Árvore interdita trecho da Rodovia Ilhéus-Itabuna (BR-415) || Foto Marcelo Bacelar
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Uma árvore de médio porte caiu em um trecho da Rodovia Ilhéus-Itabuna (BR-415), próximo à Ceplac. Os veículos trafegam utilizando parte de uma das pistas e o acostamento, o que exige atenção redobrada. Chove na região desde o final de semana.

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As micro e pequenas empresas inadimplentes com o Simples Nacional não serão excluídas do regime especial em 2020, informou a Receita Federal nesta segunda (27). O Fisco atendeu a pedido do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e decidiu suspender o processo de notificação e de expulsão do regime como forma de ajudar os pequenos negócios afetados pela pandemia do novo coronavírus.

Em 2019, mais de 730 mil empresas foram notificadas para exclusão do Simples por débitos tributários. Desse total, cerca de 224 mil quitaram os débitos e 506 mil empresas acabaram excluídas do regime.

De acordo com o Sebrae, a manutenção das empresas no Simples Nacional, regime que unifica a cobrança de tributos federais, estaduais e municipais num único boleto, representa uma ação importante para impulsionar a recuperação dos negócios de menor porte, que tiveram prejuízos com a paralisação das atividades.

Segundo levantamento do Sebrae e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os pequenos negócios começam a recuperar-se da crise provocada pela pandemia de covid-19. O percentual de perda média do faturamento, que chegou a 70% na primeira semana de abril, estava em 51% na pesquisa mais recente, realizada entre 25 e 30 de junho. Foram ouvidos 6.470 proprietários de negócios em todo o país, entre microempreendedores individuais, micro empresas e empresas de pequeno porte.

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Daniel Thame

Itabuna chega aos 110 anos de emancipação no momento em que o mundo vive uma das piores crises sanitárias de sua história, com impactos devastadores na economia. Por causa da pandemia da Covid-19, a cidade paralisou as atividades comerciais e empresariais não essenciais por mais de cem dias e só agora inicia um processo gradual de reabertura, seguindo rígidos protocolos de segurança determinados pela Organização Mundial de Saúde.

A crise afeta diversos segmentos de Itabuna, mas a capacidade de se reinventar, superar crises e dar a volta por cima, está no DNA do itabunense, desde os pioneiros que iniciaram a transformação da então Vila de Tabocas na Itabuna com ares de metrópole, até os tempos atuais, em que o espírito empreendedor prevalece em meio a dificuldades que estão aí para serem superadas.

Fernando diz acreditar na capacidade de superação do itabunense

Itabuna atravessou as crises cíclicas do cacau, encarou a pior das crises até então, com o apocalipse gerado pela vassoura-de-bruxa e as crises econômicas nacionais. Mas sempre se superou, como vai superar os impactos ainda não mensuráveis da Covid-19 no sul da Bahia.

É assim, por exemplo, que pensa o prefeito Fernando Gomes, em seu quinto mandato à frente do município. Mesmo com foco na saúde, para preservar vidas. “Ao assumir a Prefeitura de Itabuna decidi olhar para frente e não reclamar do passado. E assim fiz e tenho feito. Confio na força de trabalho dos itabunenses, acredito na capacidade de superação e tenho confiança no futuro, porque Itabuna é uma cidade que sempre superou obstáculos para se consolidar como um dos polos da Bahia e do Nordeste” afirma.

ESPÍRITO EMPREENDEDOR

Duas gerações de empreendedores, Helenilson e o filho Manoel Chaves Neto

Implantar em Itabuna o primeiro shopping do Sul da Bahia no ano 2000, em meio a uma crise devastadora provocada pela vassoura-de-bruxa, parecia algo impensável. Não para Helenilson Chaves, visionário e empreendedor nato, um apaixonado pela cidade, que fez nascer um shopping que se transformaria num marco da consolidação da Itabuna como o maior polo comercial, prestador de serviços, lazer/entretenimento, saúde e ensino superior da região.

