Otto Alencar amplia vantagem na disputa ao Senado
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O senador Otto Alencar (PSD-BA) reafirmou a intenção de disputar novo mandato para o Senado e disse esperar que a unidade da base do governo Rui Costa permaneça firme em torno da pré-candidatura do senador Jaques Wagner (PT) ao Governo da Bahia.

“O PSD vai se reunir no momento certo e a indicação é a aliança com o apoio ao senador Wagner para o governo. Isso está claro. Não tem alteração nenhuma nesse sentido. Minha posição é de defesa da minha eleição pro Senado. E espero que a unidade permaneça”, declarou o parlamentar, na noite de quinta-feira (13), em entrevista ao PIMENTA.

Também ressaltou que não muda sua postura política ao sabor das circunstâncias. “Sempre serei firme, correto. Palavra dada é palavra cumprida”.

RODRIGO PACHECO, LULA E O PSD BAIANO

Testado em pesquisas sobre a eleição presidencial de 2022, o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não pontua nem anima os correligionários baianos. Ao PIMENTA, Otto Alencar disse que, em conversas com deputados, prefeitos e outros membros do PSD na Bahia, todos manifestam apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidenciável no topo das pesquisas eleitorais.

“Embora exista um pré-candidato nacional, meu prezado amigo e presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, quando ele se lançou, já sabia que nós tínhamos uma aliança constituída no estado da Bahia. Você não pode passar 11 anos caminhando e deixando seus passos ao lado dos seus amigos e, de repente, mudar sua posição, trajetória e, muito menos, procedimento. Não tem nenhuma mudança que possa alterar o curso dessa aliança”.

OTTO VÊ MOTIVOS PARA NOVA CPI, MAS FAZ PONDERAÇÃO A COLEGAS SENADORES

Otto Alencar também falou ao PIMENTA sobre a conversa que teve com os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM), Simone Tebet (MDB-MS), Leila Barros (Cidadania-DF), Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (PT-ES). Ocorrida de forma remota, na noite de quarta-feira (12), a reunião, conforme o senador baiano, abordou as últimas crises “fabricadas” pelo governo Bolsonaro, inclusive o barulho em torno da vacinação de crianças contra covid-19.

Randolfe propôs a coleta de assinaturas para uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com objetivo de investigar fatos que sucederam a CPI da Covid-19, como o ataque hacker contra os sistemas de informação do Ministério da Saúde. O ConectSUS, que reúne dados sobre a vacinação no país, está fora do ar desde o início de dezembro passado. A demora do restabelecimento do sistema levou o senador Omar Aziz a levantar a suspeita de autossabotagem do governo federal.

Para Otto Alencar, o ministro Marcelo Queiroga não dá resposta convincente sobre o problema. “Ele tergiversa o tempo todo, escondendo o que aconteceu. Na nossa visão, isso já era para ter sido resolvido”.

No dia 16 de dezembro de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso da vacina da Pfizer contra Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Nesta sexta-feira (14), quase um mês depois, o Brasil iniciou a vacinação da população dessa faixa etária. Otto, que é médico, alerta sobre o impacto do novo atraso. “Uma criança contaminada leva a doença para seu pai, para seu avô e, se tiver comorbidade, pode ir a óbito. Esse é um fato grave”.

A insinuação de que a Anvisa teria razões escusas para autorizar a vacinação de crianças, feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), é gravíssima e inverídica, segundo Otto Alencar. Ele comparou a tolerância às declarações de Bolsonaro à pressão por renúncia sofrida pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, após a revelação de que promovera reuniões sociais no primeiro semestre de 2021, quando esse tipo de evento estava proibido devido às medidas de restrição contra a Covid-19. “Se Bolsonaro tivesse feito 5% na Inglaterra do que ele fez no Brasil, já estava fora do poder, mas aqui se tolera tudo”.

A pane do ConectSUS, as falas de Bolsonaro contra a Anvisa e o atraso da vacinação infantil são fatos determinados que justificariam uma nova CPI, afirma Otto. No entanto, para o senador, o momento é de ponderação. Na quarta-feira, ele recomendou aos colegas que os temas sejam objeto de audiência pública com especialistas de diferentes áreas, em fevereiro, após o recesso legislativo.

O cacique do PSD baiano revela certa frustração diante da blindagem de Bolsonaro na Câmara Federal. “Nós saímos recentemente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Então, outra Comissão Parlamentar de Inquérito? Tem fato determinado? Tem. Em qualquer país do mundo ele tava fora do poder? Tava, mas é Brasil. Ele consegue ter, dentro da Câmara dos Deputados, um grupo de deputados que representa o Centrão e tem dado sustentação [ao governo]. Todos os encaminhamentos de pedido de impeachment, de admissibilidade, não foram analisados”.

Fábio Vilas-Boas afirma que tem missão de ampliar base de apoio a Rui e Wagner || Foto Pimenta
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O ex-secretário da Saúde da Bahia Fábio Vilas-Boas está próximo de confirmar ingresso no MDB. “As conversas estão bem avançadas. Fui muito bem acolhido pelo partido. Sinto-me em casa. Agora, falta apenas a gente terminar algumas conversas”, disse o pré-candidato a deputado federal, nesta quinta-feira (16), em entrevista ao PIMENTA.

