Tempo de leitura: 2 minutos

Jean Duarte dos Santos foi assassinado diante do filho (reprodução do Jornal Agora)

A foto do repórter Léo Machado que ilustra a manchete do jornal Agora nesta quarta-feira, 25 de janeiro, poderia passar como tantas outras imagens da violência cotidiana com a qual terrivelmente nos habituamos. Sobre o chão de terra batida, o corpo de um homem que veste camisa vermelha, cor do sangue que que tinge a terra e mancha a alma de quem não se conforma em ver homicídio simplesmente como estatística.
Jean Duarte dos Santos, 32 anos, era pedreiro, usuário de drogas e tinha quatro filhos. Andava de bicicleta por uma rua do bairro Pedro Jerônimo, levando um dos rebentos, de quatro anos de idade. Ao passar em frente a uma igreja, por volta do meio-dia, foi abordado por outro homem, que lhe atingiu com vários tiros. O filho de Jean assistiu a todo aquele horror e marcou sua vida para sempre com uma experiência que não deveria fazer parte da história de uma criança.
O pedreiro foi a sexta vítima de homicídio em Itabuna, nos últimos cinco dias. Mais um numa série de mortes que tem a droga como elemento central e atingem não somente quem perde a vida, mas quem perde um filho, um irmão e também quem vê a própria infância se acabar de repente, aos quatro anos de idade.
Essas mortes atingem igualmente toda a nossa sociedade, incapaz de encarar a violência como problema social. Em vez disso, aparenta um prazer macabro diante de fotografias de corpos, estampadas em jornais e na internet. Assim como há quem se divirta com programas que procuram fazer humor com miseráveis presos com migalhas de crack, expostos feito bichos num circo de horrores, para deleite de uma plateia ensandecida e demente.

0 resposta

  1. ESSA e a pura verdade que esse texto sirva de explo.tudo que esta acontecendo me lembra as historia de roma antiga ,a populaçao sendo disimada e cumida pelo os leoes e a populaçao assitindo tudo dando risada achando tudo normal.aqui deixo um vesiculo da biblia 2 a timoteo capitulo 3 vesc de 1 ao 7.

  2. Brilhante observação e lamentável situação.
    Parte da mídia faz sensacionalismo com a miséria alheia, são urubus, rapineiros que se alvoroçam ao poder bebericar um pouco do sangue das vítimas diante de platéias nuas de consciência, incapazes reagir frente essa degeneração da sociedade.
    Mas, palmas aos que alertam expondo e debochando da miséria alheia. Parece ser melhor expor do que discutir a solução. Quanto mais misérias melhor para estes alardeadores – alertadores.

  3. Que DEUS tenha misericordia de nós, que estamos propicios á esta praga chamada crack, mesmo indiretamente temos obrigação de arregaçar as mangas… se ficarmos parados vamos ver a degradação da raça humana em qualquer hora em qualquer momento. Se investem tantos em coisas futeis e porque não investir em seres humanos?
    As pessoas estão perdendo o amor, a droga acelera este processo, congela o cerebro… suas reaçoes são mortais.
    Itabuna, Itabuna…. coitada … que esperança vamos dar aos nossos filhos, netos , bisnetos? O que contaremos a eles? Que Itabuna era uma das cidades mais violentas em proporçoes? Que uma epidemia cresce a todo momento e niguem faz nada? Que um mosquito que podemos mata até comum sopro destroi sonhos em um piscar de olhos? O Rio cachoeira… este ainda consegue respirar por meritos proprios….? O sangue jorra nesta linda cidade… de tesouros, de boas terras, de grandee acolhimento… mas até quando…. até quando?

  4. Fugindo um pouco do assunto, mas o cara é pedreiro, com 4 filhos pra criar, vai toma no c#$ pô. Pra completar ainda vai mexer com drogas, só podia dar nisso. Crack, maconha, são tudo um passaporte pro inferno….

  5. Quero parabenizar o autor do texto publicado, que retrata a triste realidade de uma cidade norteada por várias violências, e no topo de estatísticas, os homicídios. A polícia judiciária vem promovendo excelentes intervenções, porém, ineficazes, já que enquanto cidadãos, precisamos modificar a “raiz” desse caos, e a interferência da polícia mencionada, é investigativa… isso não redireciona a criminalidade, no máximo, a diminui. Mas o que se esperar de um município mal administrado, sem políticas sociais eficazes e que sequer tem um entretenimento diverso de mesas de bares??? Nada contra uma mesa de bar, até gosto, mas adoraria entrar num teatro, num cinema… e na minha cidade não têm. Logo, são estes os “filmes” que “a cidade” disponibiliza, cujos autores (ainda que indiretos ou “isentos de itenções”) permanecem no interior de suas salas (leia-se prefeitura) e os atores protagonizam essas cenas de horror que Itabuna, por sua inércia, “legitimou” na árdua rotina de seu povo. Gostaria de me identificar, e até de solicitar a publicação deste desabafo, mas sou servidora pública estadual na área de segurança, razão que me faz limitar este pequeno texto. Respeitosa e atenciosamente, uma cidadã indignada.

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *