Thiago Dias
O feminino desempenha papéis centrais na dinâmica matriarcal de boa parte dos terreiros de candomblé. Posiciona mulheres – muitas delas negras – na liderança de comunidades, algo fora da curva numa sociedade patriarcal. Esse era o caso de Mãe Laura, que faleceu no último sábado (27), no Hospital de Ilhéus, vítima da Covid-19.
O prefeito Mário Alexandre (PSD), segundo nota da Secretaria de Comunicação, expressou “as suas mais sinceras condolências a todos os amigos, familiares e admiradores de Mãe Laura”.
Reinvestido do cargo mais importante do município, após a vitória grandiosa de 2020, Mário pode fazer mais do que uma manifestação de sentimento para honrar a memória de Mãe Laura.
Pode, por exemplo, realizar o último desejo manifestado publicamente pela mãe de santo, que se posicionou contra a instalação de um equipamento da Embasa no local onde, durante quatro décadas, ela organizou a Festa de Iemanjá, um dos festejos mais bonitos e tradicionais da cultura popular de Ilhéus.
Foi a Prefeitura de Ilhéus que cedeu à Embasa o terreno dentro da Maramata, local da celebração sagrada para o candomblé. Por isso, uma canetada do prefeito pode evitar que a estação seja construída ali. Afinal, município e Embasa têm recursos para desapropriar outro espaço com as condições topográficas exigidas pela boa técnica dos engenheiros.
Já o bom senso político, atravessado pela cultura, religião e economia, recomenda o tombamento da Festa de Iemanjá como patrimônio cultural de Ilhéus e a construção de um busto de Laura na Maramata, que poderia muito bem passar a ser chamada pelo nome da mãe de santo.
Nessa miragem, posso ver a Universidade Livre Mãe Laura ao lado da Praça Padre Luiz Palmeira.
Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.
2 respostas
Excelentes propostas em um texto preciso. Parabéns!
Excelente ideia!
Texto redondinho!
Parabéns!