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Wallace Setenta | catongo70@gmail.com
 

A região cacaueira necessita recordar sua própria história para não repetir os mesmos erros.

 
Sob a perspectiva do desenvolvimento rural regional, vivemos o momento em três tempos: uma história passada fecunda em seus ensinamentos, um presente conturbado e um futuro que possamos compartilhar. Recordar é um exercício de sabedoria e de prudência; os erros e acertos estão esculpidos nos acontecimentos ocorridos neste tempo.
No decorrer de 250 anos, a Cabruca [como técnica social] em contraposição ao produtivismo, irrompe com aperfeiçoamentos de base destacando as expectativas culturais, sociais e ambiental, postulados que serviriam para abrandar o aprofundamento exclusivista das técnicas produtivistas, consolidadas a partir de 1958, que na acepção dos termos passariam a prevalecer.
O “Quinquênio de Ouro do Cacau” – tornou-se símbolo desta nova etapa da cacauicultura empreendida pela Ceplac, refletindo uma análise meramente capitalista de desempenho do cacau, e acenando com a prosperidade geral se houvessem sacrifícios. Como resultado fragilizou a resiliência da cacauicultura [fundada na Cabruca] e provocou rupturas entre o tradicional [a Cabruca] e a moderna tecnologia.
Esse discurso foi tão poderosa que todos sucumbiram, abrindo mão de conquistas históricas e culturais reveladas através da Cabruca o derradeiro bastião de resistência àquela magia.
Era um falso “desenvolvimento conservador”, crendo que o avanço da tecnologia resolveria todas os problemas, trazendo a prosperidade eterna. Havia a sensação de que a tecnologia resolveria todos os males. Não irá. Quem poderá resolver é o consenso compartilhado por um objetivo comum. É a capacidade de colocar novamente a história em movimento, colocando a política a serviço de todos.
Quando veio a crise de 1988, o castelo de cartas veio abaixo. Constatou-se, então, a fragilidade da “nova cacauicultura”, a extraordinária concentração de renda no período, o analfabetismo, o desleixo com os recursos naturais e o desrespeito pela história e a cultura Grapiúna.
A região cacaueira necessita recordar sua própria história para não repetir os mesmos erros. Isso pode nos dar nova “esperança”. Sou muito otimista de que possamos nos erguer de novo com essa esperança.
Wallace Setenta é presidente do Sindicato Rural de Itabuna.

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