A diretora do Núcleo Territorial de Educação do Litoral Sul da Bahia, Leninha Vila Nova, afirmou que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do estado não reflete a realidade do ensino baiano nem faz justiça à competência dos professores e alunos. A gestora falou sobre o assunto nesta quarta-feira (1º), em entrevista ao Café com Pimenta.
O ensino médio da Bahia ocupa a 25ª posição no ranking do Ideb, à frente apenas de dois estados, Pará e Amapá. A pontuação do estado foi de 3,5 em 2019, quando a meta era de 4,5. O resultado virou alvo preferencial das críticas da oposição ao governo Rui Costa.
Segundo Leninha Vila Nova, os dados de evasão escolar pesam muito no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Apenas estudantes matriculados nas datas de corte do calendário escolar, que ocorrem em maio e junho, podem fazer as provas usadas na produção do Ideb. Quando mais de 20% dos alunos selecionados não fazem a avaliação, as ausências prejudicam o resultado coletivo. “Se eu tiver 79% da turma na sala e fizer a prova, mesmo que todos tirem 10, o cálculo derruba a nota”, explicou a diretora.
Sem ignorar que o Ideb é um parâmetro objetivo de avaliação, Leninha lembrou que os estudantes da rede estadual obtêm resultados excelentes em testes mais difíceis, a exemplo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principal porta de entrada do ensino superior. “É o mesmo público que faz a prova do Saeb”.
O EXEMPLO DE COARACI
Para reforçar o argumento sobre o Ideb, a professora Rosilene Vila Nova Cavalcante recorreu ao exemplo da Secretaria de Educação de Coaraci, pasta que dirigiu de 2012 a 2015. “Estive secretária com a prefeita Josefina [Castro], uma pessoa que eu tenho como referência de educação e de gestora pública. Quando cheguei, o nosso Ideb não era legal, era 2,1, 2,2”, recordou.
Quando a gestão municipal se debruçou sobre o problema, concluiu que a baixa frequência e a evasão escolar eram as vilãs da história. Cerca de 30% das escolas não podiam ser avaliadas devido à ausência dos estudantes, explicou Leninha. “Se o menino não for fazer a prova, vai contabilizar como se ele tivesse feito e perdido. A gente diagnosticou que o problema era presença. Não era somente a questão do menino saber, era a presença”, reafirmou.
Feito o diagnóstico, a Secretaria pôs em prática um plano de ação para garantir a presença dos estudantes em sala de aula. Segundo Leninha, com o trabalho, o Ideb de Coaraci saltou para 4,1 em um ano.
“O MELHOR QUADRO DE PROFESSORES”
A diretora do Núcleo Territorial de Educação também saiu em defesa da qualidade do corpo docente da rede estadual. “O melhor quadro de professores está no estado da Bahia, porque são todos graduados. Nós temos escolas que têm muitos professores mestres e doutores, que não estão lá fazendo de conta que ensinam. A gente tem um professorado que cumpre suas atividades, que cumpre seu papel pedagógico. Nós ensinamos aos meninos. Não dá para entender que os nossos gestores e os nossos professores não fazem um trabalho de qualidade”.
Confira a edição completa do programa, fruto de parceria do grupo IPolítica com o Blog do Thame e o PIMENTA.