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Walmir Rosário | wallaw2008@hotmail.com
 

Apesar de ser considerado um profissional competente, um urbanista experimentado, um secretário de Viação e Obras que teve competência para mudar “a cara” de Itabuna, Ronald Kalid não é analisado por essas qualidades.

 
Cara feia, não dá risada no meio da rua, não cumprimenta as pessoas. Esses são três das características consideradas negativas para um candidato a qualquer dos cargos políticos existentes. Em Itabuna, um dos pretendentes ao cargo de prefeito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Ronald Kalid, é distinguido por possuir justamente esses três atributos, ou mais.
Daí, se torna voz corrente em alguns grupos políticos e até de profissionais da imprensa, a impossibilidade de Ronald Kalid se eleger prefeito de Itabuna. Os motivos citados são os mesmos de sempre: não dá tapinha nas costas, beijinhos nos eleitores e tampouco promete rios de leite e ribanceira de cuscuz assim que consiga se eleger.
É assim que a banda toca. O mais absurdo é que as avaliações partam justamente de pessoas que têm o dever de conscientizar a população e não construir mitos para depois derrubá-los, num ato explícito de iconoclastia. Ascendeu a um cargo de destaque, vamos cortar seus pés, conforme a prática costumeira de tempos bem remotos. Criamos os mitos, mas não idolatramos.
É incrível que nos tempos atuais a modernidade ignore princípios filosóficos como os criados pelo Iluminismo, que procurou mobilizar o poder da razão a fim de reformar a sociedade, indo contra a intolerância e os abusos cometidos pela Igreja e o Estado. Entretanto, mais de 300 anos depois, estamos vendo esses absurdos de volta e em voga.
Até bem pouco tempo, a cooptação de políticos era uma prática largamente utilizada pelos políticos de situação, com a finalidade de convencer membros da oposição da importância dos projetos de governo. Com isso, aumentava o poder junto ao legislativo, tudo em nome da governabilidade. Artimanhas à parte, esse processo era feito com bastante discrição, para não despertar a ira dos políticos de partidos adversários.
Mas os tempos são outros e, sequer terminada a apuração dos votos, os parlamentares “caem em campo” para se oferecer ao prefeito, governador ou presidente da República. O modus operandi mudou e o parlamentar, que antes era o agente passivo, agora é ele o agente ativo, que age sem a menor cerimônia, sob a desculpa de que com a queda do muro de Berlim tudo em política é permitido, inclusive a esculhambação.
É claro que os políticos nunca foram santos ou anjinhos, mas prevalecia a fidelidade partidária e, pasmem, a ideologia. Esquerda e direita, quando eram sinônimos de vanguardismo e conservadorismo, respectivamente, tinham programas debatidos entre os diretórios e militantes e eram apresentados como se fosse uma constituição partidária a ser seguida. Os políticos que não queriam se submeter às regras desses partidos se filiavam em partidos considerados de centro e circulavam com desenvoltura em palanques divergentes, sem nenhum constrangimento.
Atualmente, três partidos se odeiam e tentam eliminar uns aos outros: Democratas (DEM), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Partido dos Trabalhadores (PT). DEM e PSDB possuem programas parecidos e se unem contra o PT, sendo que a recíproca é mais que verdadeira. Embora as diferenças possam parecer abissais, tem sido muito frequente a presença de “tucanos” se bandeando para as hostes petistas.
Na Bahia não é diferente e muitos desses parlamentares se ofereceram no primeiro momento ao Governo do Estado. Alguns aceitos, outros não. Este último grupo, talvez por não ter sido considerado confiável do ponto de vista da traição, se é que essa premissa é possível. Outro grupo também se sobressai pela capacidade de oferecer seus serviços – especializados, diga-se de passagem – a quem realizar o melhor pagamento.
Vende o partido sem consultar a executiva ou diretório, sob a desculpa de que a eleição e o mandato o conferiu prerrogativas suficientes para agir como déspota, em tempos em que perdura a democracia – mesmo a burguesa. Esquerda e direita é apenas uma simples orientação espacial representando lados opostos, até mesmo por falta de conhecimento de que houve a Revolução Francesa, com girondinos a jacobinos. Pouco importa.
O risco maior é perder o controle do partido, utilizado nas barganhas políticas nem sempre confessáveis. O partido é apenas um instrumento de negócio, composto por pessoas da estrita confiança e que não costumam fazer perguntas. Estão ali para servir ao chefe que lhe provêm através de cargos públicos de gabinete ou em sinecuras na máquina executiva. Caso haja divergência não haverá lugar para a convivência democrática das partes e uma das duas terá que procurar novo abrigo.
Mas voltando ao PSDB de Itabuna, a direção do partido, após ouvir a direção estadual, garante candidatura própria, dada a condição de grande partido e possuir um grande cabedal de eleitores. Entretanto, sem ouvir a maioria, filiado com mandato faz estardalhaço de que o partido será “negociado” ao DEM do Capitão Azevedo, não se sabe a que tipo de acordo ou quais os contratos que serão firmados.
O fato é que, apesar de ser considerado um profissional competente, um urbanista experimentado, um secretário de Viação e Obras que teve competência para mudar “a cara” de Itabuna, Ronald Kalid não é analisado por essas qualidades. Muda-se o conteúdo do debate, privilegiando-se a característica populista (negativa), desprezando-se a essência, o caráter e o preparo do candidato para ocupar um cargo público. Quanta pobreza de pensamento!
Daí que me pergunto: Por que e do que essas pessoas têm medo? De Ronald Kalid mudar o relacionamento político entre os partidos? Extinguir o relacionamento promíscuo entre os poderes executivo e legislativo? Dar dignidade ao relacionamento com os fornecedores, contrato com pessoas físicas e empresas? Não firmar contratos para prestação de serviços “amarrados” ao apoio político?
É essa a gerência da coisa pública que geralmente se quer, mas que não se costuma praticar. Enfim, resta apenas uma pergunta: Você quer votar num candidato a prefeito de Itabuna com esse perfil ou em alguém que consiga manobrar (como sempre) e ainda saia por aí distribuindo beijos e abraços? Minha preferência continua sendo pelo primeiro. E a sua?
Ainda é cedo de mais para lançarmos candidato (ou pré-candidato, para não incorrer em crime eleitoral), mas essas mal traçadas linhas têm apenas a finalidade de alertar eleitores e profissionais da mídia sobre o “lugar comum” das análises, feitas corriqueiramente de forma errônea.
Walmir Rosário é advogado, jornalista e editor do site www.ciadanoticia.com.br

