Walmir Rosário transforma entrevista em aula de jornalismo
Tempo de leitura: 7 minutos

Walmir Rosário é um contador de histórias, no melhor sentido da expressão. Radialista, jornalista, escritor e advogado, faz da palavra instrumento de trabalho. Com cinco décadas na estrada, sua trajetória se confunde com a história recente do jornalismo no sul da Bahia. Tudo começou no rádio. “Por acaso”, recorda Walmir ao PIMENTA. Estreou com participações em programas religiosos da Rádio Sociedade de Feira de Santana, dos Capuchinhos.

Nascido em Ibirataia, em 1950, viveu em Itabuna desde os dois anos. Deixou o município cedo para estudar nos seminários dos Capuchinhos, em Vitória da Conquista e Feira de Santana. Quando a ordem de inspiração franciscana assumiu a Rádio Clube de Itabuna, sob o comando de Frei Hermenegildo, Walmir voltou para a cidade, manteve as participações em programas religiosos e foi contratado pela emissora.

Nos tempos áureos do cacau, integrou a equipe de comunicação da Ceplac. Também apresentou o programa De Fazenda em Fazenda, na Rádio Difusora de Itabuna. Na imprensa escrita, foi editor dos jornais A Região e Agora e repórter do Correio da Bahia – hoje Correio 24h. Prestou serviços, como freelancer, a jornais de Salvador e das regiões Sudeste e Sul do Brasil.

Ainda na comunicação, atuou em campanhas eleitorais e foi assessor e secretário das prefeituras de Itabuna, Ilhéus, Itajuípe, Floresta Azul e Canavieiras. Com a persona de advogado, militou em Itabuna (inclusive, como procurador do município), Ilhéus e Canavieiras, onde mora atualmente.

Já publicou livros como Josias Miguel – 70 anos de história; Crônicas de Boteco, um guia sem ordem; Como sobreviver à pandemia; Os Grandes craques que eu vi jogar – nos estádios de Itabuna e Canavieiras; O Berimbau, valhacouto de boêmios. Tem mais quatro obras no prelo e escreve crônicas semanais no blog que leva seu nome. e que também é reproduzido por este site.

Nesta entrevista ao PIMENTA, Walmir Rosário recupera os grandes nomes das redações grapiúnas e conta momentos pitorescos e tensos que viveu na cobertura da política. Também analisa o exercício da profissão no sul da Bahia e compara a dinâmica entre a sociedade civil organizada e a imprensa nas cidades de Ilhéus e Itabuna. Leia.

PIMENTA – Quais são as características elementares de uma boa história?

WALMIR ROSÁRIO – Todas as histórias são boas, dependendo de como são contadas. Basta ter começo, meio e fim bem definidos que agradará. Claro que um personagem forte, por si só, se garantirá. É preciso que o comunicador compreenda a mensagem que o personagem carrega e a transmita para o texto. O personagem pode ser político, empresário, médico, engenheiro, policial, infrator, cumprindo pena ou não, padre, pastor, ou o chamado “alguém do povo”. Basta que tenha uma história verdadeira para contar. E todas as histórias são boas, volto a dizer, a depender do ponto de vista, pois pouco se conhece da vida de uma pessoa, desde a mais simples até as que ocupam os altos cargos, os poderosos. Cada um tem o que dizer.

E as de um bom narrador?

Saber ouvir, apurar, ter paciência e senso de desconfiança quando não conhece o personagem. Não pode deixar o personagem correr solto, falar à vontade. É bom interromper a entrevista quando acredita que a fala não tem sentido. Se for verdadeira, ele retomará sem problemas. Um bom narrador tem que ter um bom ouvido, anotar tudo que considere importante e, se possível, gravar. Na gravação dá para sentir a emoção do entrevistado, se fala a verdade ou não, a depender da segurança – não confundir com nervosismo. O comunicador tem que ser um profissional especialista em conhecimentos gerais, saber concatenar a história, ligar um fato a outro, conhecer lógica, mesmo de forma rudimentar, e ter raciocínio rápido. É esse feeling que vai tornar a narrativa agradável, texto simples e de fácil leitura, e, sobretudo, verdadeira. E isso é tudo que agradará a um leitor, não importando o seu nível de escolaridade. Escrever para todos é o ideal e mais inteligente.

