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fb_img_1479648428890Do Facebook do jornalista Bob Fernandes

A propósito do ex-ministro da Cultura, Geddel e demais, texto publicado em 14 de julho de 2015…

Triste Bahia! Oh! quão dessemelhante!

Como sabem os que conhecem e amam a cidade, Salvador foi estuprada pela vora-cidade imobiliária associada ao inconfessável, em especial nos tempos do Dananã espertalhão.

Não há quem não saiba, não sinta na pele, no cotidiano, os resultados do que foi a tal co(n)-gestão.

Em seguida ao desastre, com uma campanha competente e contra um candidato governista medíocre, elegeu-se prefeito o cidadão Antônio Carlos Magalhães Neto, conhecido até então como ACM Neto. Seus marqueteiros o venderam e o transformaram em “Neto”.

Os de boa alma, os ingênuos, os ansiosos por uma gestão “muderna” – e os espertalhões- de imediato assimilaram, “Neto”.

E não apenas. Têm os desavisados, os desatentos, os alheios porque ninguém está obrigado a tanto, mas tem também os que a ele se refiram como “Netinho” de maneira particularmente capachesca.

Explique-se a razão da abrupta transmutação: com o “Neto”, ou o “Netinho”, o prefeito carrega o que, para quem gostou e gosta, é um “legado”: a história, vida e obra de ACM, o avô.

Ao mesmo tempo, “Neto”, ou “Netinho”, esconde a história, vida e obra de ACM, o avô, para os que enxergam ou viveram tal legado com outros olhos. Assim, nessa transmutação, se opera um jogo de ganha-ganha.

Sempre que se lembra desse outro olhar e vivências sobre o “legado” ergue-se a fúria.

Fúria de muitos que de fato admiravam o velho ACM, o que até aí é normal e natural em relação a qualquer grande liderança, mas também a fúria dos que lavaram a jega naqueles tempos.

Ou a fúria dos que precisam mesmo é de um bom divã, ou tarja.

Nunca é demais lembrar que muitas das manchetes nacionais nesses turbulentos dias de hoje são resultantes daqueles tempos; uma espécie de laboratório empresarial para o que ganharia escala.

Em defesa do “legado” sempre se seguem murmúrios e vitupérios sobre o que o sucedeu e os que o sucederam. A resposta, simples, só pode ser uma: que se faça o que nunca foi feito enquanto se construía, se erguia o “legado”, seus braços e suas fortunas: abram processos, investigue-se e se puna quem deve ser punido.

Como nada disso se faz, nunca, na maravilhosa Terra dos dois FF de Gregório de Matos Guerra, o resultado começa a se re-ver na nova era, a “muderna”.

A Barra, da bela enseada do Porto, foi um dos laboratórios. Deram uma arrumada etcetera para o que, obviamente, viria a seguir. Não viu, ou fez que não via quem não quis: a vora-cidade imobiliária e seus “negócios”, que farão surgir as novas e aumentar as velhas fortunas. A qualquer preço e custo.

Pelo que relatam amigos, alguns deles arquitetos, urbanistas, a farra avança “di cum força” em vários pontos da cidade. Nada contra rearrumar a cidade. Tudo contra essa vora-cidade que enriquece meia dúzia enquanto arrebenta o resto.

E, claro, são todos, hipócritas e cínicos, contra a “córrupição”.

Cria-se uma cidade com gente amedrontada com tudo e por tudo, cidade com cada vez menos calçadas, menos áreas verdes públicas, menos humanos caminhando nas ruas e com shoppings abarrotados por gente assustada com tudo. Como se ruas esvaziadas ajudassem no combate a violência.

Como se, além da violência em si, do fracasso no não-combate às causas e consequências da violência, a brutalidade e violência replicadora dos programas de rádio e Tv sobre violência e brutalidade nada tivessem a ver com esse clima de pânico permanente.

Como se a brutalidade policial, sempre seguida da argumentação cúmplice e lamentável das autoridades de plantão, não fosse produto do meio, fruto de uma sociedade por 350 anos aferrada à cultura de sinhôzinhos e seus escravos.

O belíssimo acidente geográfico da cidade, a encosta que empresta identidade a Salvador e à Bahia, estuprado a cada turno de poder tem sido a jóia da coroa nos últimos 40, 50 anos.

