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Wallace Setenta || catongo70@gmail.com
 

Os industriais – processadores e chocolateiros – sabem o quão falaciosas, inconsistentes e dissimuladas eram essas premissas, mas delas faziam uso para sedução dos produtores de cacau. Deu no que deu… É hora de encontramos novos caminhos.
 

Conhecemos bem as ameaças internas e externas, como também as virtudes e desacertos da nossa cacauicultura baiana estabelecida ao longo de dois séculos e meio de história. Daí a apreensão, quando a Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) oferece ao Governo Federal um “Plano de Crescimento 2028” para a cacauicultura brasileira, abordado sob os aspectos: a] Gigante adormecido [Eduardo Bastos]; b] Novas fronteiras para sustentabilidade [Tim Mccoy]; c] CocoAction Brasil [Pedro Ronca]; d] Protagonismo da Bahia e do Pará; e] Plano de crescimento para 2028; f] Solução para o endividamento.
Fiquei feliz e não. Tenho críticas ao Estado pela ausência e à condução das ações e políticas públicas como pelas suas gestões e ingerências na região cacaueira. Sendo assim, gostaria de entender melhor tamanha generosidade por parte daqueles que representam o “elo mais forte” [economicamente] da tão desigual cadeia produtiva do cacau.
Ressalvamos ser enorme o esforço necessário para alcançarmos um “consenso compartilhado por objetivos comuns” para a finalização dum Plano de amparo a cacauicultura e aqui vai apenas como colaboração, 3 pontos básicos para a reestruturação do rural sul-baiano em bases sustentáveis; 1] preservação e conservação dos recursos naturais; 2] produção agrícola e de serviços ambientais; e 3] agroindustrialização – todos eles esmiuçados nas suas complexidades [do antes, do durante e do depois] a partir do estabelecimento rural, só assim conseguiremos agregar competências para colocar a atividade em movimento, propondo políticas públicas consistentes e a serviço de todos.
Uma ação desgarrada como esta, não fica bem perante a nova sociedade cibernética globalizada, de comunicação rápida e intensa, do diálogo aberto, franco e democrático, justo e partilhado por todos, no sentido de uma convivência comum e solidária.
Mas de uma coisa fiquemos certos, os pressupostos do modelo econômico central nos quais se baseavam a “velha cacauicultura”, nenhum deles hoje, não nos parece mais convincente. Entretanto podemos executar uma transição sem percalços, corrigindo nossos erros em função do melhor desempenho e eficiência para sustentabilidade do agroecossistema local, e alcançarmos à 2028 como parte de um entendimento civilizado comprometido com novos paradigmas e assim sendo, não mais com posições hegemônicas.
Os industriais – processadores e chocolateiros – sabem o quão falaciosas, inconsistentes e dissimuladas eram essas premissas, mas delas faziam uso para sedução dos produtores de cacau. Deu no que deu… É hora de encontramos novos caminhos.
Wallace Setenta é presidente do Sindicato Rural de Itabuna.

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