É possível comparar a qualidade do jornalismo de 40 anos atrás com a do atual? Evoluiu?

Apesar de saudosista, as comparações nem sempre são verdadeiras, pois é preciso situar o tempo, o espaço, os costumes. No século passado, até o início da década de 1950, boa parte dos jornais eram veículos de propaganda de partidos e governo. Em Itabuna este fato está bem documentado por Ramiro Aquino no seu livro De Taboca a Itabuna, 100 anos de jornalismo. A partir de 1960, houve uma mudança na forma da apresentação dos textos e diagramação. Dessa época pra cá muito se falou em jornalismo com isenção, e até que chegou a ser praticado pela direção dos principais veículos, embora muitos pequenos também tenham feito o dever de casa. Do ano 2000 para cá, a militância política voltou em cheio aos meios de comunicação, só que agora com o engajamento da direção.

Falta isenção?

Briguei muito nos veículos de comunicação para manter a democracia, dividindo os espaços com a sociedade. Muitas vezes, fui incompreendido. Cada um tem sua ideologia, mas não pode ser vendida se sobrepondo aos fatos. Se o jornalista quer expressar opinião, que assine seu pensamento. Não pode é influenciar numa matéria substantiva, adjetivando-a, distorcendo os fatos. Há algum tempo os comunicadores se revestem de policiais, representantes do ministério público, juízes, sem os poderes conferidos. Muitas vezes, causam prejuízos irreparáveis e o mea-culpa não é feito com o destaque do dano. Sempre dei espaço a todos os segmentos. Vez ou outra, no mesmo número do jornal, assinava um artigo contrário àquela posição. Então, posso afirmar, houve uma perda de qualidade, embora tenhamos bons veículos e excelentes profissionais.

Poderia citar profissionais em quem se inspirou no jornalismo?

Minha infância e adolescência foi bastante rica na comunicação, pois ouvíamos e líamos grandes profissionais. Em Itabuna, em frente ao Colégio Estadual, ficava a sede do Intransigente, para onde eu ia ver formatar o texto do jornal em tipos frios, conversar com os redatores. No Diário de Itabuna, ainda na Paulino Vieira, ficava horas conversando com Milton Rosário, o editor da época. Na publicidade, me encantava com as sacadas rápidas de Cristóvão Colombo Crispim de Carvalho (CCCC); o mesmo com Nelito Carvalho, os editoriais do poeta santamarense Plínio de Almeida no rádio e nos jornais; o poder da lábia de Titio Brandão, Germano da Silva, Pedro Lemos, Gonzales Pereira, Orlando Cardoso, Geraldo Santos (Borges), Edson Almeida, Iedo Nogueira. E, nos jornais do sul, Carlos Castelo Branco, Nélson Rodrigues, Waldir Amaral, Rui Porto e tantos outros.

O jornalismo do sul da Bahia conseguiu estabelecer identidade e marcas próprias? Ele tem (teve) expoentes no patamar da nossa literatura, por exemplo?

O poeta e escritor Plínio de Almeida é um deles. Alguns jornais, muitos deles de vida efêmera, trouxeram grandes nomes. Um desses veículos foi o SB – Informações e Negócios, uma maternidade do jornalismo e literatura de Itabuna, capitaneado por Nelito Carvalho. Época de Jorge Araújo, Manoel Lins, Hélio e Célio Nunes, Firmino Rocha, Antônio Lopes, Kleber Torres. Quase esqueci de dois monstros sagrados, Telmo Padilha e Hélio Pólvora.

Qual foi o episódio mais pitoresco que viveu na comunicação política?

Walmir relembra episódio pitoresco ao lado de José Adervan

No jornal Agora, fazíamos constantes matérias sobre os serviços públicos nos bairros. Numa delas, recebemos reclamações da Prefeitura de Itabuna, de que não seriam verdadeiras. Como confiava na repórter, resolvi convidar o diretor José Advervan para ir constatar a veracidade. Quando chegamos lá, a situação era pior do que a narrada. Quando voltávamos, Adervan recebeu uma ligação do prefeito para dizer que era tudo mentira, no que o diretor revela que ele estava justamente vindo de lá e que teria comprovado as denúncias já publicadas e outras várias. E tudo acabou em risadas.

Tem mais?

Eu era editor do jornal A Região e repórter do Correio da Bahia. A Região não era bem-vista pelo governo municipal e eu fui atender a um convite da assessoria para elaborar um caderno especial de 32 páginas para a Prefeitura de Ilhéus. Época de festas juninas, inauguração de obras, apresentação de um novo futuro com a vinda de empreendimentos. Cheguei, fui anunciado e me pediram para aguardar numa antessala, até que fosse encerrada uma reunião com os profissionais. De onde eu estava, ouvia tudo que falavam. De repente, o assunto da reunião deles foi a elaboração de um caderno vibrante sobre Ilhéus, que eles comparavam com uma edição de A Região. Isto até que fui visto, quando passaram a esculhambar o jornal A Região. Tranquilo, continuei sentado, aguardando ser chamado para a pauta do especial do Correio da Bahia.

E o momento mais tenso que já enfrentou?

O jornalismo é sempre tenso, desde a entrevista, a apuração, a redação e o fechamento do jornal – escrito, falado e televisado. Imagine quando alguém se sente contrariado em seus interesses. Já recebi a visita de pessoas que já chegam prometendo bater, matar. Como editor, sempre tinha que comprar a briga, por telefone ou pessoalmente. Nunca me intimidei e, de início, busquei uma conversa franca e educada, o que quase sempre conseguíamos.

Já teve ameaça?

Várias. A primeira no caso da venda da Sulba, em que fiz uma série de reportagens para o Agora; de outra feita prometeram me matar quando estivesse em um bar; que poderia ser preso em flagrante por posse de drogas em meu carro. Nesse caso sugeri que melhor seria colocar litros de whisky ou cachaça, do contrário ninguém acreditaria. Mas continuo vivo.

Os movimentos sociais, as entidades de classe e a imprensa de Itabuna têm mais influência nas disputas eleitorais do que em Ilhéus?

Infelizmente, os jornais perderam espaço em Itabuna e Ilhéus. Os que continuam sobrevivem como podem e bem-feitos. Há uma grande diferença na comunicação entre Itabuna e Ilhéus, e uma distinção é a sede dos canais de TV. De certa forma, em Itabuna, a comunicação sempre foi mais incisiva, e as entidades de classe sempre souberam utilizar os veículos de comunicação em causa própria. Esse poder ficou maior com as mídias sociais, de maior agilidade e sem filtros. Os políticos que sabem interagir com a dita imprensa e as redes sociais levam grande vantagem. Mas, nos últimos anos, Ilhéus avançou no poder da mídia tradicional e da rede social, não só com as notícias corriqueiras, como também das analíticas, influenciando mais eleitores. Desde os anos 1980 que o sociólogo Agenor Gasparetto costuma dizer que a eleição em Ilhéus é decidida um ano antes. Como exemplo mais antigo, a eleição de Valderico Reis, em 2004. Duas cidades, pesos diferentes, mas que passam a ficar com a mesma cara, pelo trabalho de alguns dos comunicadores ilheenses.

Tempo de leitura: 4 minutos

Abstêmio há anos, Robson participava da farra beliscando um tira-gosto e fazendo o que herdou do pai: tirar fotos, as quais eram imediatamente postadas nas redes sociais.

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Nesses últimos dias o Pai Criador de todas as coisas deste mundo tem chamado para perto de Si uma turma boa, daquelas que já começaram a fazer muita falta aos amigos que deixaram aqui na terra. Toda a nossa amargura se reverterá na eterna – enquanto dure – saudade, pois temos que reconhecer a sabedoria Divina nas sábias escolhas que sempre faz.

Devem ter cumprido suas missões aqui pelo mundo terreno e, quem sabe, chegou a hora de darem uma mãozinha ao Criador na infinita missão de tornar melhor a humanidade, atualmente tão afastada da espiritualidade. Enquanto o materialismo campeia a passos largos, cada um segue caminhos mais que diferentes, antagônicos, em que vale mais a obediência à ideologia sectária, opressiva, que dispõe do homem apenas e tão somente como um objeto de dominação do Estado.

