Tempo de leitura: 3 minutos

valéria ettingerValéria Ettinger | lelaettinger@hotmail.com

A mulher tem, também, o direito de fazer escolhas, de decidir os seus caminhos, construir sua própria história, compartilhar a vida, amar, ser amada, ser uma cidadã, ser sujeito de direitos, ser livre e digna de muito respeito.

Mais um dia Internacional da Mulher comemorado. Mais um dia para as indústrias cosméticas, de lingeries, de eletrodomésticos e floriculturas usarem da força do mercado e promover o consumo a esses produtos, como se o dia 08 de março fosse a representação do culto a beleza, da maternidade e da sensualidade e sedução. Como se as mulheres estivessem, apenas, desejando rosas, batom, sutiãs e um fogão.
Ninguém lembra que no dia 08 de março de 1857, cerca de 130 mulheres foram queimadas em uma fábrica nos Estados Unidos por estarem fazendo uma greve em prol da garantia de Direitos. Que os índices de violência contra a mulher, ainda, se encontram em um patamar de alto grau de risco e gravidade, como observamos os dados de violência física que matou, no Brasil, nos últimos 30 anos, cerca de 91.932 mulheres, colocando o Brasil no 7º lugar em “feminicídio” no ranking de 84 países, a Bahia em 6º lugar , Salvador em 94º nacional e Itabuna em 33º lugar estadual.
Que no campo do trabalho as mulheres são discriminadas e ganham menos do que os homens, que as mulheres são tratadas como objeto e são culpadas pela violência que sofrem e muitas delas acreditam que deve ser assim, pois a força da dominação do “falo” condiciona as mulheres a acreditarem que elas são submissas e devem estar sempre a serviço do seu homem, seja pai, irmão, marido ou amante.
Esse discurso dominante cria padrões comportamentais e estereótipos que são segregativos e fazem com que os homens estejam longe das mulheres e as mulheres longe dos homens. Padrões que promovem uma verdadeira prisão de valores e comportamentos, como se, desde a gênesis, eles tivessem sido definidos.

E a dança de gênero se configura em funções determinadas e determinantes, tais como, o homem não pode brincar de boneca, a mulher não sabe dirigir, o homem não pode chorar, a mulher que não é casada tende a ser vadia, o homem não tem obrigações domésticas, a mulher nasceu para ser mãe e esposa, o homem tem que ganhar mais que a mulher e não pode depender dela, mas a mulher tem que depender de seu homem, o homem não pode ser dono de casa e a mulher ser a chefe da família, que a mulher nunca tem direitos, só deveres, ou seja, “mulher minha só faz o que eu quero e só vai ter o que eu quiser que ela tenha”…
É chegada a hora de entendermos que o dia Internacional da Mulher é um dia de reflexão, um dia em que as mulheres precisam ser mulheres; devem se enxergar como mulheres; devem se amar, se respeitar, se empoderar, para não serem queimadas, apedrejadas, esquartejadas, jogadas aos leões, aos cães, esfaqueadas, atiradas, abatidas, feridas, doidas, oprimidas, amedrontadas, culpadas, vadias e um simples objeto.
Como disse minha amiga Aline Setenta, a mulher tem que receber flores, batons, perfumes, lingeries, ser fêmea. Mas tem, também, o direito de fazer escolhas, de decidir os seus caminhos, construir sua própria história, compartilhar a vida, amar, ser amada, criar filhos juntos, falar e escrever o que pensa,dançar, vestir o que quiser, dar gargalhadas na rua, ser uma cidadã, ser sujeito de direitos, ser livre e digna de muito respeito.
Para todas a mulheres e para todos os homens que estão percebendo ou já perceberam o quanto é importante para o equilíbrio da vida estarmos em harmonia com as energias sagradas do feminino e do masculino.
Valéria Ettinger é professora extensionista e mestranda em gestão social e desenvolvimento (UFBA).

5 respostas

  1. Respeitosamente discordo do teor do comentário de Valéria Ettinger, As mulheres avançam, e isso é notório e muito bom, já dá para se perceber com muita clareza, quase não se distingue diferenças. Não se pode é promover uma GUERRA DOS SEXOS!

  2. Salve as mulheres, mas,com a devida licença, observo alguns exageros discursivos generalizantes,p.ex. diz a articulista:
    1. “Que no campo do trabalho as mulheres são discriminadas e ganham menos do que os homens.”
    Pelo que sei, em todos os órgãos, nas esferas de poder do Estado, as mulheres ganham EXATAMENTE igual aos homens, nos mesmos cargos e níveis em ocupam.
    Uma Delegada, uma Deputada, uma Escrivã, uma Juíza, uma Promotora, uma Soldado, Professora…etc, ganham EXATAMENTE igual a um homem na mesmo cargo e nível.
    Na esfera privada,por exemplo, uma comerciária ganha EXATAMENTE igual a um comerciário, nos respectivo nível.

  3. Parabéns Valéria pelo equilíbrio e coerência do seu artigo. É notório o avanço das mulheres oriundo de seus esforços pelo seu reconhecimento enquanto cidadã o que não desmonta este sistema de coisas machista de dominação que herdamos de nossa ancestralidade. Por uma sociedade mais igualitária e mais justa onde pessoas não sejam classificadas por gênero e sim pela condição de SER HUMANO !!!

  4. Ato em favor das vítimas da violência doméstica marca passagem do dia da Mulher
    Uma ação realizada pelo deputado estadual Sidelvan Nóbrega (PRB) marcou a passagem do Dia Internacional da Mulher, em Salvador. Com o intuito de ganhar apoio e participação popular para a aprovação do projeto de lei nº 19.092/2011, o deputado esteve juntamente com sua equipe de assessores na última sexta-feira, na praça do Iguatemi, recolhendo assinaturas para o abaixo–assinado em favor das mulheres vítimas da violência doméstica.
    Através do projeto, o parlamentar quer garantir a prioridade de atendimento psicoterápico e de cirurgia plástica reparadora na rede pública estadual de saúde para as vítimas da violência doméstica e familiar.
    Segundo a proposta, a vítima poderá ter acesso ao procedimento mediante a comprovação da agressão e da deformidade por meio do boletim de ocorrência policial e do laudo médico, respectivamente.
    Para o deputado, a medida irá “devolver à vítima a aparência e autoestima, dando-lhe nova vida.”
    “A cirurgia reparadora é o procedimento que transcende a questão meramente estética. Em muitos casos, além de melhorar o aspecto físico, a cirurgia é indicada para reparar alguma disfunção ou anormalidades ocasionadas por uma agressão”, explica.
    As principais sequelas ligadas à violência praticada dentro do ambiente familiar são queimaduras e cortes profundos que, em muitos casos, deformam as vítimas.
    O parlamentar conseguiu recolher quase mil assinaturas favoráveis e agora busca novas participações para auxiliar a iniciativa. No início do mês de abril, o documento deverá ser encaminhado para análise e aprovação da Assembleia Legislativa, bem como do Governadoria do Estado.
    Atenciosamente,
    Daiane Baruque
    Assessora de imprensa
    Dep. estadual Sidelvan Nóbrega (PRB/BA)
    E-mail: imprensa.sidelvan@hotmail.com

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *