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O medo, como se sabe, costuma provocar cegueira e surdez. Ninguém está seguro em locais em que a presença da polícia é quase miragem.

Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com
Ana Clara Galdino, de quatro anos de idade, brincava com as amiguinhas na porta de sua casa, uma residência modesta no bairro Califórnia, periferia de Itabuna.
De repente, desapareceu sem deixar vestígios.
Como se fosse natural uma criança desaparecer enquanto brinca na porta de casa, mesmo diante de tantas coisas sobrenaturais que ocorrem numa periferia dominada pela violência, pelas drogas e pelo medo.
Ana Clara, que brincava com as coleguinhas quando foi raptada sem que ninguém desse conta, tornou-se um hiato.
Onde estaria Ana Clara? Perguntaram os familiares, os amigos, já que, aparentemente, ninguém viu nem ouviu nada.
O medo, como se sabe, costuma provocar cegueira e surdez. Ninguém está seguro em locais em que a presença da polícia é quase miragem.
Quatro dias depois, soube-se finalmente onde estava Ana Clara.
Ou o que havia restado da menina meiga, doce e brincalhona, na ingenuidade angelical de seus quatro aninhos de vida.
Ana Clara era apenas um corpinho abandonado num terreno baldio. Estava morta.
Ana Clara teve os cabelos raspados, o que pode indicar algum tipo de ritual macabro.
Ao lado do corpo de Ana Clara foram encontrados preservativos usados, o que pode sinalizar que ela foi vítima de violência sexual, antes ou depois de ser morta.
Com ou sem ritual macabro ou violência sexual, a morte da menina Ana Clara é dessas coisas que chocam pela brutalidade.
Porque o simples ato de matar já é injustificável.
Que monstruosidade é essa que tira a vida de uma criança?
Que insanidade é essa que transforma seres aparentemente humanos em monstros?
Que mundo é esse em que a vida não vale nada, em que crianças desaparecem enquanto brincam e reaparecem mortas num terreno baldio?
Ana Clara Galdino, 4 anos.
“Parecia uma bonequinha”, disse à polícia a mulher que encontrou o corpo.
Uma bonequinha.
À brutalidade, soma-se a ironia involuntária.
Ana Clara brincava justamente de boneca com suas amiguinhas quando foi tragada por monstros, não de fantasia, mas tragicamente reais.
Daniel Thame é jornalista, blogueiro e autor do livro Vassoura.

7 respostas

  1. Agora eu quero v aquelas pessoas que ficam sensibilizada com mortes decrianças das classes ricas tomarem essa morte como sendo alguem da sua familia.ate agora eu não vi foi nada nem o jornal nacional falou, ninguem fala nada. sabe pq, a menina e pobrer e morana favela, se fosse branca e filha de ricos estaria na midia, como fiocu: Isabela NArdoni, Gabriel e tantos outros que foram mortos nesse pais, que v a classe social e a cor.

  2. Com tantas tragédias acontecendo em meio ao caos social decorrente da falta de políticas públicas de incentivos a melhores condições de vida de nossos brasileiros, fala-se em saúde, educação, segurança como preceitos fundamentais para alcançar o inatingível. Pois bem, esquecem que do outro lado(antagônico) mora o perigo, o medo, a miséria, a fome, a insegurança, o desamor.
    Um trecho da Bíblia cita: ” Homens contra Homens; Irmãos contra Irmãos e Nação contra Nação”. O presente-futuro naquela era tão incerto que a única certeza foi afirmar que as pessoas seriam devoradas pelo monstro da intolerância. Pobre Humanos.

  3. Amigo, nem tão periférica é a Califórnia. O crime este sim é digno de um ser brutal que abriga a periferia do espírito humano e com tal deve ser combatido e punido com o rigor da legislação penal. Repudio apenas, a forma de valorizar a espacialidade como forma de negativar o trabalho da Polícia e generalizar os que residem nestas áreas, por opção, modus de vida, ou simplesmente necessidade.

  4. Precisamos unir as forças da sociedade e trabalhar-mos juntos para combater a injustiça social que assola a nossa cidade. Pobreza não quer dizer imoralidade,mostrualidade. Mas o que vem aconteçendo é crítico , pois é apenas a ponta do icebergue. Diariamente em nossa cidade várias crianças são violentadas nos seus direitos, e ninguém faz nada!!!!Como dis no evangelho “a quem mais é dado mais será exigido”, por isso sociedade Itabunense abre os olhos, para o próximo não ser alguém da sua estima!

  5. eu acho ó mais simples alto de matar.
    já é enjustificável.
    a sociedade o acolhe pelo cargo que o.
    cupa,os excluidos vivem da cupa sinto muito porrisso
    a menina era um anjo uma bonequinha de apenas 4,anos…..ok

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