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João Victor HaunJoão Victor Haun | [email protected]

Algumas dessas bactérias produzem toxinas que nem mesmo a fervura é capaz de destruí-las. E aí nem adianta cozinhar bem. É correr pro sanitário e rezar para os orixás para que não passe de uma dor de barriga.

Com a chegada do verão, o clima de férias toma conta das ruas.
Nas avenidas, nas praças, nas praias, as pessoas se refrescam à base de sucos, refrigerantes, sorvetes e consomem alimentos que são a cara da estação, como acarajé, queijo coalho e outros quitutes da deliciosa culinária baiana.
Esses alimentos, além de muito saborosos, podem ser muito perigosos para a saúde. Mas não é por causa das calorias do dendê, muito menos da tão maléfica gordura trans. As DTAs – Doenças Transmitidas por Alimentos são uma das principais causas de intoxicação nessa época do ano.
Essas tentações da culinária, normalmente comercializadas por ambulantes, escondem dois grandes perigos: a procedência da matéria-prima e as mãos (nem sempre limpas) que as preparam. Essa contaminação leva à proliferação de vários microrganismos nocivos à saúde, como salmonela, estafilococos e coliformes.
Algumas dessas bactérias produzem toxinas que nem mesmo a fervura é capaz de destruí-las. E aí nem adianta cozinhar bem. É correr pro sanitário e rezar para os orixás para que não passe de uma dor de barriga.
O verão aquece o comércio e as vendas desses produtos, mas evidencia a falta de preparo na produção de alimentos em condições higiênico-sanitárias, muitas vezes impróprias, para o consumo pela população. Preparar alimentos com qualidade requer muito mais do que a lavagem das mãos.
Outro problema encontrado em nossa região, são estabelecimentos que desligam os refrigeradores à noite, acelerando o processo de decomposição dos alimentos, mesmo quando pasteurizados e acondicionados em embalagens herméticas.
Em relação ao consumo da água, existem muitos estabelecimentos que misturam água potável à água de poço, na maioria das vezes contaminada por fossas de esgoto doméstico ou por materiais químicos e orgânicos presentes no solo.
Ser insípida, incolor e inodora são características que, infelizmente, não garantem a qualidade da água. Exemplo disso é uma fonte às margens da rodovia Ilhéus-Itabuna, no Banco da Vitória, onde uma fila de veículos se forma para pegar uma água com as propriedades acima, porém comprovadamente contaminada, conforme análises realizadas em laboratório.
Portanto, caros leitores, todo cuidado é pouco. Exija do estabelecimento um programa de controle de qualidade dos alimentos. Peça  um laudo da qualidade da água. Para o consumidor não custa nada. Para o estabelecimento é uma obrigação.
Se mesmo com todas essas dicas você for vítima de água ou alimento contaminado, procure atendimento médico e não esqueça de avisar à vigilância sanitária.
João Victor Haun é biomédico sanitarista do Laboratório Cenic.