Em menos de um mês perdemos aqui no Sul da Bahia três pessoas que sempre foram além da conta, como o padre João Oiticica (28 de abril), um missionário que levava o nome de Deus aos ilheenses. Problemas renais o tiraram deste mundo e sequer pode receber as últimas homenagens do rebanho que apascentou por anos a fio e que lhe devotavam muito respeito e admiração.

Em pouco mais de duas semanas recebemos com pesar a notícia da morte do Bispo Emérito de Itabuna, Dom Czeslaw Stanula, acometido de pneumonia, chicungunha e neoplasia da próstata. De origem polonesa, Dom Ceslau (como passou a ser chamado) viveu as dificuldades em sua terra massacrada pela guerra e o domínio comunista e dedicou sua vida a fazer o bem à humanidade.

Em Itabuna, onde chegou em 1997, encontrou parte da diocese desviada de sua finalidade, descuidando das coisas de Deus e privilegiando sobremaneira a política partidária. Com muita sabedoria soube separar o que era de Cesar e o que era de Deus, retomando os ensinamentos de Jesus Cristo, de forma apostólica para promover a salvação do homem.

Figura carismática, Dom Ceslau pacificou ânimos com sua sabedoria. Ao entrevistá-lo, convidei-o para escrever um artigo semanal no jornal Agora, do qual era o editor, sobre assuntos litúrgicos e da Igreja, de forma geral. A cada semana nos brindava com grandes peças sobre a fé, lidos e debatidos pela comunidade católica com grande repercussão no Sul da Bahia.

Muitas das vezes, quando não recebia o e-mail no prazo do fechamento, nos comunicávamos e o encontrávamos em vários países dos diversos continentes pregando missões, embora aqui pouco soubéssemos do conceito internacional que gozava. Nos bate-papos descontraídos, quando eu comentava sobre meus tempos de seminarista capuchinho e que poderia lhe dar trabalho hoje caso tivesse me ordenado, dizia de forma risonha: “Meu filho, Deus é muito sábio e me poupou desse contratempo”.

Nesta terça-feira (19), recebo um telefonema de minha amiga jornalista Maria Antonieta (Tonet) informando da morte do amigo Robson Nascimento, com o diagnóstico de ter contraído o vírus Covid-19. Robson era um daqueles amigos inseparáveis e nos falávamos cerca de três vezes por dia, a última ligação no dia 7 de maio, quando se queixou de uma gripe e tosse – não a seca – que lhe estava causando dores de cabeça.

Recomendei sua transferência para a casa de praia, onde poderia caminhar diariamente nas areias da praia dos Lençóis e fortalecer o corpo e o espírito, notadamente o pulmão, órgão sensível ao vírus. Embora fosse ele que estivesse acamado, manifestava a toda hora os cuidados que eu e minha mulher deveríamos tomar para não ser infectado e recomendava: “Muito cuidado, não saia de casa!”. Outros telefonemas não foram atendidos, pois já se encontrava internado e eu não sabia.

Robson é meu companheiro de lutas jornalísticas desde a década de 1980, quando viajava a Bahia inteira e trazia dezenas de fitas com entrevistas e reportagens para darmos o texto para o jornal Agora. No Correio da Bahia, do qual foi chefe da sucursal de Itabuna, cobríamos o Sul, Extremo Sul e Baixo Sul da Bahia para a publicação diária e o caderno Sul da Bahia, onde fiz reportagens memoráveis, com magníficas fotos dele.

De volta do Paraná e Santa Catarina, fui convidado a elaborar o projeto para transformar o semanal jornal Agora em diário, e Robson foi uma das pessoas que pedi a contratação para a direção comercial. Assim, fortaleceríamos as vendas e a torcida do Botafogo – apenas eu e Joel Filho contra os flamenguistas Kleber Torres, José Adervan e Antônio Lopes.

