Mais de 40 mil pessoas foram à festa, segundo Prefeitura de Itabuna || Imagem Reprodução/Instagram
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A abertura da 42ª Lavagem do Beco do Fuxico, nesta quinta-feira (9), em Itabuna, reuniu mais de 40 mil foliões, segundo estimativa da Prefeitura, que organiza o evento com a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (Ficc).
Thiago Aquino se apresenta na Lavagem do Beco do Fuxico || Foto PMI
O som da noite ficou por conta da Banda Zorra, Charanga da Alegria, Edu Casanova e Thiago Aquino, que fez os fãs da sofrência cantar sucessos como Me bloqueia, vida.
Os shows de hoje (10) à noite serão dos grupos Pecados Capitais, Afrodisíaco e Parangolé. De acordo com o prefeito Augusto Castro (PSD), o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) já está em Itabuna para prestigiar a segunda noite da Lavagem.
O último dia da Lavagem do Beco do Fuxico, amanhã, sábado (11), levará para a avenida a alegria dos blocos tradicionais e apresentações na Beira-Rio, a partir das 14h, com o Bailinho Infantil. A programação para os foliões adultos começa às 18h, com Dani Matos, seguida por DJ Day, Boyzinho, La Fúria e O Índio.
NOITE DE ABERTURA FOI TRANQUILA, SEGUNDO PMNoite foi tranquila, com pequenas ocorrências, afirma PM
Hoje (10), o presidente da Ficc, Aldo Rebouças, e outros representantes do município se reuniram com o capitão Gilvan dos Santos, comandante de Operações do 15º Batalhão da Polícia Militar, para avaliar a segurança na primeira noite do evento.
– Podemos dizer que foi uma noite tranquila, com policiamento reforçado e poucas ocorrências. Na verdade, as ocorrências que aconteceram foram ao final do evento, em pontos de ônibus, mas nada de grave – afirmou o oficial da PM.
Em vez de ser considerada um dos sete pecados capitais, a gula, para esse modesto comilão, é a satisfação do prazer de comer – bem e muito –, saciando a costumeira fome e degustando os sabores. Não importa se num restaurante grã-fino e laureado com as medalhas da moda e pouca comida, ou num pé sujo (com todo o respeito)
Walmir Rosário
A depender de onde estamos e com quem falamos quando o assunto é alimentação, geralmente ouvimos que o melhor tempero para a comida é a fome. Não discordo que a barriga vazia e a vontade de comer sejam componentes para esvaziar um bom prato, mas outros atributos mexem com nossos olhos e as papilas gustativas, destacando os sabores doces, salgados, amargos, azedos e umami (chic), sem falar nos gostos.
E essas diferenças podem ser notadas e degustadas independentemente do local em que estivermos fazendo nossa refeição. Isto quer dizer que tanto nos famosos e laureados restaurantes, os famosos “pé sujo”, ou em casa, o toque dos chefs renomados, cozinheiros ou quem mais se aventure no forno ou fogão é fundamental para saborearmos uma boa, excelente ou má refeição.
Muitos restaurantes tipo “pé sujo” possuem uma respeitável clientela, daquelas que têm direito a cadeira cativa num determinado dia de semana, saboreando um bom prato – melhor, dois ou mais tipos diferente de proteínas (boi, porco, carneiro, aves, peixes…) – e saem pra lá de satisfeitos. A cada dia uma especialidade da casa, daquelas de deixar qualquer ser vivente com água na boca.
Não basta encher a barriga, mas degustar cada tipo de comida, seja proteína, carboidrato, gordura, ou o que valha, é por demais essencial para que o cliente volte na próxima oportunidade ou se torne um freguês assíduo. E como dizem que a melhor propaganda é a feita de boca a boca, por certo, novos acompanhantes estarão dispostos a socializar as delícias desses restaurantes.
Em vez de ser considerada um dos sete pecados capitais, a gula, para esse modesto comilão, é a satisfação do prazer de comer – bem e muito –, saciando a costumeira fome e degustando os sabores. Não importa se num restaurante grã-fino e laureado com as medalhas da moda e pouca comida, ou num pé sujo (com todo o respeito), no qual a fartura é fundamental.
Nessas minhas andanças por restaurantes brasileiros e de outros países, pude constatar que o tamanho do prato é inversamente proporcional aos preços cobrados do distinto cliente, sem tirar nem por. E são muitos os pé sujos espalhados por esse imenso país, notadamente nas feiras livres e locais de movimento, como portos, rodoviárias e os que servem a comidinha de cada dia aos comerciários e industriários.
Comida de sustança para quem pega pesado no trabalho – ou nem tanto, mas que aprecia uma boa rabada, mocofato, cozido, sarapatel, sobe e desce, e outras delícias regionais nem tão conhecida por todos. E todos bem temperados, com especiarias das mais diversas, como queriam os portugueses ao ganhar o mundo nas circunavegações, deixando esse legado para nós pobres mortais.
À vezes nem mesmo precisamos sair de casa para provarmos esses manjares dos deuses, prática que tenho utilizado nesses últimos tempos em que a quarentena é recomendada pelas autoridades – nem sempre médicas – e que temos que obedecer. Quase sempre nem requer muito trabalho, desde que feito de maneira correta o planejamento, com a compra dos insumos principais e acessórios.
Outras vezes nem mesmo precisamos sair de casa, principalmente quando se aproxima o fim de semana, em que as panelas precisam ser renovadas. Basta fazer uma vistoria na geladeira e acreditar na consagrada teoria de Antoine-Laurent de Lavoisier, cientista das áreas da química e biologia, que mostrou ao mundo que “na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”.
E foi o que fiz numa sexta-feira dessas, em que a chuva leve e intermitente cismou de modificar meus planos em encontrar os amigos, conforme prometido: ao meio-dia em pino, num desses recatados bares. Como o tempo chuvoso não permitiu, tratei eu de me virar por conta própria, dando-me ao luxo de sequer sair de casa. Para ganhar inspiração fui em busca de uma boa cachaça e algumas cervejas, disponíveis em no recato do lar.
Bastou abrir a velha geladeira e conferir a pequena sobra do feijão gordo da semana, misturá-lo com farinha e transformá-lo num especial tutu à mineira, arroz, cortar e passar na banha a última folha de couve, fritar umas fatias de bacon, linguiça calabresa e, com a sobra da gordura fritar um ovo, devidamente mexido. Para me sentir num pé sujo, bastou colocá-los num prato branco e numa toalha bem surrada.
Para me despedir, não pensem os senhores que estão com água na boca, que me enganei ao citar a ingestão de muita comida e apresentar um prato pouco condizente com o texto acima elaborado. Como ninguém é de ferro, do planejamento ao começo dos trabalhos etílicos, a eles se juntaram os tira-gostos, consumidos sem dó nem piedade. Afinal, o que de melhor fazer numa sexta-feira acinzentada e chuvosa?
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.