Walter Braga Netto foi detido no Rio de Janeiro, no sábado (14) || Foto Fernando Frazão/Agência Brasil
Tempo de leitura: 2 minutos

 

 

Esperamos que nossos militares sejam o que são: militares e não tutores ou juízes de resultado das disputas eleitorais.

 

 

 

Julio Cezar de Oliveira Gomes

Não consigo sentir alegria com a prisão daquele que é apontado como o articulador intelectual da tentativa de golpe de Estado contra o presidente Lula e também como envolvido nas preparativas para assassiná-lo juntamente com o vice Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Mas sinto alívio e satisfação pelo dever cumprido pelos órgãos governamentais competentes e pelo funcionamento legítimo das instituições que compõem o Estado brasileiro.

Não é possível sentir alegria, porque é muito triste e indesejável de todas as formas que um general de Exército, outros militares e figuras importantes se envolvam em uma trama golpista que só traria desrespeito às nossas leis, violência, derramamento de sangue e o retorno a governos ditatoriais que nunca deveriam ter existido e que nunca deverão voltar a existir.

Mas é necessário que as prisões ocorram, porque aqueles que tentaram o golpe não demonstram qualquer arrependimento, reflexão ou respeito pela legalidade e continuam insistindo no propósito de violentar nossa democracia a qualquer custo, mesmo agora quando parte da população brasileira finalmente começa a enxergar a loucura que perpassa as ações desses líderes absolutamente irresponsáveis, que não hesitam em resvalar na direção do crime.

Esperamos que nossos militares sejam o que são: militares e não tutores ou juízes de resultado das disputas eleitorais.

A Constituição de 1988 e nosso ordenamento jurídico definem o papel institucional das forças armadas e dar golpe de Estado não é um deles, seja a que pretexto for. Cabe-lhes a defesa das fronteiras, de nossa soberania, de nossa integridade territorial, cabem-lhe ações meritórias junto ao povo e a formação de novos militares sempre voltados para a paz e a legalidade como meta desejável, embora preparados para qualquer conflito.

Queremos ter com nossos militares uma relação de respeito, de confiança e de solidariedade na construção de um novo Brasil. Pessoas como Braga Netto, que têm a cabeça e a alma presas ao odioso regime instalado a partir de 1964, não devem encontrar acesso em corações voltados para a paz e para o futuro, para a dignidade de todos os brasileiros, para o respeito à diversidade, à cidadania e à busca da convivência democrática.

Não somos nós que excluímos pessoas com a conduta e os valores de Braga Netto. São eles que estão se auto excluindo de um futuro de paz e de harmonia que desejamos para nosso país.

Que as apurações ocorram e que as pessoas respondam as acusações aos crimes que lhes são imputados gozando de todas as garantias do contraditório e da ampla defesa previstos na Constituição. Mas que sejam responsabilizadas para que possamos viver em um Brasil onde nenhum grupo armado, seja ele do mundo do crime ou escondido atrás da institucionalidade, tente se colocar além ou acima da Lei.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

Walter Braga Netto foi detido no Rio de Janeiro, no sábado (14) || Foto Fernando Frazão/Agência Brasil
Tempo de leitura: < 1 minuto

A Polícia Federal cumpriu, neste sábado (14), mandado de prisão preventiva contra o general e ex-ministro Walter Braga Netto, investigado por envolvimento na tentativa de golpe de estado que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ex-candidato a vice-presidente da República na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto foi detido em Copacabana, no Rio de Janeiro, e levado para o Comando Militar do Leste, com sede na mesma cidade. O cumprimento da ordem judicial teve apoio logístico do Exército, informa a PF, em nota.

De acordo com a Polícia Federal, além do mandado de prisão, foram expedidos dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra indivíduos que estariam atrapalhando a produção de provas durante a instrução processual penal. Endereços em Brasília também foram alvos da operação deste sábado.

Defesa do ex-presidente quer saber o que oficiais disseram à PF || Foto ABr
Tempo de leitura: < 1 minuto

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acesso aos depoimentos dados à Polícia Federal (PF) pelos ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior.

Ambos foram ouvidos no âmbito do inquérito que apura uma trama golpista que teria se desenvolvida no núcleo do governo federal, durante a segunda metade de 2022, cujo objetivo seria impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito naquele ano.

Os advogados do ex-presidente pediram que os autos do processo sejam atualizados com os “termos de declarações relativos às últimas oitavas realizadas”. Além dos ex-comandantes, prestaram depoimento dezenas de investigados, incluindo militares que foram ministros no governo Bolsonaro.

SILÊNCIO

O próprio Bolsonaro compareceu à PF para depor, mas exerceu o direito de ficar calado. A mesma atitude tiveram outros investigados, como o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto.

Os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica prestaram depoimento entre o fim de fevereiro e o início de março e foram ouvidos na condição de testemunhas. Até o momento a PF não os implicou na trama golpista.

O depoimento de Freire Gomes durou cerca de oito horas e permanece sob sigilo, sendo tido como um dos mais cruciais para desvendar o planejamento de um golpe de Estado.

Segundo as informações disponíveis, Freire Gomes se defendeu afirmando ter resistido à trama golpista e implicando Bolsonaro no planejamento de uma minuta de decreto sobre o golpe. D’Agência Brasil.

Alvos da acusação foram presos em flagrante por ataque aos Três Poderes || Foto Agência Brasil
Tempo de leitura: < 1 minuto

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça Federal a condenação definitiva de 40 pessoas presas em flagrante invadindo e depredando o patrimônio público durante os atos golpistas de 8 de janeiro. O órgão também quer que elas ressarçam os cofres públicos em R$ 20,7 milhões.

O valor corresponde ao “dano material já incontroverso” já reportado por Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF), argumenta a AGU no parecer enviado à Justiça Federal de Brasília.

Os réus encontram-se presos preventivamente, por participação “da materialização dos atos de invasão e depredação de prédios públicos federais, tanto que em meio a esses atos foram presos em flagrante como responsáveis pelos atos de vandalismo nas dependências dos prédios dos três Poderes da República”, diz o pedido da AGU.

A AGU diz ainda que “mais que os danos materiais ao patrimônio público federal objeto desta ação, resultaram danos à própria ordem democrática e à imagem brasileira”.

A íntegra do pedido não foi divulgado uma vez que o processo corre em sigilo, justificou a AGU. Apenas alguns trechos foram divulgados. Os alvos do pedido de condenação já encontram-se com bens bloqueados cautelarmente, a pedido dos advogados da União.

O caso é uma das quatro ações na esfera cível abertas pela AGU. Em todas, o órgão já obteve medidas cautelares de bloqueio de bens. Ao menos 178 pessoas físicas, três empresas, uma associação e um sindicato são alvo dos processos. Da Agência Brasil.