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Juvenal Maynart sugere a estação Joaquim Bahiana para o campus da Ufesba
Juvenal Maynart Cunha
 

O modelo cabruca, o modo tradicional baiano de cultivo do cacau, foi a única forma de produção citada como uma das 10 premissas para a garantia da sustentabilidade na produção de alimentos.

 
Há mais de 250 anos, desde quando foi introduzido na Bahia, o cacau é responsável pela conservação de recursos naturais em sua área de influência. Os primeiros produtores acreditavam que a sombra da cobertura das árvores era necessária para o aumento da produção. Assim, da mata nativa, apenas foi retirada a parte necessária ao plantio da cultura, ou seja, o sub-bosque.
Ao contrário do que diz a pesquisa da CNN citada na nota do Bahia Notícias, a cultura do cacau, no recorte Bahia, é que garantiu a conservação de grande parte do que resta da Mata Atlântica em nosso estado. Tanto é que, ao sobrevoar a região, o turista desavisado pensa estar planando sobre uma mata nativa. Bem, embora em muitas áreas esta já não seja mais intocada, é, sim, um exemplo de convivência entre a produção em larga escala e o meio ambiente. Embaixo da mata há uma cultura intensa, embora de baixo ou baixíssimo impacto ambiental.
Basta imaginarmos que no sul da Bahia, em apenas um hectare com plantação de cacau, no sistema Cabruca, podem ser (já foram) identificadas mais de 270 espécies de mamíferos (90 endêmicas); 372 de anfíbios (260 endêmicas); 197 de répteis (60 endêmicas); 849 de aves (188 endêmicas); 2.120 de borboletas (948 endêmicas). Foram encontradas, ainda, 458 espécies lenhosas, um recorde mundial.
O sistema cabruca é tão expressivo que a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento (MAPA), o adotou como modelo de produção, sistematizado no Projeto Barro Preto de Conservação Produtiva. O modelo Conservação Produtiva é o resultado de um conjunto de ações de baixo impacto ambiental, que prevê, inclusive, o georreferenciamento de todas as espécies arbóreas que compõem a plantação, além de ações que garantam os três aspectos basilares da sustentabilidade no meio rural: o ambiental, o social e o econômico.
Esse foi o modelo apresentado pela Ceplac na Rio+20, a Conferência da ONU para a Sustentabilidade. O modelo cabruca, o modo tradicional baiano de cultivo do cacau, foi a única forma de produção citada como uma das 10 premissas para a garantia da sustentabilidade na produção de alimentos, no documento do governo brasileiro entregue à ONU como contribuição da agricultura nacional para a sustentabilidade do planeta.
Portanto, no momento em que avançamos com a Conservação Produtiva – que nada mais é do que a sistematização do nosso modo tradicional, cultural e intrínseco do sul da Bahia, de plantar cacau –, essa informação de que o cacau do Brasil desmata a floresta é uma afirmação infeliz, pelo menos no que diz respeito ao recorte Bahia. A relação é exatamente a contrária: quando o cacau perde força e espaço, crescem as culturas que exigem derruba total da mata.
Essa foi a realidade constatada pelos principais chocolateiros do mundo quando da realização do Salon du Chocolat na Bahia, ano passado. Fica o convite para que todos – baianos, brasileiros e povos do mundo – venham ao sul da Bahia conhecer um modelo singular de produzir e consvervar, gerando divisas, empregos e inúmeros ativos ambientais. Sim, a proposta da Conservação Produtiva diz respeito ao mundo econômico também. Mas isso é outra parte dessa rica história.
Viva o cacau da Bahia!
Juvenal Maynart Cunha é superintendente Regional da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira na Bahia.

0 resposta

  1. A amos essa mesma historia, cade os isentivos $$$ ambientais para manter a cabruca,A lavoura cacaueira mantem nossos recursos hídrico, carbono, mantem ainda o homem no campo. E o que o cacauicultor recebe em troca. Acorda Ceplac pois se eu tivesse fazenda derrubava tudo para criar gado.

  2. É desse tipo de liderança, aliada a boa gestão do modelo que a região cacaueira sempre produziu, a cabruca, para que voltemos a sermos competitivos e retomarmos a direção da Ceplac para mãos baianas.
    É esse modelo de produçãos sustentada, fincada na agricultura familiar, que a nova direção em Brasília quer boicotar, trazendo pra cá o fermento da extinta UDR através dos representantes do agrobussines.
    Avante Superintendente, conte comigo, e Viva o Cacau e sua região cacaueira da Bahia.

  3. Parabéns, Juvenal, pelo belo texto.
    O que resta de mata atlântica na Bahia foi conservado por séculos, pelos pioneiros produtores de cacau. Nossos antepassados.
    O pior é que existem hoje muitos “espertos” criando “reservas silvestres e de bio-diversidade” na nossa região. Querem, enfim, os méritos de preservar o que já está preservado! Um verdadeiro estelionato ambiental…
    Se a Bamin precisa investir em preservação, que vá restaurar áreas degradadas no semi-arido, e não “financiar” reservas aqui. Parece que os ambientalistas espertos estão recebendo muita grana da Bamin!!!

  4. Há equivocos ao afirmar que a lavoura cacaueira protege a Mata Atlântica, ao contrário ela contribuiu para a sua devastação. Não se pode chamar de Mata Atlânticas algumas espécies de vegetação nativa utilizadas para o sobreamento da roça do cacau. Quanto a convivência de espécies da fauna silvestre habitando uma roça de cacau que utiliza para controle de praga defensivo agricolas (agrotóxico) tenho as minhas duvidas, mas para justificar o titulo tudo vale.

