Não reivindico imparcialidade, mas a distância necessária para dosar a empatia com desconfiança e a antipatia com escuta atenta.
Thiago Dias
Quando ingressei no curso de Comunicação Social da Uesc, em 2007, não sabia que profissão seguir. Foi uma escolha por exclusão das ciências exatas e por alguma afeição à escrita, mas não pensava em jornalismo. Só depois de formado tive o primeiro contato com o ofício, no Blog do Gusmão, onde trabalhei por cinco anos e me profissionalizei.
Herdei de meus pais, Dagmar e Luís, duas características elementares para o jornalismo, o gosto por ouvir e contar histórias e a honestidade. Ser honesto é pressuposto do relacionamento jornalístico com as pessoas e do esforço para diminuir ao máximo a distância intransponível entre a informação e o fato reportado. Aquilo que se pode chamar, num pleonasmo, de realidade factual.
É o compromisso reiterado com a apuração da notícia que torna o repórter e o veículo de imprensa credíveis. Eis a matéria-prima da construção e manutenção da credibilidade do emissor em um contexto de circulação acelerada de informações e opiniões.
Não reivindico imparcialidade, mas a distância necessária para dosar a empatia com desconfiança e a antipatia com escuta atenta. A busca desse equilíbrio reduz, de um lado, os pontos cegos do olhar emotivo e, de outro, permite a abertura para um diálogo capaz de rechaçar um preconceito injusto ou de reafirmar uma posição crítica.
Essa é das lições mais exercitadas nos meus três anos e três meses neste PIMENTA. Na redação, o convívio com os jornalistas Ailton Silva e Davidson Samuel é fonte de aprendizagem diária. Nos seus textos, aprendi a admirar o rigor descritivo e a frase curta e direta como expressões sofisticadas da clareza a serviço da notícia.
Além das lições, o PIMENTA também me abriu portas valiosas, como a do Jornal das Sete, da Morena FM 98.7, rádio dirigida pelo jornalista Marcel Leal, com quem divido a redação do informativo, que vai ao ar de segunda a sexta, às 18h40min. Ilheense, quis o destino me abrigar em dois veículos na cidade vizinha, apresentando-me, ainda que de forma mediada, uma Itabuna que eu não conheceria se não fosse o jornalismo.
Está aí um presente que a profissão me deu em 11 anos de estrada. Descobri uma Itabuna de forte presença das associações civis e da imprensa como forças de pressão organizada e de dinamismo político. Quando compartilho essas impressões com amigos itabunenses, boa parte deles diz que estou superestimando o verde da grama da casa vizinha.
Será? Penso que não, especialmente por causa do papel relevante que vejo a imprensa exercer no debate público de Itabuna – um autoelogio que o Dia do Jornalista, comemorado neste domingo (7), nos autoriza a cometer.
Thiago Dias é repórter do PIMENTA e do Jornal das Sete (Morena FM 98.7).