Edição de fim de semana fechada com mais de 100 páginas, a sexta-feira do Agora se tornou famosa pelo encontro etílico semanal na sala do presidente Adervan – dividida com Robson –, local dos comes e bebes. Abstêmio há anos, Robson participava da farra beliscando um tira-gosto e fazendo o que herdou do pai: tirar fotos, as quais eram imediatamente postadas nas redes sociais.

Por falar em encontros, fico meio ressabiado com nossos almoços promovidos pelo último grande anfitrião de Ilhéus, Carlos Farias Reis, recentemente desfalcado pelo padre João Oiticica, encarregado das orações com os pedidos de que nunca faltassem recursos e vontade de novos convites. Agora, teremos sentiremos a falta do nosso fotógrafo oficial e motorista da vez, dada sua condição de abstêmio.

Rogo a Deus que sensibilize nosso anfitrião Carlos Farias a realizar mais um almoço, desta vez para relembrarmos e homenagearmos os ausentes fisicamente José Adervan, padre João Oiticica, Robson do Nascimento, Moreia, Djalma Eutímio, dentre outros. Prometo que chegarei o mais cedo possível para ajudar a transportar a mesa da diretoria, na qual terei o merecido assento.

O tempo Urge!

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Robson Nascimento faleceu nesta terça, em Itabuna
Tempo de leitura: 2 minutos

Por Walmir Rosário 

Faleceu nesta terça-feira (19) Robson Aguiar do Nascimento. Ele se encontrava internado no Hospital Calixto Midlej Filho, na Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, acometido do vírus Covid-19.

Natural de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais, Robson Nascimento mudou para a Bahia no final da década de 1970, residindo em Salvador e em Feira de Santana. Em 1993 mudou-se definitivamente para Itabuna.

Na década de 80 trabalhou no comercial do jornal Agora e editou o Jornal Interbahia. Em seguida se transferiu para o Correio da Bahia e permaneceu como o chefe da sucursal de Itabuna, responsável por todo o sul, extremo-sul e baixo-sul.

No Correio da Bahia estimulou a criação de um caderno regional, o Sul da Bahia, de circulação quinzenal e com cobertura de toda a região, veículo que se tornou líder de vendas nas principais cidades da região.

Também atuou na TV Santa Cruz, de Itabuna, no departamento de Marketing e Comercial, desbravando novas fronteiras de mercado. Após deixar a Rede Bahia foi cuidar dos negócios pessoais.

Na década de 2000 retornou ao jornalismo – sua grande paixão – no jornal Agora, no cargo de diretor comercial e responsável pelos clientes do setor governamental, onde trabalhou até final de 2017/2018.

Recentemente, voltou a se dedicar aos negócios particulares e se dividia entre Itabuna e sua casa de veraneio na praia dos Lençóis, em Una. Entre os projetos que planejava, selecionar e catalogar todo o material jornalístico e fotográfico de sua coleção.

PROFISSIONALISMO

Fotógrafo (como o pai), jornalista, publicitário, comercial e bacharel em Direito, exerceu essas profissões com muita paixão e colecionou muitas amizades por onde passou, dentro e fora das empresas em que trabalhou.

Após pouco mais de uma semana internado acometido pelo Covid-19, deixa viúva, filhos e netos e uma legião de amigos. Conforme o protocolo do Ministério da Saúde, aos amigos não será permitido acompanhar o sepultamento, no cemitério do Campo Santo, em Itabuna, em horário ainda não agendado.

Tempo de leitura: 2 minutos

Adroaldo Almeida | adroaldoalmeida@hotmail.com
 
 

O certo é que a crítica “republicana” de Aninha não se interessa pela atuação dos atores e diretores a quem o PT combate. Pelo visto, nem com duas batidas de Molière ela acertaria o fim do espetáculo dos vampirões que tomaram o país.