Médico e doutor em cardiologia, Fábio comandou a Secretaria da Saúde do Estado por mais de 6 anos. Deixou o governo, mas mantém boa relação com o governador Rui Costa, que, em eventos recentes, rendeu homenagens ao ex-secretário. Além disso, ele apoia a pré-candidatura do senador Jaques Wagner ao governo estadual.

Perguntamos ao ex-secretário se faltou convite para que se filiasse ao PT, apesar do vínculo com as principais lideranças do partido na Bahia. “Não, eu fui convidado pelo PT para filiar-me, assim como fui convidado pelo PP do [vice-governador] João Leão; pelo PSD do senador Otto; pelo PSB, da senadora Lídice; pelo PCdoB de Davidson e Daniel. Todos me convidaram. Eu conversei com todos, assim como conversei com o MDB”, respondeu.

Ele entende que o avanço das conversas com o MDB é uma oportunidade de ampliar a base de apoio a Rui e Wagner, que, neste momento, não tem os emedebistas. “Minha missão é essa. É trazer mais pessoas para o projeto que nós estamos desenvolvendo”, completou Vilas-Boas.

DESAFIOS DA CACAUICULTURA BAIANA

A agenda de Fábio Vilas-Boas no sul do estado incluiu visita à abertura do Chocolat Festival Bahia, em Ilhéus, na quinta-feira (16). A defesa da cacauicultura é uma das bandeiras políticas do pré-candidato, que produz cacau e chocolate em Uruçuca, sul da Bahia.

Para ele, a cacauicultura tem dois grandes desafios. “O primeiro é aumentar a produtividade e a produção da Bahia, para garantir o abastecimento das três plantas industriais que nós temos aqui”, explicou, referindo-se às fábricas moageiras de Ilhéus, que iniciam o processo de beneficiamento das amêndoas de cacau antes do envio para a fabricação de chocolates fora do estado.

Vilas-Boas afirma que a autossuficiência da produção baiana pode ser construída em, pelo menos, duas frentes. De um lado, apoio financeiro e técnico para que a lavoura tradicional da cabruca possa ter toda a sua matriz genética substituída por clones de alta complexidade e tolerantes à vassoura de bruxa.

O segundo desafio – aponta – é a implantação de novas lavouras em regiões não tradicionais, com cacau produzido a pleno sol, irrigado, abrindo caminho para o fruto de ouro no extremo-sul e oeste da Bahia.

CHOCOLATE EM LARGA ESCALA

Conforme o pré-candidato, é importante que o desenvolvimento das marcas que produzem chocolate fino no sul da Bahia seja acompanhado de esforço político para atrair ao estado investimento na produção em larga escala. “Temos cacau produzido artesanalmente, cacau fino, e chocolate produzido artesanalmente; chocolates de excepcional qualidade, premiados internacionalmente, mas a escala dessa produção ainda é pequena. Acredito que seja papel do governo fomentar a implantação de uma indústria de chocolate de grande porte em território baiano, aproveitando o parque industrial moageiro já existente. Isso vai garantir emprego, renda e uma caracterização mais regional dos chocolates produzidos na Bahia”.

O governador Rui Costa, o ex-presidente Lula e o senador Jaques Wagner
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, em qualquer análise sobre as disputas eleitorais na Bahia, deve-se considerar que o PT e seu aliados venceram quatro eleições seguidas para o Governo do Estado, sempre no primeiro turno. Ele destacou o feito em entrevista ao programa Isso é Bahia, do Grupo A Tarde, na manhã desta quarta-feira (20).

– É importante lembrar que Wagner ganhou no primeiro turno, foi reeleito no primeiro turno, elegeu Rui [Costa] no primeiro turno e Rui foi reeleito em primeiro turno, numa demonstração de que a costura política feita por ele [Wagner] foi acertada e numa demonstração de que eles estão fazendo aquilo que o povo tinha como expectativa – declarou.

“EM OUTRA ENCARNAÇÃO, EU FUI BAIANO”

A maioria do eleitorado da Boa Terra também votou em candidatos do PT nas últimas cinco eleições presidenciais. Para Lula, esse é um sinal de gratidão do povo baiano, que merece profundo respeito. “Em algum momento da minha vida, em uma outra encarnação, eu fui baiano, porque o carinho que o baiano tem demonstrado por mim é muito grande e eu tenho tentado fazer um esforço muito grande para ser recíproco. E espero continuar merecendo esse carinho”.

O ex-presidente também destacou a trajetória política ao lado do senador Jaques Wagner, pré-candidato a governador da Bahia. “Eu tenho uma relação com meu companheiro Wagner que é histórica. É do movimento sindical, é dos anos 70 ainda. Então é uma relação histórica. É um companheiro da minha mais extrema confiança, que gosto como se tivesse conversando com um irmão, um filho e eu quero manter essa relação”.

O ex-presidente Lula em solo baiano, entre o senador Jaques Wagner (à esquerda) e o governador Rui Costa || Foto Reprodução/Instagram
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O governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner recepcionaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde desta quarta-feira (25), em Salvador. Logo mais, à noite, os três petistas devem se reunir com o senador Otto Alencar (PSD) e o vice-governador João Leão (PP).

Para esta quinta-feira (26), a agenda de Lula em Salvador prevê visita a uma policlínica regional e almoço com partidos da base do governo baiano. Também há expectativa de que o ex-presidente se reúna com o ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima, liderança influente do MDB na Bahia.

Além de movimentar a base petista na Bahia, a presença de Lula na capital baiana encaminha o debate entre os partidos da coalização que governa o estado sobre as eleições de 2022.