Hop Brasilis, da 3Barcaças, fatura medalha de ouro na Copa Cerveja Brasil
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Quando começou a fabricar cerveja, em 2011, Calleb vislumbrava que iria além do hobby. “A gente começou a fazer porque queria beber cerveja diferente e não achava no mercado, mas a ideia sempre foi montar uma fábrica e comercializar”, recorda o itabunense em entrevista ao PIMENTA. Do plano inicial nasceu a 3Barcaças, primeiro com produção caseira e, desde 2019, com uma fábrica no Distrito Industrial de Ilhéus.

Os primeiros rótulos da 3Barcaças apelam ao imaginário regional e estadual, como a 1910, ano da emancipação política de Itabuna. Carro-chefe da marca, a cerveja Conjurada faz referência à Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Búzios, desencadeada em 1798, sob a influência das revoluções haitiana e francesa. Calleb Oliveira explica a analogia embutida na escolha do nome. “A Bahia estava tentando ser livre da Coroa Portuguesa. A Conjurada veio para libertar as pessoas da cerveja ruim”.

Logo na primeira competição disputada pela marca do sul da Bahia, a Brasil Beer Cup, em 2021, a Conjurada levou medalha de prata. Tornou-se o rótulo mais vendido no primeiro bar da 3Barcaças, situado na Avenida Nações Unidas, em Itabuna. “É uma golden bitter, uma cerveja leve, refrescante, amarelinha, com lúpulo americano. É a cerveja que não pode faltar no nosso bar”, resume o cervejeiro.

A nova queridinha da marca é a Hop Brasilis. No último sábado (19), a cerveja faturou a medalha de ouro na categoria exclusiva para receitas com lúpulo brasileiro, na etapa nordestina da Copa Cerveja Brasil. O resultado a habilitou para a fase internacional da competição promovida pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal. “A Abracerva faz as etapas regionais. Quem ganha a medalha de ouro participa da chamada Libertadores das Cervejas, que, em 2024, vai ser no Chile”, festeja Calleb.

MERCADO

Evolução do número de fabricantes de cerveja no Brasil || Fonte Mapa

O Brasil tinha 129 estabelecimentos registrados como fabricantes de cerveja no ano em que o itabunense começou a produzir a bebida em casa. No ano passado, esse número chegou a 1.729, segundo a primeira edição do Anuário da Cerveja, recém-divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Sudeste e Sul concentram a maior parte das fábricas, com 46,2% e 39,7%, respectivamente. Nordeste (6,9%), Centro-Oeste (5,1%) e Norte (2,1%) vêm muito atrás. O levantamento não especifica a proporção de fabricantes artesanais. Um dos elementos distintivos da cerveja artesanal é não ser pasteurizada, explica o cervejeiro grapiúna. “Outro é não ter aditivos químicos”. Ele estima que a fatia dessas cervejarias no mercado brasileiro não passa de 2%.

Calleb e o pai, Tita Oliveira, são dois dos três sócios da 3Barcaças

No ranking dos estados, a Bahia ocupa a nona posição, com 30 estabelecimentos, incluindo o da 3Barcaças. Calleb tem dois sócios, seu pai, Tita Oliveira, e o amigo Zola Trindade. No início do próximo mês, eles vão abrir o segundo bar, na Avenida Soares Lopes, em Ilhéus. A nova unidade vai ampliar os empregos diretos gerados pelo negócio. Atualmente, a fábrica e o bar itabunense empregam quatro pessoas.

É o próprio Calleb quem comanda a produção. A cervejaria produz de 2.000 a 2.500 litros por mês, em média, estima o cervejeiro. “No verão, vendemos mais; no meio do ano, menos. Na alta, até 3 mil litros por mês. Estamos falando de 30 a 35 rótulos de cerveja em um ano”. Por enquanto, a 3Barcaças fornece seus produtos apenas dentro da Bahia. “Estamos presentes em Itacaré, Itabuna, Ilhéus, Canavieiras, Conquista e Salvador, que, hoje, é o nosso maior mercado”.