Transformar a leitura em um momento prazeroso para as crianças pode ser a chave para a formação de jovens e adultos leitores. No 12 de outubro, que marca o Dia Nacional da Leitura e Dia da Criança, especialistas e professores ouvidos pela Agência Brasil avaliam que a leitura não pode ser encarada como uma obrigação e a participação da família desde cedo pode ser decisiva nesse processo.
Com 25 livros infantis publicados e mãe de três filhos, a escritora Alessandra Roscoe diz que uma relação prazerosa das crianças com a leitura é a principal forma de aproximar os pequenos dos livros. Alessandra conta que já lia para os filhos antes mesmo de eles nascerem, quando ainda estava grávida.
“Você cria um vínculo afetivo, uma relação muito mais forte, com a voz da mãe, do pai, com quem quiser ler em voz alta para a barriga. A criança estimulada a encontrar o livro desde cedo tem uma relação prazerosa com a leitura, e não uma relação de obrigação, não uma coisa chata”, diz.
Alessandra faz uma crítica aos pais que “escondem” os livros dos filhos. Para ela, os livros precisam ficar ao alcance das crianças. “A criança tem que ter acesso, tem que poder manusear. Não adianta ter aquele livro na última prateleira da estante, dizer que tem livros infantis maravilhosos, mas não ler com o filho”, argumenta.
A socióloga Zoara Failla, do Instituto Pró-Livro, também defende que transformar a leitura em um momento de reunião com a família é um passo importante na formação de novos leitores. “É fundamental que a família dê o exemplo. Quando você lê para crianças, em momentos lúdicos, cria na memória dessa criança algo afetuoso”.
Zoara, que também coordena a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, defende a importância de se presentear a criança com livros como forma de criar gosto pela leitura. Segundo a pesquisa, 88% daqueles que gostam de ler ganharam livros em algum momento da vida.
“A criança que ganha um livro vê que aquilo é importante. Quando a criança está alfabetizada, a leitura contribui para o vocabulário, para a melhora da capacidade da escrita. É principalmente por meio da leitura que a criança tem acesso ao conhecimento, à cultura, o que é muito importante para a formação desses cidadãos”, defende.
A leitura mediada é a base do projeto Roedores de Livros, no Distrito Federal. A iniciativa, coordenada pela professora Ana Paula Bernardes, promove leituras em grupo com crianças de 5 a 14 anos, além de funcionar como uma biblioteca.
“A gente conquista uma criança lendo para ela. Ela sente muito prazer em estar junto a um adulto, em alguém estar lendo com ela.”
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