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Daniel Thame

Itabuna chega aos 110 anos de emancipação no momento em que o mundo vive uma das piores crises sanitárias de sua história, com impactos devastadores na economia. Por causa da pandemia da Covid-19, a cidade paralisou as atividades comerciais e empresariais não essenciais por mais de cem dias e só agora inicia um processo gradual de reabertura, seguindo rígidos protocolos de segurança determinados pela Organização Mundial de Saúde.

A crise afeta diversos segmentos de Itabuna, mas a capacidade de se reinventar, superar crises e dar a volta por cima, está no DNA do itabunense, desde os pioneiros que iniciaram a transformação da então Vila de Tabocas na Itabuna com ares de metrópole, até os tempos atuais, em que o espírito empreendedor prevalece em meio a dificuldades que estão aí para serem superadas.

Fernando diz acreditar na capacidade de superação do itabunense

Itabuna atravessou as crises cíclicas do cacau, encarou a pior das crises até então, com o apocalipse gerado pela vassoura-de-bruxa e as crises econômicas nacionais. Mas sempre se superou, como vai superar os impactos ainda não mensuráveis da Covid-19 no sul da Bahia.

É assim, por exemplo, que pensa o prefeito Fernando Gomes, em seu quinto mandato à frente do município. Mesmo com foco na saúde, para preservar vidas. “Ao assumir a Prefeitura de Itabuna decidi olhar para frente e não reclamar do passado. E assim fiz e tenho feito. Confio na força de trabalho dos itabunenses, acredito na capacidade de superação e tenho confiança no futuro, porque Itabuna é uma cidade que sempre superou obstáculos para se consolidar como um dos polos da Bahia e do Nordeste” afirma.

ESPÍRITO EMPREENDEDOR

Duas gerações de empreendedores, Helenilson e o filho Manoel Chaves Neto

Implantar em Itabuna o primeiro shopping do Sul da Bahia no ano 2000, em meio a uma crise devastadora provocada pela vassoura-de-bruxa, parecia algo impensável. Não para Helenilson Chaves, visionário e empreendedor nato, um apaixonado pela cidade, que fez nascer um shopping que se transformaria num marco da consolidação da Itabuna como o maior polo comercial, prestador de serviços, lazer/entretenimento, saúde e ensino superior da região.

Jequitibá é um dos símbolos do comércio sul-baiano

Aos 20 anos, o Shopping Jequitibá, hoje dirigido por Manoel Chaves Neto, passa por um processo permanente de ampliação, modernização e ampliação do mix de produtos/serviços. Mesmo com o shopping fechado por 120 dias por causa da pandemia, Neto mantém o otimismo. “Quando ocorreu o fechamento das operações do Jequitibá por força da pandemia, decidimos encarar a avassaladora consequência da Covid-19, com foco na adequação do shopping ao novo normal, buscando alternativas e soluções para o empreendimento como um todo”.

“Reabriremos o Jequitibá com seis novos projetos sendo implementados. Essas ações são um exemplo da educação e ensinamentos de meu pai e a nossa eterna crença na capacidade de Itabuna superar crises. Continuamos e estamos convictos do potencial mercadológico de Itabuna, do sul da Bahia e por contar disto, em breve vamos anunciar relevantes novidades” ressalta Manoel Chaves Neto.

Leahy: comércio unido na travessia

A FORÇA DO COMÉRCIO

Além do comércio, Itabuna também se consolidou como polo regional de serviços na área da saúde, com centenas de leitos hospitalares, de clínicas e consultórios médicos das mais diversas especialidades, e no setor educacional, com universidades públicas e centros universitários privados. Seu raio de influência atinge 120 municípios e uma população superior a um milhão de habitantes.

Carlos Leahy, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itabuna fala do otimismo e esperança nos 110 anos do município. “Itabuna sempre foi um celeiro de grandes empresários, com um comércio de abrangência regional. Vamos atravessar juntos essa situação inesperada e unidos vamos dar a volta por cima, saindo mais fortalecidos, porque essa essas são marcas do itabunense, empreender, não desistir nunca e olhar para o futuro com otimismo”.