 
Vez por outra Aninha Franco tenta falar sobre política em seus artigos, mas o que sempre sai é um arremedo de crítica monotemática, repetidamente contra o PT e seus dirigentes, como agora nesse burlesco “A dramaturgia de Jaques Wagner”. Ao que parece, Aninha, a escritora e dramaturga, acha que pertence a uma categoria que chegou ao Planeta para atacar os que pensam diferente dela, inclusive em questões de estética, arquitetura e decoração de interiores. Preconceituosa e enviesada, sugere que a esquerda deve morar para sempre na Cabana do Pai Tomás.
Outro desencontro da personagem política de Aninha é se valer de um jornal, o Correio da Bahia, notório adversário e inimigo imperdoável de Wagner por ter infligido a maior e mais humilhante derrota aos seus proprietários em 2006. Assim fica fácil. Isso é sabujice do pior teatro serviçal.
Neste Brasil véi sem fronteira, muita gente faz teatro como Aninha; alguns, inclusive, a favor dos poderosos; outros, na trincheira da vanguarda contra o atraso; porém há aqueles que não são nem uma coisa nem outra, mas personagens de si mesmos, e escrevem repetitivos monólogos enfadonhos que adormecem a plateia.
Agora, tudo indica, suponho, que Aninha premiada roteirista, não entende patavina de cinema. Pois quando Geddel apareceu chorando diante de um juiz federal em cadeia nacional do JN da TV Globo, Aninha nada falou. Nem, tampouco, quando Rocha Loures foi flagrado correndo, numa cena de perseguição à noite pelas ruas do Rio de Janeiro. Também se calou quando um avião, pertencente ao Senador Perrela, foi filmado pousando no Espírito Santo com meia tonelada de cocaína pura. Ou, quem sabe, ela não aprecie as produções de “terrir” (o terror cômico dos filmes B).
Quem sabe?
O certo é que a crítica “republicana” de Aninha não se interessa pela atuação dos atores e diretores a quem o PT combate. Pelo visto, nem com duas batidas de Molière ela acertaria o fim do espetáculo dos vampirões que tomaram o país.
Adroaldo Almeida é advogado e ex-prefeito de Itororó.

Tempo de leitura: < 1 minuto

A briga dos jornais impressos em Salvador é instigante em tempos de fechamento de publicações tradicionais em todo o país. Hoje, o jornal A Tarde publicou resultado de pesquisa Target Group Index, do Ibope, que o coloca na liderança entre os impressos na Região Metropolitana de Salvador.
De acordo com os dados divulgados, o diário mais tradicional do Estado tem 453 mil leitores na RMS, enquanto o principal concorrente – Correio da Bahia, que passou a ser chamado apenas de Correio em 2008 – alcançou 388 mil.
O crescimento em relação a igual período do ano passado atingiu 34%, segundo a publicação. A pesquisa foi feita no período de fevereiro e agosto.
Os dados também refletem uma briga (das boas) entre A Tarde e Correio, que remonta a 2008, quando a publicação da Família de ACM decidiu reformulá-lo, levando às ruas um jornal em formato tabloide.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Dalva parece ter perdido o interesse, após eleições na Bahia (Reprodução).
Dalva parece ter perdido o interesse, após eleições na Bahia (Reprodução).

Dalva Sele Paiva, personagem que sacudiu a política baiana na reta final do primeiro turno das eleições estaduais, sumiu. O Ministério Público da Bahia cogita conduzi-la de forma coercitiva (acionando a polícia, pois) para que ela apresente as provas que, antes do abrir das urnas, disse possuir e atingiria, dentre outros, Rui Costa, governador eleito.
Antes falante, Dalva não mais liga para o Ministério Público nem dá entrevistas para veículos de comunicação, como o Correio da Bahia, da família do prefeito ACM Neto (Salvador).
A promotora de Justiça Rita Tourinho disse ter recebido um último contato de Dalva faz algum tempo. A dirigente da ONG informou que constituiria advogado e que o profissional procuraria o MP. Até agora, mais de um mês depois das denúncias da ex-presidente do Instituto Brasil, nada de advogado.
Estarrece o fato de Dalva citar tantas pessoas e, por enquanto, ter apresentado documentos que – nem de longe, segundo entrevista de Tourinho ao Bahia Notícias – confirmam a versão da dirigente, conforme a promotora. A denúncia de desvios para ajudar petistas foi amplamente explorada pela Revista Veja, veículos da Família de ACM Neto e pela campanha do candidato derrotado do DEM ao governo baiano, Paulo Souto.

