Tempo de leitura: 2 minutosMarco Wense
Depois de um bom tempo esquecida, a discussão sobre a necessária reforma política vem à tona. Sempre é assim: a coitadinha é deixada de lado e, depois, aparece.
O deputado federal Josias Gomes coloca o financiamento público de campanha e a lista pré-ordenada como itens mais importantes da reforma.
Discordo em relação a tal da lista, já que outros pontos merecem mais atenção: o voto distrital, o aperfeiçoamento do instituto da fidelidade partidária e outras medidas contra a prostituição eleitoral.
“É necessário uma mobilização, a mais ampla possível, em torno dos itens financiamento público de campanha e a lista pré-ordenada”, diz o petista.
A lista pré-ordenada, se aprovada de acordo com o andar da carruagem, vai inibir o surgimento de novas lideranças políticas, já que os donos dos partidos, conhecidos como “mangangões”, serão os primeiros da fila.
A defesa da lista partidária como prioridade deve ser assentada em fortes e convincentes argumentos, sob pena do parlamentar ficar com a pecha de exterminador de novas lideranças.
REFORMA POLÍTICA (2)
Para Itamar Franco – senador eleito pelo estado de Minas e ex-presidente da República –, a solução para acabar com o mandonismo nas legendas são as candidaturas avulsas.
É evidente que candidaturas a cargos eletivos sem precisar de filiação partidária é uma medida extrema. A iniciativa, no entanto, serve de alerta para os que se acham proprietários de partidos.
Além da defesa da candidatura avulsa, Itamar Franco, que vai presidir a comissão especial da reforma política no Senado, quer o fim do instituto da reeleição.
“Vivemos uma ditadura de partidos. Os partidos são dominados por cúpulas”, diz, com toda razão, o ex-presidente da República.
REFORMA POLÍTICA (3)
Qualquer iniciativa que vise o fortalecimento do regime democrático e, consequentemente, dos partidos é salutar. O povo brasileiro agradece.
A prostituição eleitoral, assentada no vergonhoso toma-lá-dá-cá, na compra de votos e no escancarado fisiologismo, deve ser incinerada, extirpada do mundo político, sob pena de contaminar outras instituições da sociedade.
Se a lista partidária (ou pré-ordenada) for implantada a toque de caixa, para satisfazer interesses de grupos políticos encastelados no poder, vai inibir o surgimento de novas lideranças.
Partido Político é para servir o povo. Não pode ser instrumento para satisfazer projetos pessoais de políticos inescrupulosos.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.