É dessa urbanofagia que devora também áreas verdes e mangues, é desse banquete para poucos que nasceram e nascem boa parte das grandes fortunas e poderes. E, em bom baianês, que se lasque o resto.

E se lascam, se lascaram mesmo, como mais uma vez mostrou a última temporada de chuvas, com novos córregos e rios de ocasião espalhando-se pela cidade e dezenas de deserdados pelos poderes públicos sendo soterrados e mortos nas pirambeiras.

Uma amiga manda texto sobre os derradeiros anúncios de intervenções e termina com o resumo da ópera. Cita uma empresa de consultoria que não nomino, por ora, por ainda não ter apurado os meandros; não sei do que mais se trata além do fato de ser a habitual cobertura para nova onda de vora-cidade.

O resumo: “O receituário é o mesmo aplicado em outras metrópoles onde a empresa prestou o serviço: identifica espaços de grande potencial, cria a infraestrutura e atiça o mercado. A Barra é o laboratório do projeto. O resto da cidade que se cuide”.

Ou, que se lasque.

Isso tudo vem, ou volta, a propósito de notícia que chega. No exíguo terreno onde funcionava um antiquário, no pé da Ladeira da Barra, à esquerda de quem desce e vizinho ao antigo hotel Praiamar, erguerão uma torre com algo como 30 andares. “Qui lindro”, dirão adeptos du “mudernu, e “qui progresso”.

Pergunte-se: mas a cidade não está toda trancada, mais engarrafada do que São Paulo, na média? Qual o projeto maior onde isso se insere? Quem autorizou, quem foi ouvido, cadê os laudos, o plano urbanístico, quem será o responsável SE e quando o Ministério Público decidir-se por atuar?

A resposta é a de sempre: alguéns sempre autorizam e, depois, um joga para o outro e vice versa. E não dá em nada.

Informam que agora, parece, Movimentos Populares se movimentam em relação ao estupro em outras áreas da cidade. Sempre é tempo…Já que tantos se moveram por amor ao glorioso Bahêa, e de lá expulsaram um bando, por que não fazê-lo por amor à cidade e à Bahia?

Prédio de alto luxo La Vue, onde Geddel comprou apartamento.
Prédio de alto luxo La Vue, onde Geddel comprou apartamento.
Em relação a mais esse belo monstrengo, o do Porto da Barra, dizem que se chamará “La Vue”. Sim, “ A Vista” para quem nele morar, e a perda da vista, do vento, da luz, para os que viverem atrás de “La Vue”. Como foi, é, tem sido em tantas porções dessa vora-cidade.

Uma última observação: é imperdoável, mas até entende-se a vora-cidade dos que ganham diretamente com isso. Essa é, tem sido a regra desse triste jogo, essa é a mentalidade empresarial, a do “vou ganhar o meu e quem tem essas frescuras urbanísticas e de meio ambiente que se lasque”.

O que não se pode aceitar sem duras e continuadas cobranças e luta pela responsabilização legal, é a cara de pau, a cara dura, dos gestores públicos que liberam mais essa aberração. Estes são ainda mais responsáveis por isso e tudo mais.

Inaceitável também é imaginarem que ninguém percebe como isso se dá, se deu. Saibam que sabemos, e saberemos.

Há algumas semanas desci a Ladeira da Barra e tudo ainda estava de pé. Mas notei que na baixada, naqueles bueiros, pululavam sariguês e ratazanas.

7 respostas

  1. Mais um petista travestido de jornalista, quem conhece Bob Fernandes sabe que é um militante de esquerda, um dos responsáveis pelo revista Carta Capital, claro que vai enxergar em ACM Neto o que de pior que ele nunca conseguia ver com o governo petista, mesmo quando a Petrobras estava sendo saqueada para favorcer seu grupo politico, onde estava? hibernava por longos anos.
    Geddel é figura conhecida na Bahia, sempre comandou junto com seu irmão o PMDB , servem quem está no poder, se o barco começa a fundar muda de lado, sempre foi assim, a imprensa engajada no projeto petista está sem chão, o próprio Pimenta está colhendo o apoio velado a Josias Gomes que perdeu espaço inclusive no PT que recebe J Wagner agora para livra-lo de Sergio Moro.
    Não é uma imprensa honesta, o leitor não se deixa iludir, as eleições passadas mostra que o petismo perdeu espaço, recolheu a sua insignificância, foi para a oposição, deverá ficar gritando pega ladrão como sempre fizeram, o problema é que sobraram poucos, os que gritavam antes estão presos na carceragem da PF em Curitiba .