  5. SEU PIMENTA EU ACHO O TEXTO DESSE SENHOR MEIO INCOERENTE COM A REALIDADE QUE VIVEMOS. PORQUE A CEPLAC DEIXOU PASSAR DOIS SÉCULOS E AGORA NO LIMIAR DO SÉCULO XXI, VEI DESCOBRIR QUE O SISTEMA CABRUCA DE PLANTIO DO CACAU É VIÁVEL PARA CONSERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA. ISTO É, DEPOIS QUE ACABARAM COM A MATA!!! TENHO UM TIO QUE FOI FUNCIONÁRIO DA CEPLAC, E CANSEI DE LER MANUAIS DA CEPLAC EM QUE UMA DAS TÉCNICAS ERA A DERRUBADA DA MATA PARA FAZER UMA TAL “BALIZA” PARA O PLANTIO DO CACAU, PORQUE ERA MAIS PRODUTIVO. POR ISSO, OS AMERICANOS ANDAM CRITICANDO ULTIMAMENTE QUE O CACAU FOI RESPONSÁVEL PELA DESTRUIÇÃO DA MATA ATLÂNTICA. AGORA, ESSE SENHOR DÊ UMA RESPOSTA AOS YANQUES. QUE GRANDE DESCOBERTA!!!!

  6. Será que a CNN fez a pesquisa, baseada em informações da Vejaquelixo? Porque, se tem uma coisa que é fato, é que a Vejaquelixo não gosta do Brasil e muito menos da Bahia.

  7. No passado cometeu equívocos ao sugerir e/ou recomendar a derruba total das matas em estágios, avançado, médio e inicial de regeneração para o plantio do cacau. Após a derruba da mata plantava-se a bananeira que servia como cobertura para o cacaueiro, mas adiante optou-se por fazer o raleamento da mata, que consiste em retira o sub bosque e deixar na área destinada ao plantio do cacau apenas as árvores frondosa e com copas exuberante (cabruca). Numa área de 1 hectare (100 m x 100m = 10.000 m² = 1hectare) os agricultores deixavam cerca de 20 a 30 árvores. Pergunta-se essa área (cacaueiro com exemplares de vegetação nativa) ou exemplares de espécies de vegetação nativa enquadra-se como de Mata Atlântica. Acredito que não, e também não podemos afirmar que o plantio de cacau sob espécies de vegetação de Mata Atlântica é o suficiente para afirma que seja Mata Atlântica e que o cacau protege a Mata Atlântica. Podemos afirmar sem medo de errar que o plantio de cacau sob espécies de vegetação nativa é benéfico para a lavoura. Há enganos em afirmar que o cacaueira protege a Mata Atlântica.

  8. TENHO VERGONHA AS VEZES DE SER BRASILEIRA. OS AGRICULTORES DE TERRAS DE FLORESTA AZUL, IBICARAÍ, ALMADINA, ENTRE OUTROS MUNICÍPIOS. ESTÃO REVOLTADOS, POIS HERDARAM SUAS TERRAS USO E FRUTO DE PAI ,MÃE , UMA HERANÇA SECULAR. O GOVERNO DO ESTADO E FEDERAL , COM ESSE PROJETO DUVIDOSO QUER DESAPROPRIAR NOSSAS TERRAS. TOMAR AS TERRAS DOS AGRICULTORES A PREÇO DE BANANA E LEVAR AOS MESMO A MISÉRIA E AUMENTAR SUAS RIQUEZAS COM A DESGRAÇA DO POVO CACAUICULTOR.AS TERRAS DO SUL DA BAHIA SÃO RICAS EM TODOS OS TIPOS DE MINÉRIOS E BIODIVERSIDADES. Ñ ACEITAMOS ESSA DESAPROPRIAÇÃO INJUSTA.

  9. A MATA ATLÂNTICA EXISTE POR CAUSA DO CACAU.PORQUE OS CACAUICULTORES SEMPRE PRESERVARAM O MEIO AMBIENTE. ESTES AMBIENTALISTAS QUE VINHEREM LA DA CASA DO CHAPÉU TEM E MUITA INVEJA DOS AGRICULTORES DA REGIÃO POR QUE O SUL DA BAHIA E A REGIÃO MAIS RICA DO BRASIL, PORTANTO COBIÇADA POR TODOS , INCLUSIVE OS EUROPEUS.

  10. “AGRICULTORES DA REGIÃO SUL DA BAHIA PROTESTAM CONTRA DESAPROPRIAÇÃO INJUSTA DE SUAS TERRAS PRODUTIVAS PELO GOVERNO DO ESTADO, P/ CONSTRUÇÃO DE PQ. ECOLÓGICO”. PROJETO DUVIDOSO, POIS AS TERRAS SÃO RICAS EM BIODIVERSIDADE NA FAUNA E FLORA,ALÉM DE RIQUEZAS MINERAIS.” O GOVERNO OFERECE PREÇO INJUSTO QUE Ñ CONDIZ COM O VALOR DAS TERRAS DA REGIÃO. IMPOSSIBILITANDO ASSIM DO AGRICULTOR DE CONTINUAR SUAS ATIVIDADES EM OUTRA REGIÃO, POIS O VALOR PAGO Ñ DAR P/ OS AGRICULTORES COMPRAR NENHUMA OUTRA TERRAS COM AS MESMAS CONDIÇÕES NOUTRO LUGAR. ISSO É UMA VERGONHA!!! “QUEREM TRANSFORMAR O SUL DA BAHIA NUMA TERRA DE MENDIGOS”.

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