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Daniel Thame | danielthame@hotmail.com

A onda de violência que assola o eixo Ilhéus-Itabuna, com sete assassinatos no último final de semana, além do banho de sangue que eleva o índice de homicídios à estratosfera, acaba produzindo situações, digamos, inusitadas.

Tome-se, por exemplo, um assalto a ônibus ocorrido na linha Itabuna-Barro Preto.

Assaltos a ônibus, assim como furtos, roubos e arrombamentos raramente merecem registro, diante da profusão de assassinatos. As vítimas, muitas vezes, nem se dão ao trabalho de prestar queixa. É pura perda e tempo e chateação.

Mas o assalto em questão chama a atenção pela situação em que se deu, digna de entrar para o anedotário, não fosse o fato de que a explosão da criminalidade não tem graça alguma, muito pelo contrário.

O citado ônibus seguia sua trajetória normal junto à outrora pacata Barro Preto. Num determinado ponto, entraram três rapazes. Mais outro ponto e entram mais três rapazes. Simples passageiros nessa profissão onde, como na vida, tudo é passageiro, menos o motorista e o cobrador.

(Um parêntese: em algumas linhas até o cobrador tornou-se dispensável. Sua função é acumulada pelo motorista. Isso, enquanto não inventam ônibus dirigidos por robôs).

Voltemos ao ônibus.

Três rapazes nos bancos de trás, três rapazes nos bancos da frente, os passageiros não vendo a hora de chegar em casa, para o merecido descanso.

Eis que, subvertem-se até os chavões. Nem tudo no ônibus é passageiro, motorista ou cobrador.

Num trecho de pouco movimento, três dos rapazes, armados de facas e revólveres, anunciam o assalto.

“Mais um assalto”, devem ter pensado os passageiros, o motorista e o cobrador, já pensando na aporrinhação do registro da ocorrência.

Não era apenas “mais um assalto”, posto que veio o inacreditável: assim que os três primeiros rapazes anunciaram o assalto, os outros três rapazes, igualmente armados de facas e revólveres também anunciaram o assalto.

Numa dessas coincidências absurdas, que apenas reforçam a que ponto chegaram os índices de criminalidade, duas quadrilhas que não se conheciam decidiram assaltar o mesmo ônibus.

Poderia ter havido uma disputa pela primazia do assalto, com tiroteio e conseqüências trágicas. Mas os marginais foram de uma nobreza de nobre inglês.

Chegaram a um acordo e socializaram o produto da rapinagem: 350 reais da empresa de ônibus e minguados 14 reais dos passageiros, além de telefones celulares.

Moral da história: é tanto bandido que vão ter que criar uma escala para os assaltos, coordenada por um hipotético Sindicato dos Ladrões.

Imoral da história: duas quadrilhas assaltando o mesmo ônibus chega a ser pitoresco, mas os assassinatos em série e essa onda de insana de violência precisa de um basta.

Porque não tem nada de passageira…

Daniel Thame é jornalista e escritor.

0 resposta

  1. Que situação que me fez lembrar de uma outra que passei!
    Uma vez estava eu mais 4 amigos voltando de Olivença e nosso carro “quebrou” perto da cabana guarani. Um carro com 2 caras parou e anunciou o assalto com… facas!! Meio na insanidade do álcool e meio na técnica do jiujtsu, nós 5 partimos pra cima e moemos os dois no pau! A polícia levou os manés e ainda deu uma chupeta no carro. Isso mesmo, era somente a maldita bateria que estava falhando e fazendo o carro morrer.

  2. Creio que o nobre jornalista se equivocou, …!!!

    Violência não ocorre apenas em Itabuna e Ilhéus, mas em todo o estado da Bahia, …!!!

    Os dados mostram que a violência aumentou muito na Bahia nos últimos quatro anos e, do jeito que vai, continuará aumentando pelos próximos quatro, …!!!

    Mas como foi o próprio povo que escolheu continuar a viver desta forma, então não há do que reclamar, …!!!

    “Dá-lhe 13”, …!!!

    Agora aguentem, …!!!

    Triste Bahia, …!!!

  3. Fora os roubos “legalizados”,em Ilhéus por exemplo,estão metendo a mão no bolso dos condutores de veículos sem nenhuma pena,pois os “pardais”(ou seriam morcegos?)multam sem pena e sem aviso prévio claro,mas justiça mesmo só de vez em quando e no sul do país,quando uma matéria que aborda o tema é veiculada no fantástico,como somos nordestinos(seria sinônimo de ATRAZADOS?)ficamos a ver navios e sem amparo nem do ministério público que jamais se manisfestou sobre o assunto,mesmo depois das denúcias das máfias das multas que ajem em todo o país.Um dos vários exemplos de roubo legalizado e que vem de cima e estimula outras modalidades não menos lesivas a sociedade.Cadê a legalidade? quem a garante?.

  4. “Seu Pimenta”, eu não havia escolhido deixar um comentário sobre esta banalização do crime sub-desenvolvido acontecendo na região grapiuna, mas aconteceu (não sei porque), encontrei meu nome e meu e-mail já registrados aqui e resolvi deixar um comentário sobre os “comentaristas”…”Seu Cri-Cri”, como Daniel Thame poderia sorrir, tendo de relatar todos esses casos escabrosos acontecendo na região ? Mas, neste belo artigo sobre o “Sindicato dos Ladrões”, ele realmente deveria ter sorrido… “Seu Neto,seu Carlos e seu Sérgio”. O rodízio das quadrilhas assaltantes já está implantado. Vejam o volume alarmante de assaltos e assasinatos ocorrendo diariamente em Itabuna e Ilhéus…E, só existe uma solução. A população precisa se armar bem, como fazem os americanos e passar a enfrentar os bandidos em todos os campos de luta, nos assaltos a ônibus, em residências, nas “saidinhas bancárias”, nas fazendas e não somente os bandidos verdadeiros, mas também os “Sem Terra” e os falsos índios travestidos de índios verdadeiros. E, quando ouvirem aquela lorota de que “Precisa-se Desarmar a População”, não acreditem. Estão querendo desarmar você, para o assalto ficar mais fácil para os bandidos…

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