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Do Política Etc:
Imagine a situação: uma casa está com grande vazamento de água e o proprietário, com o objetivo de resolver o problema, manda aumentar o abastecimento, sem fechar o rombo por onde o recurso é desperdiçado.
É mais ou menos o que o governo procura fazer, quando tenta criar um novo tributo num país como o Brasil, onde os rombos da corrupção continuam provocando megavazamentos de dinheiro público. Antes de estabelecer novo imposto, ou contribuição – como agora se pretende com a ressurreição da CPMF em nova roupagem – o correto e honesto seria combater a roubalheira.
O Brasil tem notoriamente uma das maiores cargas tributárias do mundo, combinada com serviços públicos vergonhosos. Por fora, a voracidade do estado. Por dentro, a fome dos larápios que infestam o poder público (federal, estadual e municipal).  Embaixo, um povo assaltado.
Dizem que a Contribuição Social para a Saúde (CSS), sucessora da CPMF, é absolutamente necessária para pagar as contas do SUS. Quem conviveu com a CPMF deve se lembrar que o dinheiro desta contribuição, criada para reforçar o caixa da saúde, serviu bem pouco ao seu objetivo. E certamente, como parte da arrecadação do Estado, serviu muito a objetivos inconfessáveis.
Cabe uma pergunta: faltam recursos para a saúde no Brasil ou o setor é mais uma vítima da corrupção e ineficiência do poder público?
Um “baianim” amigo deste blogueiro passava temporada numa cidade do interior de Santa Catarina, quando teve um problema de saúde e acabou num pronto-socorro. Atendimento da melhor qualidade, diagnóstico de labiritinte, exames agendados para o laboratório mais próximo do endereço onde o paciente estava hospedado… Alguns dias depois, aparece uma pessoa à procura do baiano na recepção do hotel: era uma assistente social do município, querendo saber se ele havia feito todos os exames, se estava tomando os medicamentos, como estava de saúde etc.
Pense em algo do tipo numa cidade como Itabuna, onde a incúria administrativa se junta a vícios dos mais nocivos e sabota qualquer possibilidade de um serviço de saúde de qualidade. Os recursos que chegam são os mesmos, mas a cultura de não levar a coisa pública a sério é o grande problema.
Mas todos os problemas se acabaram: para salvação geral, vem aí mais um tributo.