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Ederivaldo Benedito

 

Em síntese: a nomeação de Pinto foi publicada na edição de hoje, 1º de novembro do Diário Oficial da União, mas bem que poderia ter sido amanhã, dia 2…

 

A nomeação – neste Dia de todos os Santos – do engenheiro elétrico Waldeck Pinto de Araújo Júnior, ex-diretor da Coelba, para diretor da Ceplac é uma clara demonstração de que o Governo Federal não tem a intenção de reestruturar o principal organismo federal em atuação no sul da Bahia, de revitalizar a cacauicultura brasileira e, mais, não tem o mínimo de respeito pela região nem apreço e consideração pelas lideranças políticas e agrícolas regionais.

O atual Governo completa hoje, dia 1º de novembro, dez meses. Nesse período, o presidente da República e a ministra da Agricultura não fizeram uma referência sequer, um pronunciamento público sobre a importância da Cacauicultura para o agronegócio brasileiro ou destacaram o papel da Ceplac no fortalecimento da agricultura nacional. Nem um “tá, ok!” para as potencialidades econômicas da região.

De janeiro a hoje, a Ceplac teve três diretores gerais. Em janeiro, Juvenal Maynart – neto e filho de cacauicultores, profundo conhecer das causas do cacau – foi exonerado sem o prévio conhecimento das lideranças do cacau. Em outubro, Guilherme Galvão –cacauicultor, liderança dos agricultores e político aliado do presidente da República – se surpreendeu com a sua exoneração. Antes, porém, o Governo Federal manifestou a intenção de transferir o corpo técnico da Ceplac e desmontar o órgão.

Waldeck Pinto de Araújo Júnior é um técnico em planejamento e Tecnologia da Informática, com longa atuação no Ministério do Planejamento. Sua nomeação foi uma surpresa. As lideranças sulbaianas sequer sabiam da sua indicação, foram consultadas ou previamente informadas. Apesar de ser baiano, Pinto não tem nenhum vínculo ou convívio com o cacau ou a região sul da Bahia. Foi uma descortesia, considerando que os cacauicultores, na sua totalidade, se emprenharam diuturnamente na eleição do presidente.

Enquanto isso, desunidas, desarticuladas, desprestigiadas, despolitizadas e desinformadas, “as lideranças do cacau” insistem apenas em relembrar o passado, em reclamar e buscar culpados pelo atual estágio da lavoura. Ao invés de exigir respeito e um tratamento digno, preferem permanecer nas trincheiras virtuais dos grupos de WhatsApp, lutando contra inimigos imaginários, afastando possíveis aliados e fazendo uma intransigente defesa de Governo que não ouve seus aliados, deu as costas para o cacau e nem se importa se a Ceplac ainda existe.

O fato é que, além de lamentar, chorar e reclamar, a lavoura cacaueira vive um drama: de um lado, continua apoiando intransigentemente e defendendo ferozmente um Governo que a ignora, que não a respeita e lhe vira as costas; de outro, permanece ofendendo, agredindo, se afastando e tratando como adversárias e inimigas as lideranças políticas que poderiam ser transformadas em aliadas na luta pelo seu soerguimento. Resultado: a lavoura não tem prestígio político para ir à Brasília e sentir-se frente-a-frente à mesa com o Presidente; não tem capacidade de promover uma união de todos os segmentos em torno de uma causa, do futuro do cacau, nem humildade para estabelecer um diálogo franco e aberto com todos das forças políticas baianas e, unidos, construir um projeto coletivo para a cacauicultura baiana.

Em síntese: a nomeação de Pinto foi publicada na edição de hoje, 1º de novembro do Diário Oficial da União, mas bem que poderia ter sido amanhã, dia 2…

Ederivaldo Benedito é jornalista.

3 respostas

  1. Sempre esse mesmo discurso de revitalização e recuperação da região… A CEPLAC custa caro e não mostra resultados, só empurrando as coisas com a barriga, ineficiência é o sobrenome, há décadas isso, uma pena.

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