Jequitibá é um dos símbolos do comércio sul-baiano

Aos 20 anos, o Shopping Jequitibá, hoje dirigido por Manoel Chaves Neto, passa por um processo permanente de ampliação, modernização e ampliação do mix de produtos/serviços. Mesmo com o shopping fechado por 120 dias por causa da pandemia, Neto mantém o otimismo. “Quando ocorreu o fechamento das operações do Jequitibá por força da pandemia, decidimos encarar a avassaladora consequência da Covid-19, com foco na adequação do shopping ao novo normal, buscando alternativas e soluções para o empreendimento como um todo”.

“Reabriremos o Jequitibá com seis novos projetos sendo implementados. Essas ações são um exemplo da educação e ensinamentos de meu pai e a nossa eterna crença na capacidade de Itabuna superar crises. Continuamos e estamos convictos do potencial mercadológico de Itabuna, do sul da Bahia e por contar disto, em breve vamos anunciar relevantes novidades” ressalta Manoel Chaves Neto.

Leahy: comércio unido na travessia

A FORÇA DO COMÉRCIO

Além do comércio, Itabuna também se consolidou como polo regional de serviços na área da saúde, com centenas de leitos hospitalares, de clínicas e consultórios médicos das mais diversas especialidades, e no setor educacional, com universidades públicas e centros universitários privados. Seu raio de influência atinge 120 municípios e uma população superior a um milhão de habitantes.

Carlos Leahy, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itabuna fala do otimismo e esperança nos 110 anos do município. “Itabuna sempre foi um celeiro de grandes empresários, com um comércio de abrangência regional. Vamos atravessar juntos essa situação inesperada e unidos vamos dar a volta por cima, saindo mais fortalecidos, porque essa essas são marcas do itabunense, empreender, não desistir nunca e olhar para o futuro com otimismo”.

Margotto fala de aspirações e força do itabunense

Para Edimar Margotto Junior, advogado, empresário e agropecuarista, “a terra de Jorge Amado, de Firmino Rocha, de Candinha Doria, de Cyro de Mattos, de Zélia Lessa e de Valdirene Borges” tem tudo para surfar a onda do desenvolvimento sustentável. “Superamos a vassoura-de-bruxa e somos referência pujante em comércio e em tecnologia, a 8ª economia da Bahia, com mais de 5.000 empresas e um PIB anual superior a R$ 3 bilhões”, afirma.

Segundo Margotto, com um orçamento anual que supera os R$ 600 milhões, Itabuna pode viver dias melhores, com direito a educação de qualidade e em tempo integral, com saneamento básico e despoluição do Rio Cachoeira, com ambiente propício ao empreendedorismo, um plano de mobilidade urbana”. “Podemos vivenciar um novo momento, com uma cidade mais humana e mais justa, sobretudo para as pessoas mais necessitadas”, finaliza.

Rafael Andrade: superação e mutirão que é exemplo para o mundo

EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE

Idealizador e coordenador do Mutirão do Diabetes de Itabuna, maior evento de prevenção e tratamento da doença no mundo, o médico oftalmologista Rafael Andrade, do Hospital Beira Rio, afirma que uma importante característica da cidade é se superar perante grandes adversidades, com o que ela tem de melhor, a sua gente. “Quantas crises passamos e quantos vezes nos levantamos, ainda mais fortes?”. “Enchentes, secas, crises da vassoura-de-bruxa, muitas crises econômicas, mesmo assim seguimos em frente com este povo de fé que não se entrega” diz.

“Minha história é a prova deste solo fértil grapiúna. Aqui nasceu, cresceu e se expandiu para todo o Brasil, o Mutirão do Diabetes, que se mistura com a história da minha vida, que começou em 2004 atendendo pouco menos de 200 pessoas, e durante 15 anos vem atendendo dezenas de milhares de pessoas.”

