Exames laboratoriais descartaram a dengue hemorrágica como causa da morte de Rafael Esteves Monteiro, de 22 anos. Os exames sorológicos deram negativo, também, para doenças como meningite, leptospirose e vírus influenza sorotipo B.
Rafael Monteiro faleceu no final da manhã da última quinta-feira (11), após ser internado em estado grave no Hospital São Lucas, em Itabuna. Em dias anteriores, o jovem procurou o hospital. Após ser atendido, foi liberado nas duas oportunidades, segundo familiares.
De acordo com o secretário de Saúde de Itabuna, Paulo Bicalho, os resultados dos exames feitos tanto no Laboratório Central da Sesab, em Salvador, como num laboratório em Belo Horizonte (MG), encerram o processo de investigação aberto por sua Pasta.
Cópias dos resultados do exame serão enviado para o Hospital São Lucas. O diagnóstico clínico apontou a dengue hemorrágica como causa da morte de Rafael. Ao Pimenta, o secretário informava, na quinta, que outros problemas de saúde poderiam ser a causa do óbito.
Assim como em Itabuna (ver nota abaixo), o atendimento às pessoas com suspeita de dengue, zika ou chikungunya também é precário e improvisado em Ilhéus.
Na unidade criada para atender especificamente as vítimas do Aedes, os pacientes chegam a ficar na fila mais de quatro horas. Além disso, até ontem o município ainda não tinha firmado convênio com um laboratório responsável pela coleta de sangue para o diagnóstico dos casos.
Após receber várias reclamações de pacientes em seu programa de rádio, o repórter Carlos Santiago foi até a unidade e verificou a gravidade da situação. Às 11h30 da manhã desta quinta-feira, 11, haviam sido distribuídas 180 fichas, mas apenas 30 pacientes tiveram a sorte de receber atendimento. Os demais receberam senhas para voltar no dia seguinte.
Ou seja, enquanto a saúde pública patina na incompetência, o Aedes aegypti segue cada vez mais eficiente, fazendo suas vítimas no atacado. O mosquito, infelizmente, está ganhando a guerra.
Pacientes com sintomas da dengue, zika ou chikungunya estão esperando mais de 10 horas por atendimento nos hospitais que atendem pelo SUS em Itabuna. Nesta sexta (12), o tempo de espera era ainda maior no São Lucas, conforme a reportagem do Pimenta apurou.
Os hospitais não estão tendo capacidade de absorver a grande demanda em um tempo menor. Estão superlotado, principalmente porque as unidades básicas ou não funcionam ou não têm médico. A esperança é a abertura de central especializada (veja mais abaixo).
No São Lucas, pacientes afirmavam ter chegado às 8h da manhã. Era 18 horas e ainda não haviam sido atendidos.
Leonora Maria de Jesus apresentava sintomas de doença transmitida pelo Aedes aegypti. Ela chegou ao São Lucas às 10h desta sexta. Às 18h, a idosa ainda aguardava atendimento.
Sebastião Dutra, esposo de Leonora, não suportou a espera e o forte calor. Com o cair da tarde, resolveu se refrescar deitado no gramado do hospital, de onde também pode observar parte da paisagem de Itabuna. Só isso para amenizar a longa espera.
Já no Hospital de Base, a promessa de, pelo menos, dois médicos atendendo pacientes com sintomas de vírus transmitidos pelo Aedes aegypti não vingou. Pacientes que chegavam no início da noite começaram a ser atendidos por volta das 22 horas. E por apenas um médico.
O número de pacientes aguardando era superior a 100. Boa parte deles havia desistido de aguardar por atendimento no São Lucas e recorreu ao Hospital de Base.
CENTRAL DE ATENDIMENTO
A esperança de redução no tempo de atendimento é a abertura de uma unidade especializada em vítimas do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. A central funcionará na Avenida do Cinquentenário, no prédio da antiga Oduque Veículos.
A central terá capacidade para até mil atendimentos diários e, de acordo com o secretário da Saúde, Paulo Bicalho, funcionará 24h por dia. A unidade será inaugurada dia 16 e passa a atender na quarta (17).
Neste sábado (13), o município participa de uma mobilização nacional contra o Aedes aegypti.