Placenta formada durante a gestação de bebês nascidos com microcefalia são mais suscetíveis ao zika vírus
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Experimentos feitos por cientistas da Universidade de São Paulo e do Instituto Butantan mostraram que a placenta formada durante a gestação de bebês nascidos com microcefalia são mais suscetíveis ao zika vírus.

Os resultados foram observados graças a um trabalho de reprogramação celular realizado com o sangue de três pares de gêmeos com aproximadamente 1 ano de vida. Os cientistas ficaram intrigados com o fato de um dos gêmeos ter nascido com a doença e o outro não.

A placenta é um órgão do feto formado durante a gestação, que tem como papel principal promover a comunicação entre a mãe e filho. Mas ter acesso a ela é difícil. “Não podemos interromper uma gravidez e tirar uma amostra, principalmente porque não é possível saber se o bebê terá microcefalia”, explica Sergio Verjovski Almeida, professor do Instituto de Química (IQ) da USP.

A “reprogramação celular” foi feita no Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da USP pelos pesquisadores Ernesto Goulart e Luiz Caires.

Os cientistas fizeram as células do sangue dos gêmeos “voltarem no tempo” e assumirem características de células-tronco embrionárias. Nesse estágio, elas adquirem a capacidade de se diferenciar em qualquer tecido do corpo e, por isso, recebem o nome de células-tronco pluripotentes induzidas (iPS – do inglês Induced Pluripotent Stem Cells).

O passo seguinte foi estimular as iPS para transformá-las em trofoblastos. “Assim, simulamos uma placenta primitiva, que é equivalente ao órgão do primeiro trimestre da gestação”, descreve Verjovski.

CONJUNTO DE CÉLULAS

Trofoblastos são um conjunto de células que circundam os blastocistos e que contribuem para a formação da placenta, além de ajudarem no processo de implantação do embrião ao útero. “Como os irmãos, em tese, foram submetidos à mesma carga viral, pensamos que as placentas poderiam ser diferentes”, explica Verjovski.

Os trofoblastos dos três pares de gêmeos fraternos (também conhecidos como bivitelinos ou dizigóticos, gerados a partir da fertilização de dois óvulos e dois espermatozoides), em que um nasceu com a microcefalia e o outro não, foram então analisados pelos cientistas.

A pesquisa mostrou que as células das placentas dos bebês não afetados produzem mais quimiocinas do que as que foram infectadas. Quimiocinas são um grupo de citocinas presentes no líquor e no sangue, responsáveis por recrutar células do sistema imune. “Nosso estudo mostrou como se dá o mecanismo de atração das células de defesa de ambos os gêmeos e como eles se protegeram”, explica Murilo Sena Amaral, pesquisador do Instituto Butanta.

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