0 resposta

  1. Que bom que o PSDB lance um candidato sem vícios com a politica do é dando que se recebe, que bom que o PSDB consegue convencer o Dr. Ronald. O PSDB possue um bom quadro de homens de bem que assim como o Dr Ronald, pode administrar com competencia a nossa cidade, citaria Dr. Julio Brito, Dr. Silvio Porto, Engenheiro Francisco França, Dr. João Otavio, dentre outros.

  2. COM TANTOS ANOS DE POLITICA, ACHO INCRIVEL OS QUE SE DIZEM ENTENDER DE POLITICA, “POR CONTA DE MANCHETES DE CORRUPÇÃO NA POLITICA” DESPREZAREM QUE UM LIDER TEM CARACTERISTICA INDISPENSÁVEL COMO CITADA NO 1º PARAGRAFO DO TEXTO. O POLITICO NÃO É SÓ UM GESTOR DE DINHEIRO PULBLICO, PENSAR ASSIM É INGNORANCIA

  3. ACHO QUE UM POLÍTICO TEM QUE SER NO MÍNIMO “SIMPÁTICO” PQ O QUE VAI ENTRAR NO “BOLSO” DELE DEPENDE DOS ELEITORES E NINGUÉM ME CONVENCE QUE “NENHUM” POLÍTICO PENSA “SÓ” EM BENEFICIAR A CIDADE “SEM” ANTES SE BENEFICIAR. A PESSOA P SER SIMPATICO Ñ PRECISA SER FALSO PQ A SIMPATIA FAZ PARTE DA EDUCAÇÃO DOMÉSTICA. E COMO VOTAR NUM CANIDATO QUE PASSA P VC E Ñ DÁ NEM UM “BOM DIA”? SE É ASSIM ANTES IMAGINEM DEPOIS QUE SE ELEGER…TÁ DIFÍCIL…

