignar a comunidade negra. Cabula, Nordeste, Lauro e agora a Gamboa”, escreveu Bernadete Souza, que foi candidata a prefeita de Ilhéus em 2020 e, neste ano, disputou e perdeu as prévias do PSOL para a candidatura ao Governo do Estado.

Nesta quarta-feira (2), o secretário Ricardo Mandarino determinou que a Corregedoria Geral da Secretária de Segurança Pública do Estado acompanhe as investigações da Polícia Militar sobre o caso (veja aqui).

PARA SOCIALISTA, RUI COSTA DEVE PRESTAR CONTAS SOBRE INVESTIGAÇÕES

As mortes nas operações policiais, conforme Bernadete, resultam de equívoco na política de segurança do estado. “Que governo é este que executa nossa juventude sob o lema fascista de Combate às Drogas? MENTIRA, essa é a senha para o extermínio da juventude negra, isso faz parte da estratégia histórica das elites brancas e racistas de genocídio do povo negro”, acrescentou.

A crítica da mãe de santo chegou também ao comando do governo estadual. “O governador Rui Costa [PT] prestar contas das investigações sobre os assassinatos cometidos pela polícia baiana. Chega de impunidade!”. Atualizado.