O recuo de Torquato se deu em decorrência de que sua decisão seria vista como uma represália. Mas a vontade de “enquadrar” a Polícia Federal continua acesa. A desforra também.
A Polícia Federal tem demonstrado que não se deixa levar pelos governantes de plantão. Sua atuação é a prova inconteste de que vem se comportando com independência e firmeza.
A PF é vinculada ao ministério da Justiça. Muitos operadores do Direito, incluindo aí juristas renomados, comungam com a opinião de que a instituição deve ser autônoma.
O órgão já efetuou várias prisões de políticos de diversos partidos, até de parlamentares próximos do presidente da República. Fez isso nos governos de Lula, Dilma e agora no de Temer.
Até que tentam acabar com essa ousada “autonomia” da Polícia Federal. Só não fizeram ainda porque sabem do conceito que a instituição tem na sociedade, deixando o Congresso Nacional e o Executivo lá atrás, tomando poeira.
O atual ministro da Justiça, Torquato Jardim, andou ensaiando uma mudança na estrutura da PF, inclusive querendo substituir Leandro Daiello, diretor-geral.
Torquato Jardim teve que recuar. A exoneração de Daiello seria interpretada como uma interferência no âmbito da Operação Lava Jato, principalmente depois que a PF apontou o presidente Michel Temer como figura maior do “quadrilhão” do PMDB na Câmara dos Deputados.
O recuo de Torquato se deu em decorrência de que sua decisão seria vista como uma represália. Mas a vontade de “enquadrar” a Polícia Federal continua acesa. A desforra também.
Marco Wense é editor d´O Busílis.