Margotto fala de aspirações e força do itabunense

Para Edimar Margotto Junior, advogado, empresário e agropecuarista, “a terra de Jorge Amado, de Firmino Rocha, de Candinha Doria, de Cyro de Mattos, de Zélia Lessa e de Valdirene Borges” tem tudo para surfar a onda do desenvolvimento sustentável. “Superamos a vassoura-de-bruxa e somos referência pujante em comércio e em tecnologia, a 8ª economia da Bahia, com mais de 5.000 empresas e um PIB anual superior a R$ 3 bilhões”, afirma.

Segundo Margotto, com um orçamento anual que supera os R$ 600 milhões, Itabuna pode viver dias melhores, com direito a educação de qualidade e em tempo integral, com saneamento básico e despoluição do Rio Cachoeira, com ambiente propício ao empreendedorismo, um plano de mobilidade urbana”. “Podemos vivenciar um novo momento, com uma cidade mais humana e mais justa, sobretudo para as pessoas mais necessitadas”, finaliza.

Rafael Andrade: superação e mutirão que é exemplo para o mundo

EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE

Idealizador e coordenador do Mutirão do Diabetes de Itabuna, maior evento de prevenção e tratamento da doença no mundo, o médico oftalmologista Rafael Andrade, do Hospital Beira Rio, afirma que uma importante característica da cidade é se superar perante grandes adversidades, com o que ela tem de melhor, a sua gente. “Quantas crises passamos e quantos vezes nos levantamos, ainda mais fortes?”. “Enchentes, secas, crises da vassoura-de-bruxa, muitas crises econômicas, mesmo assim seguimos em frente com este povo de fé que não se entrega” diz.

“Minha história é a prova deste solo fértil grapiúna. Aqui nasceu, cresceu e se expandiu para todo o Brasil, o Mutirão do Diabetes, que se mistura com a história da minha vida, que começou em 2004 atendendo pouco menos de 200 pessoas, e durante 15 anos vem atendendo dezenas de milhares de pessoas.”

Julius Kaeser, ex-diretor da Nestlé em Itabuna, fala da avidez do grapiúna em aprender

HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO

Julius Kaeser, que foi diretor da Nestlé em Itabuna no período de 1985 a 1998, hoje radicado em Portugal, testemunhou a bonança provocada pela alta do cacau e também da crise gerada pela vassoura-de-bruxa. “Algo que sempre me chamou positivamente a atenção com relação a comunidade grapiúna foi a forma fraternal no tratamento com as pessoas, o espírito empreendedor. A formação profissional dos colaboradores que trabalhavam na empresa também foi surpreendente. A avidez de querer aprender cada vez mais e se superar era até comovente”, diz.

“Foi um enorme prazer poder ter tido a oportunidade de liderar um grupo de pessoas tão motivadas. Foi uma lição de vida para mim e tenho a certeza de que mais uma vez a cidade vai ser recuperar e sair ainda mais fortalecida”, ressalta.

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… E O POETA ITABUNENSE QUE VISITOU BILAC

O UNIVERSO PARALELO desta semana fala de Às margens do Sena, relato do  correspondente Reali Jr. que, dentre outras proezas, levou o então ministro Jarbas Passarinho a declarar que havia tortura de presos no Brasil. No vácuo desse assunto, a coluna lamenta que a região não se preocupe em registrar as fontes orais da nossa história, a exemplo da professora Zélia Lessa, que tem muito o que contar.

Ousarme Citoiaian, com olhos e ouvidos na política, anota que José Serra, ao solfejar uma canção de Dolores Duran, saiu-se tão mal quanto o senador Eduardo Suplicy cantando Blowin´ the wind, do lendário Bob Dylan. E um espaço (“pequeno, mas honesto”) destinado à poesia, foi inaugurado com um soneto de Piligra. “Inauguração comme il fault”, gaba-se o colunista.

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