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Crianças e jovens foram às ruas pedir paz em Itabuna (Foto Jorge Bitencourt).

Pelas projeções do urbanista Ronald Kalid, especialista em desenvolvimento urbano, se o ritmo da criminalidade for mantido Itabuna deve registrar 186 homicídios até dezembro. Ele desenvolve estudo sobre o avanço da criminalidade no município sul-baiano. O número é encontrado quando multiplicado por 365 (um ano) o resultado da divisão dos 100 homicídios registrados pelo número de dias corridos (198).

Faz-se uma regra de três. Divide-se 186 pelo número estimado de habitantes da cidade (220 mil). Por esta conta, teríamos 84,85 crimes por 100 mil habitantes, muito superior ao da convulsionada Síria ou do Iraque no pós-guerra. Os números apontados pelo especialista são até otimistas.

Mapa da Violência 2012, publicado em maio, trouxe dados mais alarmantes sobre homicídios em Itabuna nos últimos anos. O levantamento foi elaborado pelo Instituto Sangari e Ministério da Justiça.

Pelo mapa, foram 210, em 2010; 232, em 2009; e 208, em 2008, o que dá taxa média de 103,9 por 100 mil habitantes. Por isso, a cidade ficou no 8º lugar no ranking nacional da violência e 3º no estado, atrás apenas de Simões Filho (1º) e Porto Seguro (5º e 2º).

Na manhã desta quinta-feira, 19, cerca de 800 pessoas participaram da Caminhada da Paz pela Avenida do Cinquentenário, no centro de Itabuna, convocada pelo Grupo de Ação Comunitária (GAC). A maioria delas exibiu botons, adesivos, faixas e cartazes pedindo um basta nesse cenário de horror.

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Jovens foram maioria na caminhada pela paz em Itabuna (Foto Pimenta).

Cerca de 800 pessoas, a maioria estudantes de escolas particulares, percorreram a Avenida do Cinquentenário, centro, na manifestação contra a violência em Itabuna. A Caminhada pela Paz, convocada pelo Grupo de Ação Comunitária (GAC), foi encerrada com ato público na Praça Adami e a oração do Pai Nosso.

Neste ano, o município aparece em 8º lugar no ranking nacional do Mapa da Violência 2012, do Instituto Sangari e Ministério da Justiça. O mesmo estudo mostra Itabuna entre os quatro municípios mais violentos para jovens de até 19 anos em todo o País. O levantamento engloba os 22 anos do Estatuto da Criança e Adolescente.

Para o bispo diocesano Dom Ceslau Stanula, a caminhada pacífica foi um grito silencioso de paz que deve tocar – principalmente – no coração dos jovens que são as maiores vítimas da violência. “Esperamos que este movimento da sociedade chegue à juventude que, em grande parte, está desorientada e sem rumo”.

Segundo o líder católico, “é urgente que as autoridades ajam para criar oportunidades de educação e trabalho. O que pensa um jovem sem aulas na rede pública há 100 dias? Que futuro o espera? Não há outro caminho para a justiça social que não seja pela educação”, comentou.

O presidente do Conselho Municipal de Defesa e Segurança Pública, Washington Cerqueira, também criticou a indiferença dos políticos e a omissão de grande parte da sociedade. “A sociedade civil precisa acordar. Há descrença na política e eventos como esse reforçam a necessidade de sua lutar contra a violência”, declarou.