Julius Kaeser, ex-diretor da Nestlé em Itabuna, fala da avidez do grapiúna em aprender

HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO

Julius Kaeser, que foi diretor da Nestlé em Itabuna no período de 1985 a 1998, hoje radicado em Portugal, testemunhou a bonança provocada pela alta do cacau e também da crise gerada pela vassoura-de-bruxa. “Algo que sempre me chamou positivamente a atenção com relação a comunidade grapiúna foi a forma fraternal no tratamento com as pessoas, o espírito empreendedor. A formação profissional dos colaboradores que trabalhavam na empresa também foi surpreendente. A avidez de querer aprender cada vez mais e se superar era até comovente”, diz.

“Foi um enorme prazer poder ter tido a oportunidade de liderar um grupo de pessoas tão motivadas. Foi uma lição de vida para mim e tenho a certeza de que mais uma vez a cidade vai ser recuperar e sair ainda mais fortalecida”, ressalta.

Itabuna registra 17.575 casos de Covid-19
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Digo tanto para fazer refletir: quantas vezes Itabuna se reconstruiu todos os dias nesses 110 anos? E nós? Passaremos por esses nossos igualmente firmes, pois como diria Valdelice Pinheiro, “[…] de doces e tristes coisas é feita a vida…”.

Ícaro Gibran || icarogibran1@gmail.com

Quando estive em Itabuna, era ainda uma centelha de vida, dia após dia abrindo as vistas para o mundo que me parecia ser a Avenida Juracy Magalhães e seu enorme fluxo. No enquadramento da janela entelada de um apartamento onde cheguei com meus pais, caatingueiros como eu, a turva visão de criança não me deixava conhecer tantas nuances em tantas encruzilhadas. Sim, por ali passavam viajantes, grapiúnas e agrapiunados, vidas cruzadas. Passava também o cotidiano do operário, do lojista, prestadores de serviço, mascates e o ritmo das horas aceleradas pela urgência em tomar os rumos da vida pós-crise.

A memória não me acode quanto aos pormenores, mas já em outra fase e em outra cidade, os relatos eram os de “pantomias” do menino que lançava pelas frestas e sobre os transeuntes tudo quanto fosse possível. Da repreensão, há recordância. Lançada, possivelmente, foi a profecia da volta.

Novos tempos, e quando Itabuna esteve em mim, aos 18, já não se tinha conta a fazer. Eu fui apenas um dentre tantos que vieram, retornaram ou permaneceram para a lida com a semeadura e cultivo de sonhos. Por vezes escutei pelas bandas do sudoeste baiano sobre o grandioso potencial da cidade com ares de capital. Essa impressão (a de teimosa latência) em mim continua morando. Mas cacau já não havia. Neste lugar estavam as marcas da pós-grapiunidade forjada a suor e sangue pelos que adubaram a monocultura e instituíram a hierarquia de subalternidades que organiza a dinâmica geográfica e decalca os limites da periferia e da violência ainda e sobretudo hoje.

Falo de hoje, pois permaneço nessa vivência há mais de década. Ainda que por ter recebido deste lugar os insumos necessários para uma formação privilegiada (é bem verdade), permaneço pelos ganchos com a resistência de uma cultura ímpar, dissidente, inquietante como os cheiros que se misturam ao cair da noite, abrindo o olfato para as madrugadas de chocolate no ar. Aqui estou pois, como no Cachoeira, há perenidade nos Vinte poemas do rio, do Cyro de Mattos. Há multifacetadas expressões na Inúmera Daniela Galdino. Há juventude fazendo literatura não canônica, há (re)existência e rap nas praças, e há poesia mesmo no desfilar das capivaras.

Digo tanto para fazer refletir: quantas vezes Itabuna se reconstruiu todos os dias nesses 110 anos? E nós? Passaremos por esses nossos igualmente firmes, pois como diria Valdelice Pinheiro, “[…] de doces e tristes coisas é feita a vida…”. Mas, por como me sinto – filho desse espaço –, é honra minha fazer com a poeta uníssono: “Eu sou plantada neste chão. Eu sou raiz deste chão. Este chão sou eu”.

Ícaro Gibran é bacharel em Comunicação Social (Uesc), pós-graduando em Gestão Cultural e atua no marketing sul-baiano há muitas lavagens de beco.