  4. Olha, geralmente não concordo muito com os posicionamentos desse jornalista, Sr. Walmir, que inclusive tem as mesmas caracteristicas do Sr. Ronald Kalid, ambos tem uma “cara de limão terrível” tem serias dificuldades em demonstrar um minimo de simpatia, detestam parecer pessoas agradáveis. Aliás, o Sr. Kalid é um assíduo frquentador das pistas de caminhadas da Beira-Rio, sempre o vejo por lá, nunca ví o cidadão esboçar um sorriso, um cumprimento para quem quer que seja. Não significa que ele é melhor ou pior candidato a candidato, até porque, toda simpatia de Azevêdo na campanha, abraçando e beijando velhinhas e criançinhas, resultaram nesse presente “maravilhoso” que estamos tendo de aguentar. Mas, Sr. Ronald, cortesia e simpatia não doem, não fazem mal a ninguem.

  5. Parabéns pela brilhante análise colocando os devidos pingos nos “is”. Itabuna precisa de mudança na maneira de agir e de pensar, já tivemos os tapinhas nas costas, os beijos e abraços apertados, agora é hora de aprendermos o caminho da democracia, do planejamento, da administração. Não se pode pensar numa cidade tendo como espelho Sucupira, precisamos de gestão, de compromisso e comprometimento, sei que isso vai contrariar muita gente e sei que é um trabalho árduo e penoso que exigirá pulso firme e coragem para enfrentar.
    Não precisamos mais de um prefeito que anda a cavalo em plena Cinquentenário. Basta!

  6. Esse jornalista é ex-secretário de Azevedo.Durante um bom tempo trabalhou a favor desse governo que esta aí. Segundo informações foi indicado por eminencia parda do governo chamado por Josias Miguel. Agora quer falar de ética e conduta na politica, avaliando um nome que desde de 88 deixou de ser secretário e durante esses 23 anos nada tem feito para melhorar o nosso planejamento urbano já que ele se diz especialista. Aonde estava Ronald Kalid, quando Fernando, Geraldo foram prefeitos? Quais bandeiras ele levantou? Ronald é tão bom que foi candidato a deputado lançado por Adervan e teve pouco mais de 3.000 votos. Os pre-requisitos dele não foi suficiente para elege-lo porque não basta ter cara feia tem que ter competê ncia para discordar e ser atuante como ideologista. Ronald não diz nem se quer ser candidato, a vontade politica é de Adervan que inclusive tem um contrato de mais de 20.000,00 com a Prefeitura de Itabuna, que empregou vários funcionários do Jornal dele na gestão do Prefeito Fernando Gomes e alguns permanecem na atual gestão de Azevedo. Agora quero perguntar também porque Ronald é tão direito e tem um convívio permanente com o presidente da Câmara Ruy Porquinho?

  7. rsssss,aposto 1/2 batida (das pequenas) la do abc da noite do cabocolo alencar,uma bituka de cigaro paraguai,uma latinha de cerveja ja golda(latinha piriquete)que ronald kalid nao terá 1.5% dos votos validos de itabuna o primeiro suplnete de vereador do psdb tera mas votos que ele pra prefeitos que apostar?rssssssss

