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Quando Alcântara viu Nilton, falou sorrindo: “você é descarado, eu vi que quando falei do raio você desceu ligeiro da marquise”.

Marival Guedes | [email protected]

Na eleição para a Assembléia Legislativa em 1967 o prefeito José de Almeida Alcântara, maior liderança populista da história itabunense, apoiou um secretários municipal , o engenheiro Félix Mendonça.
No dia da realização de um comício no Berilo o jornal O Intransigente denunciou que o prefeito não estava repassando, para as casas filantrópicas, o dinheiro que recebia dos banqueiros do jogo do bicho.
No evento, o palanque foi substituído por uma marquise na esquina do Berilo. O funcionário do gabinete, Nilton Ferreira Ramos – Nilton Jega Preta – apresentava os comícios. Neste dia, à tarde, o tempo fechou literalmente com relâmpagos, trovões e ameaça de uma tempestade.
Alcântara pediu a Nilton Ramos para reduzir o número de oradores, no que foi atendido. Eram dois microfones, um com o apresentador e outro para os políticos.
Primeiro falou Félix e depois Alcântara, que iniciou o discurso comentando  a notícia do jornal: “meu povo do Berilo e da Mangabinha. Minhas velhinhas…”  Fez uma pausa e num tom de lamento,voz chorosa, falou: “vocês viram a calúnia que saiu hoje num jornal?”.
E jurou: “eu quero que um raio me parta se eu já fiquei com um centavo do dinheiro do famigerado jogo do bicho”.
Neste momento Nilton Jega Preta, supersticioso, entregou o microfone à Mário Cezar da Anunciação e rapidamente desceu da marquise. Após o comício, o grupo foi se encontrar num bar e restaurante, atual Galo Vermelho. Quando Alcântara viu Nilton, falou sorrindo: “você é descarado, eu vi que quando falei do raio você desceu ligeiro da marquise”. Nilton também sorriu e desconversou.
Marival Guedes é jornalista e escreve no Pimenta sempre às sextas-feiras.