A busca pela reinvenção em plena pandemia fez o empresário sul-baiano Loyola Neto encontrar uma solução eficaz para ambientes fechados que possuem aparelhos de ar-condicionado. Ele criou a startup Salvar, por meio da qual lançou um filtro capaz de reduzir em 99,9999% a carga viral, incluindo o coronavírus, presente em ambientes fechados.
A própria sede da empresa, localizada no bairro do Uruguai, em Salvador, já indica a utilização do material, com um adesivo colocado no aparelho de ar-condicionado, informando que o ambiente é seguro.
O filtro teve eficácia comprovada de até 80% na redução de fungos e bactérias. O acessório é de fácil uso e manuseio e pode ser instalado em praticamente todos os aparelhos. Seu funcionamento ocorre como uma barreira filtrante do fluxo de ar no ambiente que retém agentes infecciosos virais e bacterianos, controlando dessa forma a disseminação de partículas contaminadas através do sistema de climatização.
O projeto faz parte de uma parceria do empresário com o Senai/Cimatec, contando ainda com apoio de produção e upcycling das empresas Loygos e Ecoloy, também comandadas por Loyola, e com o incentivo da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e do Sebrae.
O filtro é um equipamento de proteção coletiva para climatizadores (EPC), e é mais um grande passo na luta contra o coronavírus, já que mesmo com o avanço das vacinas, as medidas de proteção e higienização ainda precisarão ser continuadas.
TRAJETÓRIA
Mas, até chegar a essa importante solução em meio à pandemia do novo coronavírus, Loyola acumula uma ampla experiência de vida empresarial. Nesse trajeto, conforme ele mesmo conta, o Sebrae foi presença constante. “Eu me considero uma ‘cria’ do Sebrae”, brinca.
Loyola saiu de Ubaitaba, no sul da Bahia, aos 14 anos, para estudar em Salvador. Seu talento para matemática, descoberto pelo pai, dono de uma farmácia na cidade natal, permitiu que o ainda estudante ganhasse dinheiro dando aulas particulares.
Cursando a faculdade de Química, Loyola teve o primeiro estalo para empreender. Um amigo, que iria virar seu sócio, contou que produziu 100 camisas para a faculdade e faturou R$ 1 mil. “Tinha que dar muita aula para chegar a esse valor”, lembra. Foi aí que Loyola procurou o Sebrae para saber o passo a passo de montar uma empresa. Era o ano de 1995. “Fiz todos os cursos possíveis no Sebrae. Vivia na biblioteca e aprendi muito por lá”.
E, como todo empreendedor, Loyola vive os momentos de altos e baixos. “A Loygos chegou ao auge e foi quase a falência. Há 17 anos, assumi a parte do meu sócio e comecei a perceber que a indústria de confecção era algo muito tradicional e eu precisaria me reinventar. Voltei ao Sebrae em busca de novos conhecimentos”.
Nesse período, Loyola buscou formas de aproveitar o resíduo de tecido que era descartado na sua produção. As orientações que adquiriu no Sebrae contribuíram para que o empresário desse um próximo passo, que foi a criação da startup Ecoloy. “O objetivo da Ecoloy é a transformação do resíduo, do início até o final da cadeia”, explica o empresário, acrescentando que a startup, criada em janeiro de 2019, foi reconhecida como a segunda pequena indústria mais sustentável da Bahia.
O coordenador de Indústria do Sebrae Bahia, Tércio Calmon, reforça essa relação de longa data de Loyola com a instituição. “São mais de 20 anos de atendimento, sendo que Loyola passou por todas as áreas e consultorias possíveis, incluindo as áreas de inovação e tecnologia, pelo Sebraetec, produtividade, e gestão empresarial, passando pela parte de finanças”.
Loyola já foi atendido também projetos setoriais de Indústria, Moda, Vestuário e Confecção no Sebrae Bahia. Tércio destaca que uma das contribuições mais estratégicas, nesse período, foi na área de mercado, por meio da qual o empresário participou de diversas missões técnicas. “É muito gratificante, enquanto representante do Sebrae, ver o crescimento de um empresário e de sua empresa”, conclui o coordenador.
REINVENTAR-SE
A pandemia obrigou o empresário, mais uma vez, a se reinventar. “Cerca de 60% do nosso faturamento vinha de eventos, festas, confecção de abadás para o Carnaval. Ou seja, precisamos mudar nosso posicionamento de mercado”. Primeiro, vieram as máscaras. Loyola chegou a se juntar com outros quatro empresários e formou a Central das Máscaras, que produziu o equipamento para a Embasa e Polícia Militar, entre outros órgãos e instituições.Leia Mais