O governador Rui Costa (PT) criticou o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de desvincular da inflação o reajuste anual do salário mínimo, das aposentadorias e dos benefícios previdenciários, caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito no próximo domingo (30). A proposta do ministro veio a público, na semana passada, em reportagem da Folha de S. Paulo.
“Isso é um absurdo do governo federal, do Guedes, do Bolsonaro, de arrochar não só o salário mínimo. Ele quer arrochar os salários dos aposentados do Brasil. Não reajustar o salário dos aposentados, o salário mínimo [pela inflação], significa arrochar o salário dos pobres aposentados, que usam o dinheiro para sobreviver, dos velhinhos aposentados. Isso mostra a crueldade que eles estão preparando para depois da eleição”, declarou Rui Costa ao PIMENTA durante entrevista em Ilhéus.
Após a repercussão negativa do vazamento do plano, Paulo Guedes afirmou que o salário mínimo e as aposentadorias serão reajustados acima da inflação, se Bolsonaro for reeleito. Disse até que a medida pode gerar aumento real. Nos últimos três anos, o salário mínimo e as aposentadorias não tiveram correção acima da inflação.
O ministro Paulo Guedes costuma usar a imagem da recuperação em “V” para ilustrar a promessa de que a retomada da economia nacional será tão arrebatadora que poderá ser representada pela letra V num gráfico, ou seja, por uma trajetória de queda vertiginosa seguida de crescimento acelerado. Com PIB (produto interno bruto) miado, inflação acima de dez dígitos, 14 milhões de desempregados e outros 40 milhões de compatriotas no mercado informal, a realidade brasileira debocha das previsões do dono da Dreadnoughts, offshore revelada por um consórcio internacional de jornalismo investigativo.
Apesar dos indicadores macroeconômicos do Brasil de Bolsonaro, a retomada pós-pandemia é favorável para quem fatura com o dólar em alta, a exemplo da cadeia de serviços ligada ao turismo interno. O caso de Itacaré, no sul da Bahia, ajuda a demonstrar os efeitos positivos do dólar alto para o mercado turístico no Brasil, favorecido também pelo fato de que a pandemia de covid-19 inibiu e encareceu as viagens ao exterior, com seus ritos custosos de quarentena.
Nesta segunda reportagem da série sobre a retomada do turismo na Costa do Cacau, o PIMENTA mostra o clima de otimismo dos atores do principal motor da economia itacareense, comemorando números dignos da propalada recuperação em “V”.
“TIVE O MELHOR SETEMBRO DA HISTÓRIA DA POUSADA”
Geraldo Sobral gerencia as reservas da Vila do Dengo, em Itacaré, e acabou de registrar os melhores resultados para o mês setembro. “Tive o melhor setembro da história da pousada!”, escreveu o gerente, em conversa via aplicativo de mensagens com o PIMENTA.
A pousada superou as taxas de ocupação do período anterior à pandemia. Segundo Geraldo, em setembro de 2019, a taxa média de ocupação da Vila foi de 44,68% e de 16,90 no mesmo mês de 2020. O último mês de setembro bate na soma das duas taxas: 75%.
O gerente não tinha em mãos os dados sobre as reservas para o final de ano, porque a pousada terceirizou as vendas, que são feitas pela Injoy, parceira da festa Réveillon Nº 1. No entanto, até setembro, a Vila do Dengo já havia reservado 50% das acomodações para o período da virada.
As vendas também estão em alta no Vila Barracuda Boutique Hotel. Consultado pelo PIMENTA, o recepcionista Miguel Gomes informou que a hospedaria não tem mais vagas para os meses de novembro e dezembro de 2021.
PREFEITURA E TRADE INVESTEM EM CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL, DIZ SECRETÁRIO
O secretário de Turismo de Itacaré, José Alves, associa os bons resultados do segmento ao nome tradicional da cidade – como destino de pessoas de todo o mundo – e ao trabalho do trade turístico em parceria com a gestão municipal. Segundo o gestor, o Festival de Sabores de Itacaré, que iniciará sua 8ª edição na próxima quinta-feira (14), é outra atração para os visitantes.
– A gente trabalha nisso desde junho, quando cheguei na Secretaria. Nos preocupamos em ter uma infraestrutura melhorada para recepcionar o turista, desde o ordenamento das praias – limpeza e outros serviços que envolvem outras secretarias – à capacitação dos profissionais. Capacitamos guias, condutores e todos os trabalhadores das praias rurais. A capacitação de que falo vai da técnica ao atendimento emocional, para atender qualquer pessoa, independente de gênero, cor, enfim, sem discriminação. Também foram capacitados para o manuseio de alimentos, dos resíduos sólidos e líquidos. Tudo foi feito em parceria com a Associação dos Guias e Condutores, o Sindicato Patronal e a Associação dos Cabaneiros – explica o secretário.
A HIPÓTESE DA COMUNICAÇÃO SANITÁRIA
Pouca gente conhece mais a dinâmica do turismo de Itacaré do que Paulo Roberto Ferreira, 60. Um dos pioneiros da comunicação institucional em vídeo no sul da Bahia, ele deixou a empresa Vídeo Life em Ilhéus para morar nos domínios do capitão do mato, pássaro territorialista que encontra na Reserva de Itacaré um dos seus últimos refúgios na Mata Atlântica.
