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Cel artigo 2016Celina Santos | celinasantos2@gmail.com

 

Há casos de quem não consiga separar-se do celular sequer para ir ao banheiro. Duas ou mais pessoas chegam a conversar pelo “Whats” estando numa mesma casa.

 

O bloqueio do WhatsApp durante 24 horas esta semana – um terço do tempo inicialmente determinado pela Justiça – levanta uma série de questões para serem pensadas pelos 100 milhões de usuários do aplicativo no Brasil. A primeira diz respeito ao comportamento das pessoas diante das redes sociais, sendo o “zap” (como é carinhosamente apelidado) o mais usado.

Por mais que se reconheçam as vantagens de uma comunicação instantânea, nessa era da velocidade, e o uso do programa até para fins profissionais, é impossível negar que muitos estejam nutrindo certa dependência. A ponto de, muitas vezes, deixarem de perceber o ambiente real em volta, para alimentar primeiro as relações virtuais.

É possível conviver com gente já incapaz de travar um diálogo “cara a cara” por cinco minutos, sem abaixar as vistas para olhar o celular – leia-se WhatsApp. Também se tornou comum ver grupos de amigos (e até casais!) reunidos em bares e restaurantes, estando cada um em seu respectivo aparelho telefônico. Tem, ainda, os encontros – e reencontros – presenciais em que a maior parte do tempo é consumida na postagem de fotos nas redes.

Há os casos de quem não consiga separar-se do celular sequer para ir ao banheiro. Outra estranha, mas frequente rotina: Duas ou mais pessoas chegam a conversar pelo “Whats” estando numa mesma casa. Sem falar, já que o assunto é a residência, no quanto as famílias deixam de bater papo e de “compartilhar” a vida no sentido não virtual da palavra.

São muitos os exemplos que poderiam traduzir uma nociva realidade envolvendo todos nós: existe uma legião de presentes-ausentes. Estamos tratando de uma multidão solitária, pois há um embarque no mundo virtual, muitas vezes em detrimento do real. A manhã que prenunciou a “despedida” temporária do WhatsApp refletiu o desespero de usuários que se diziam viciados no aplicativo. Certamente foi um dia que pareceu mais longo para a maioria dos citados 100 milhões.

Resta saber qual é o caminho de volta, quando o sujeito se der conta de que tem deixado o tempo passar estando um tanto anestesiado diante da tela touch screen do smartphone. O episódio da segunda suspensão do “zap” merece uma ponderação sobre a forma como lidamos com as redes. Ou se, ao contrário, estamos sendo apenas “pescados” por elas, sem a autonomia apontada como trunfo do internauta desde que a web se popularizou.

Uma ressalva: para além do comportamento, é mesmo inadmissível que a empresa se negue a contribuir com investigações de crimes que utilizam o WhatsApp como instrumento. Obviamente, a privacidade dos usuários precisa ser preservada – mas a exceção é mais do que legítima se tal pessoa estiver se valendo dessa tecnologia para afetar a coletividade. No caso do crime em questão – o tráfico de drogas –, todos sabem o quanto ele alimenta a violência, evidente no alto índice de assassinatos Brasil afora.

 

Celina Santos é pós-graduada em Jornalismo e Mídia e Chefe de Redação do Diário Bahia.

2 respostas

  1. Celina gostaria que vc fizesse uma matéria sobre a morte da “empresária” Cátia Cristina que foi morta na porta da Igreja Assembleia de Deus aqui em Camacan, pois a justiça até o momento não se pronunciou a respeito do caso e já estamos ao sexto ano e o principal acusado continua solto e gozando de privilégios pela falta de justiça, nós familiares e que fazemos parte da sociedade camacanense estamos ansiosos, revoltados…com a resposta que essa justiça vem oferecendo as pessoas de baixa ou nem uma renda. Quando vejo o sofrimento dessa mãe, fico imaginando o que não passa no coração, cabeça… da referida. e isso me comove e esse dia de domingo gostaria que imprensa de um modo em geral a começar cobrar através dessa honrosa jornalista e se possível que façam uma visita a essa mãe que perdeu filha e netos(pois o principal suspeito sequestrou e conseguiu junto a outra que é citada como uma pivô do caso(hoje esposa do referido), jogar os netos contra). Não quero aqui dizer que esse é um caso de calamidade pública, mais sim, falta de justiça. Esse um desabafo de um camacanense que continua de olho.

  2. Entraremos em contato, para saber o que foi feito em termos de investigação, bem como a estimativa de prazo para o julgamento acontecer. Lamentavelmente, o número de crimes é tão grande que a imprensa não consegue acompanhar o trabalho da polícia e da Justiça em todos os casos. A torcida é sempre para que haja punição aos culpados, apesar de nada tirar a dor dos que perdem seus entes queridos. Boa noite.

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