Tempo de leitura: < 1 minuto

A criatividade no design das primeiras páginas já rendeu prêmios internacionais ao jornal Correio da Bahia. Hoje, a publicação mandou uma daquelas páginas que explicam um pouco da crise do Esquadrão de Aço.
Na gestão do ex-deputado Marcelo Guimarães Filho, o MGF, o Bahia pagava viagens, hospedagens e “aquele abraço” a jornalistas e radialistas. Eis a obra de arte de hoje, uma fusão da palavra jabá (jabaculê) e Bahia. Sem abrir mão das cores do clube de maior torcida do estado.

correio da bahia capa 12.03

Tempo de leitura: 2 minutos

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

Os brutos também choram. Leonelli, apesar de toda a brutalidade política, não conteve as lágrimas ao ouvir de um correligionário que aquilo era “armação”.

Começo pelo cenário político baiano na época: em abril o vice-governador Otto Alencar tomou posse substituindo César Borges, que renunciou para candidatar-se ao senado. Antônio Carlos Magalhães estava desempregado.  Renunciou ao mandato por causa da sua estripulia no Senado, a fraude no painel de votação. Candidatou-se novamente.

O PSB lançou Itaberaba Lyra ao governo, Ruy Corrêa (Senado), Domingos Leonelli (deputado federal) e Lídice da Mata à reeleição na Assembléia Legislativa. Anthony Garotinho (PSB) era candidato à presidência da República e precisava de um palanque na Bahia, por isso entrou em contato com o presidente da legenda Domingos Leonelli.

O ASSALTO

Depois de combinar por telefone com Garotinho, Leonelli voou ao Rio para buscar a primeira parcela do dinheiro da campanha. No retorno, pegou seu carro, foi à casa de uma amiga com a pasta com o dinheiro debaixo do banco e, em seguida, para sua residência no Rio Vermelho. Lá estavam, dentre outras pessoas, a deputada Lídice da Mata e  Geovan, do PSB de Vitória da Conquista. Quando acabou de entrar , um grupo invadiu a casa e anunciou o assalto, levando toda a grana.

Os brutos também choram. Leonelli, apesar de toda a brutalidade política, não conteve as lágrimas ao ouvir de um correligionário que aquilo era “armação”.  A hipótese foi rechaçada pela direção do partido. Ele concedeu entrevistas e o fato foi noticiado pelos principais veículos de comunicação.

RESULTADO DAS ELEIÇÕES

Lula foi eleito presidente, Paulo Souto derrotou Jaques Wagner, Antônio Carlos e César Borges se elegeram, Lídice da Mata se reelegeu e Leonelli não conquistou a cadeira na Câmara. O advogado itabunense Ruy Corrêa obteve 85 mil votos, ficando em quinto lugar entre os nove candidatos ao senado.

QUESTÕES INTRIGANTES

Os ladrões nunca foram descobertos e alguns fatos chamaram a atenção. Por exemplo, eles entraram perguntando onde estava a pasta com o dinheiro. Logo após o assalto, Leonelli declarou nas entrevistas que a pasta tinha dez mil reais. Os jornais A Tarde e Tribuna da Bahia e outros veículos publicaram esta versão. Mas o Correio da Bahia publicou 190 mil. Chegou bem próximo. Na verdade havia 210 mil reais.

2002 foi um ano “quente” na política baiana. De março a setembro, houve um festival de grampos telefônicos clandestinos. O esquema era operado por pessoas da Secretaria de Segurança Pública. Foram grampeados 190 números de telefones dos desafetos de Antônio Carlos Magalhães.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Alexandre Lyrio, do Correio da Bahia, é dono de belo texto e usou a sua criatividade para presentar os leitores do seu blog, Moqueca de Fatos, com uma entrevista diferente com o governador reeleito Jaques Wagner. Abaixo, as perguntas possíveis e, ao final, o link para você saber o porquê da (constante) interrupção do diálogo.
Governador. Quem ganhou a eleição no estado? O senhor ou Lula?
– Olha, isso é jogo de palavra de quem perdeu. O meu adversário tem que entender que…
Governador, os 20 milhões de votos de Marina vão para quem?
– Olha, voto não tem dono. Eu acho que…
Confira a íntegra aqui