Paulo administra a RPPN, Reserva Particular do Patrimônio Natural, e suspendeu as visitas ao lugar desde a chegada do novo coronavírus à região, marcada pelo casamento de Marcelo Bizerra com Marcella Minelli no Txai, um dos resorts mais luxuosos do país.
Enquanto não retoma as visitas de grupos escolares à reserva florestal, ele se dedica exclusivamente à corretagem de imóveis. Conforme sua hipótese, a demanda por casas de temporada em Itacaré cresceu no embalo do arrefecimento da pandemia, mas teve a ajuda de uma bem-sucedida comunicação sanitária, iniciativa da Prefeitura abraçada pelo trade.
– Todos nós vendíamos Itacaré como um lugar seguro contra a covid-19, porque Itacaré tinha aquela pegada da Prefeitura, de ter a segurança de manter os hóspedes no mínimo de contato possível. As ruas de Itacaré tinham os lavatórios de mão. Aconteceu de tal forma que Itacaré pegou esse gancho e explodiu – explica o corretor.
Ele também destaca o impacto positivo do selo criado pelo município para chancelar as hospedarias que aderiram integralmente às medidas sanitárias contra a covid-19.
“JÁ NÃO SE ACHA MAIS CASA PARA O RÉVEILLON”
A pandemia transformou o comportamento das famílias que visitam Itacaré, afirma Paulo Ferreira, argumentando que os visitantes passaram a priorizar o aluguel das casas de temporada, ao invés de hospedarias. Todos os imóveis do seu portfólio já estão reservados para o período de 27 de dezembro de 2021 a 3 de janeiro de 2022. Os preços variam de R$ 40 mil a R$ 220 mil. No segundo caso, o exemplo é o de uma casa para dez pessoas no Txai. Todos os 28 imóveis que administra no mesmo resort estão reservados, assim como os 68 da Vila de São José.
O otimismo dos negócios não encoraja Paulo a sair do isolamento, mesmo depois da imunização completa contra a covid-19. Com o WhatsApp e aplicativos de aluguel de imóveis, trabalha em casa, no meio da mata, na companhia da filha mais nova e da esposa. Sabe que a retomada das festas também influencia no bom momento do turismo, mas, por enquanto, prefere não arriscar. “Eu não vou!”.
O ministro da Economia Paulo Guedes anunciou hoje (25) que a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) subirá dos atuais R$ 1,9 mil para R$ 2,5 mil. Ele entregou nesta manhã ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a proposta da segunda fase da reforma tributária. O projeto de lei trata de mudanças no imposto de renda para pessoas físicas e empresas e na tributação de lucros e dividendos.
“São 30 milhões de brasileiros assalariados que pagarão menos imposto de renda porque, pela primeira vez, estamos tributando os ganhos e rendimento de capital”, disse o ministro.
De acordo com Guedes, haverá aumento de impostos sobre rendimentos do capital, os dividendos, que são parte do lucro líquido ajustado de uma empresa dividido entre os acionistas. Com isso, será possível reduzir os impostos para empresas e trabalhadores assalariados, com a mudança na faixa e isenção.
“Hoje, são 31 milhões de declarantes de imposto de renda, 8 milhões são isentos. Com a mudança na faixa de isenção, outros 8 milhões estarão isentos. Então, 16 milhões de brasileiros estarão isentos de imposto de renda”, explicou. No caso das empresas, segundo ele, a redução dos impostos vai permitir aumento de investimentos e geração de novos empregos.
Paulo Guedes disse ainda que o aumento das isenções não causará desequilíbrio nas finanças públicas, já que elas são resultados de mudanças estruturais de controle de despesas e crescimento econômico. “Controlamos as despesas da Previdência, depois fizemos as privatizações, estamos gastando menos com os juros da dívida pública, economizamos R$ 400 milhões em quatro anos com juros, e agora vem aí a nova administração pública economizando mais de R$ 300 bilhões. Toda essa economia que estamos tendo com controle de gastos queremos transmitir à população”, disse.
Ainda nesta sexta-feira, o secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, dará entrevista para detalhar o projeto de lei que altera o imposto de renda. Agência Brasil.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo pode prorrogar o auxílio emergencial, caso a pandemia da covid-19 se agrave no país e o programa de imunização não atinja níveis suficientes para a maior parte da população. Pelo prazo atual, o benefício será pago até julho.
Segundo o ministro, já existe proposta de emenda à Constituição (PEC) aprovada no ano passado, que permite o aumento de gastos para cobrir as necessidades de combate e reflexos da pandemia e, por meio dela, é possível estender o pagamento, como foi feito para este ano.
“Se Deus quiser, teremos dias melhores à frente e vamos celebrar também o fim dessa doença, mas o auxílio emergencial é uma arma que nós temos e pode, sim, ser renovado. Se, ao contrário do que esperamos, se a doença continuar fustigando, e as mortes continuam elevadas, a vacina, por alguma razão não está chegando, tem que renovar, vamos ter que renovar”, afirmou Guedes, ao participar hoje (27) do encontro Diálogos com a Indústria, realizado em um hotel de Brasília, pela Coalizão Indústria, que conta com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e congrega 15 entidades.
Apesar disso, não é com esta possibilidade que o governo está trabalhando neste momento, disse o ministro. “Não é a nossa expectativa hoje. A expectativa é que está avançando a imunização, mas vamos observar. O auxílio é uma ferramenta para uma camada de proteção e, sim, que tem que ser renovado. Hoje achamos que, se a vacinação em massa progride, pode ser que não seja necessário [ampliar o pagamento do auxílio]”, afirmou.