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Marco Wense

É sempre assim. Mourão consertando os erros e as declarações, no mínimo constrangedoras e inconvenientes, do presidente Bolsonaro, como a última envolvendo as Forças Armadas e a democracia.

Se não fosse o vice-presidente da República Antônio Hamilton Mourão, quem seria?

É evidente que a pergunta diz respeito a quem estaria corrigindo os escorregões do presidente Bolsonaro, cada vez mais constantes e no dia a dia.

É que os chamados “jornalões”, mais especificamente do eixo Rio-SP, só procuram o general. É só o presidente falar o que não devia ou cometer algum deslize, um ato incompatível com o cargo que exerce, que a ordem é dada aos repórteres: “Vão atrás do Mourão”.

É sempre assim. Mourão consertando os erros e as declarações, no mínimo constrangedoras e inconvenientes, do presidente Bolsonaro, como a última envolvendo as Forças Armadas e a democracia.

Mourão não fugiu de responder a nenhuma indagação dos meios de comunicação. Ratifico que o general é o ponto de equilíbrio institucional e emocional do governo de plantão.

No entanto, como exceção à regra de opinar e defender o presidente, se esquivou de responder sobre o polêmico vídeo pornográfico e a pergunta de Bolsonaro sobre o que é um “golden shower”.

“O vídeo eu não comento, tá bom?”, respondeu o general ao ser questionado. Para muitos correligionários, o silêncio de Mourão significa que esse desagradável fato foi o mais difícil de explicar, de salvar a pele do presidente.

Essa desenvoltura de Mourão, sua ativa participação, vem causando ciúmes no staff bolsonariano. Olavo de Carvalho, guru e referência filosófica de Bolsonaro, chamou Mourão de “extremista fanático”.

Olavo, que andou dizendo que cigarro não causa câncer de pulmão – com a palavra o médico oncologista e prefeiturável Antônio Mangabeira (PDT) -, declarou que está arrependido em ter apoiado Mourão para vice de Bolsonaro.

Cada vez mais mordaz e crítico com o general, sua última investida foi dizer que o vice “afaga os que odeiam o presidente e ofende os que o amam”. E mais: “que enganou os eleitores com posicionamentos recentes que supostamente vão contra o pensamento de Bolsonaro”.

Pois é. E olhe que ainda não tem cem dias de governo, prazo dado para que o presidente eleito coloque a casa em ordem e aponte o caminho que pretende tomar. Do contrário, nem as freiras do Convento das Carmelitas sabem o que vai acontecer com o país e, consequentemente, com o povo brasileiro, principalmente com os mais pobres.

Morão, por sua vez, ao ser perguntado sobre as críticas do guru filosófico de Bolsonaro, desdenhou, fez sinal de irrelevantes e ainda mandou “beijinho”.

Se os modestos Editorias do Wense fossem intitulados, esse seria “O “beijinho” de Mourão”.

O general Antônio Hamilton Mourão vai terminar como uma espécie de “tábua de salvação” do governo Bolsonaro, principalmente no tocante ao relacionamento com outros países, a imprescindível política diplomática.

Marco Wense é articulista e colunista do Diário Bahia.

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