Tempo de leitura: 2 minutosJorge Barbosa
Apesar de todas as ameaças causadas pelo desequilíbrio ecológico como: escassez de água, fome, crescimento do preço dos alimentos, aumento do nível médio dos oceanos, inundações e de toda a retórica conservacionista, os destruidores da natureza estão em alta, bem articulados politicamente. Aprovaram na Câmara dos Deputados, medida provisória determinando que o governo passe terras públicas de até 1.500 hectares para as mãos de proprietários particulares sem licitação.
A Medida foi concebida com o objetivo de proteger os posseiros radicados há muito tempo na Amazônia. Porém, os maiores beneficiários serão os grileiros. A MP permite também que detentores de outras propriedades e empresas sejam agraciados com terras públicas, que terão até o poder de revender. Na verdade a “MP da grilagem” incentivará a especulação com a terra na Amazônia.
Existe no Congresso uma verdadeira ofensiva contra a Floresta com propostas que prejudicam o Meio-Ambiente, entre elas, a que facilita a concessão de licença ambiental para obras em rodovias federais, e a que anula artigos do Plano Nacional de Combate ao Desmatamento, como o que prevê punições para os municípios que mais desmatam.
Cerca de 75% do 1 bilhão de toneladas de gás carbônico emitida pelo Brasil, todos os anos vem de mudanças no uso da terra, como indica relatório do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, ou seja do desmatamento. E quase todo o desmatamento se concentra na Amazônia.
A maior floresta tropical do planeta já perdeu 600 mil quilômetros quadrados (15% de sua área), para lavouras, pastos e cidades. Até o ano 2100, poderá perder aproximadamente 20% para o aquecimento global, num fenômeno conhecido como “savanização”. Um verdadeiro crime.
No sul da Bahia, cenário de remanescentes da Mata Atlântica, diversos projetos ameaçam o meio-ambiente, como: o Porto Sul, o novo aeroporto de Ilhéus, a ZPE – Zona de Processamento de Exportação, A Ferrovia Leste/Oeste e a duplicação da rodovia Itabuna/Ilhéus, pela margem direita o Rio Cachoeira. Isso tudo sem falar em velhos problemas como a poluição dos mananciais aquíferos pelo esgoto e o lixo depositado a céu aberto nos diversos municípios.
Porque ao invés de projetos degradantes ao meio-ambiente, não se apresenta alternativas como a despoluição da Bacia do Rio Cachoeira, a construção de usina de reciclagem de lixo e o incentivo a industrialização do chocolate, agricultura familiar e o turismo ecológico?
É bom lembrar que as maiores vítimas dos desastres ambientais (enchentes, incêndios, desmoronamentos, secas, etc) são os pobres. Portanto, a busca desenfreada pelo crescimento econômico e seus consequentes desastres possui causa e efeito, com a luta de classe.
Os homens e mulheres de espírito lúcido têm muito que fazer pela conservação do Planeta e a preservação da vida, do contrário, em pouco tempo restará apenas o homem, seus bichinhos domésticos amestrados, sua sede pelo poder, futilidades e vaidades. “ADMIRÁVEL MUNDO NOVO”!
Jorge Barbosa é presidente do Sindicato dos Bancários.