  8. Ronald Kalid no campo da Administração Muncipal foi apenas e simplesmente Secretário de uma administração que é tida como das melhores de Itabuna porque, infelizmente tomamos como parâmetro as sucessivas gestões desastrosas pós Ubaldo “arrogância” Dantas, portanto, isso não o credencia a ser tido como o salvador da pátria do nosso sofrido e combalido Município, ademais o PSDB de Itabuna é umas piada, quase inexpressivo nas mãos de dirigentes sem traquejo político e o pior, atualmente com a maioria dos filiados e dirigentes na sua grande maioria sem densidade eleitoral, para completar, sob a batuta de um tendencioso e incompetente empresário do ramo da comunicação. Voltando á avaliação do Governo Dantas, podemos citar como iniciativas desastrosas e aí coloco o Sr. Ronald Kalid como coadjuvante, a cessão do local onde outrora funcionava o campo da Desportiva para construção do Centro de Cultura, sem o mímimo planejamento de contrapartida para construção de outro estádio amador (coincidência ou não o nosso futebol amador desde aí nunca mais foi o mesmo)e a construção de um oneroso elefante branco no Bairro da Conceição denominado Espaço Cultural que além de abrigar uma biblioteca pífia, poderia ser denominado “carandiru” pois lá é que se reunem e se aglomeram o que há de pior em termos de criminalidade na nossa cidade,a diferença é que estes são livres e bem remunerados para praticar o mal aos sofridos cidadãos Itabunenses.

  9. Zelão diz: – A opção pelo; quanto pior melhor!
    Caro Walmir;
    O seu artigo me faz lembrar uma crítica sobre um velho filme, que volta a ser exibido, agora sob nova roupagem; com novo título; novos atores, porém com o mesmo enredo.
    Sempre escutamos em véspera de eleições, recomendações para com os cuidados que devemos tomar na escolha dos candidatos que iremos votar. São apontados valores intrínsecos que devem fazer parte do perfil dos candidatos, tais como: competência administrativa, comportamento ético, propostas coerentes e, identidade política. Ao que tudo indica o povo não está nem ai para esses atributos e acaba elegendo, justamente aqueles que em contrário, se apresentam descaradamente como “anticanditados” do politicamente correto.
    Parece agradar e ser mais confiável votar e eleger, justamente aqueles; que pela sua fraqueza moral confessa, seja mais vulnerável e predisposto a fazer os “acordões” que beneficiem a ambas as partes: – “O dando é que se recebe.”
    Aqui mesmo na política da nossa terrinha, temos assistido a reprise desse velho e embolorado filme. De alguns; fomos até atores coadjuvantes ou meros figurantes.

  10. Perfeito ponto de vista, pegou num ponto crítico do nosso Brasil. Aki se elegem os “pseudos amigos” que iludem o povo c/ tapinha nas costas entre outras coisas e ñ o gestor sério e comprometido.
    Por outro lado passo pelo Sr. Ronald Kalid praticamente todos os dias e em nenhum desses dias deixei de ser comprimentado c/ um sorriso simpático e atencioso.

  11. Francamente falando… é mais fácil eleger o zangado das histórias branca de neve do que este tal de Kalid. É melhor ele continuar Kalado no Kanto dele sem ouvir Adervan de preferência.

  12. Será que sou diferente…. Pois Ronald e sua simpática esposa é só sorrisos quando nos cumprimentamos.
    Acredito que tem que haver uma reciprocidade quando do encontro, etc….Lembro de um candidato a vereador que dizia:
    Se falamos/cumprimentamos é porque estamos interessados em eleição, etc….
    Se não falamos, dizem: Metido e ainda quer se eleger….é dose…. Ronald seria uma boa opção!

  13. -VOU CITAR AQUI DOIS ÓTIMOS EX-PREFEITOS QUE NÃO SÃO CARISMÁTICOS, MAS QUE FIZERAM UMA ÓTIMA ADMINISTRAÇÃO COM TOTAL LISURA E TRANSPARÊNCIA: JOSÉ ODUQUE (ITABUNA), JOSÉ MENDONÇA(IPIAÚ), COINCIDENTEMENTE OS DOIS JOSÉ SÃO MUITO RICOS, TALVEZ ISTO JUSTIFIQUE OS DOIS NÃO TEREM ROUBADO O ERÁRIO PÚBLICO.

  14. Zé do Caminhão, se quer convencer alguém, domine primeiro as regras básicas da língua portuguesa, rsrsrs… Sobre Ronald, não o conheço, mas gostei do texto!

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