  2. O ex ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, aumentou seu padrão de vida nos últimos anos, período em que ocupou o governo da Bahia. Wagner hoje é dono um apartamento no bairro mais luxuoso de Salvador. O prédio do petista conta até com teleférico e píer particular.
    O imóvel fica no bairro Vitória, mais precisamente na região conhecida como Corredor da Vitória, um dos metros quadrados mais caros do país, comparado ao de áreas nobres da zona sul do Rio. No bairro, vive praticamente toda a elite política e empresarial da capital baiana, além de artistas famosos.
    Segundo registro em cartório, o apartamento custou 1,45 milhão de reais. A compra foi efetivada em março de 2011, cinco meses após a reeleição de Wagner como governador. Até o fim de 2014, porém, ele continuou morando no Palácio de Ondina, residência oficial do governador. Mudou-se para o novo endereço no ano passado.
    Com a autorização de um morador, o jornal O Estado de S. Paulo conheceu as áreas comuns do condomínio. Além de píer e teleférico que dá acesso à praia, o prédio dispõe de academia, piscina, sala de cinema e quadra poliesportiva. O imóvel tem a melhor vista da cidade para a Baía de Todos os Santos.
    Imóvel – Por meio dos dados registrados em cartório, a reportagem obteve detalhes sobre o apartamento de Wagner. O imóvel tem área privativa de 252,08 metros quadrados. Conta com sala de jantar, quatro quartos com suíte, lavabo, área de serviço de dois quartos de empregada.
    Há cerca de seis meses, o corretor Raimundo Epifânio da Silva, especialista em imóveis no Corretor da Vitória, vendeu um apartamento igual ao de Wagner. Ele conta que o negócio foi fechado em 3,5 milhões de reais. “Depende do estado do apartamento. Se estiver arrumado, reformado, vale mais”, disse Epifânio.
    Antes de ser eleito pela primeira vez, Wagner morava no bairro Federação, num apartamento que ele declarou ter comprado por 150 mil reais, em 2001. O ministro vendeu o imóvel a Antonio Celso Pereira, que é ligado politicamente a Wagner. Ele foi superintendente no governo da Bahia e diretor na Companhia de Docas do Estado. Pereira pagou 900 mil reais pelo imóvel de Wagner.
    Com formação de técnico de manutenção, Wagner atuou como dirigente sindical entre 1975 e 1990, quando se elegeu deputado federal. Por ter exercido dois mandatos, ele ganha uma aposentadoria de 10 mil reais. No fim de 2014, a Assembleia Legislativa da Bahia criou uma aposentadoria de 19 mil reais para ex-governadores, o que acabou beneficiando Wagner.
    Por meio de sua assessoria, o ministro disse que a transação foi feita de acordo com valores de mercado e que o imóvel consta da declaração de imposto de renda dele.

    (Com Estadão Conteúdo)

    Por acaso o Sr. Bob viu algum problema na compra pelo petista um pobre sindicalista que parava as fabricas no Polo de Camaçari comprar uma mansão de 3 milhoes ? claro que não jornalista comprado.

  3. Esse Geddel Vieira Lima, ah esse Geddel, só Deus tocando no coração dele viu. Porque isso tem feito coisa que até o diabo duvida. E ainda vai ser candidato a Senador da República, Deus que me livre de votar em um leão desse.

  4. Quanta babozeira.

    Tiveram chance de mudar o Brasil e simplesmente destruíram.
    Agora, quer colocar defeito na melhor gestão do Brasil.
    Salvador está renascendo das cinzas cabra, este discursuzinho subjetivo e sem nexo não rola mais.

  5. Escreve razoavelmente bem, mas, se comporta emn relação a administração de Salvador como o pior tipo de cego, “aquele que não quer enxergar”!

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