Tipo raro de tumor cerebral foi registrado 330 vezes em todo o mundo
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Nos últimos sete anos, a vida da dona de casa Luciana Martins dos Santos foi marcada por dias angustiantes e noites mal dormidas. Foi um período com idas e vindas aos postos de saúde, aos consultórios médicos e hospitais em busca de uma resposta para as crises convulsivas diárias que o filho, hoje com 13 anos, começou apresentar quando tinha seis anos.

Uma cirurgia realizada na Santa Casa de Misericórdia Itabuna (SCMI) pode mudar esse quadro. O procedimento – feito no Hospital Materno-Infantil Manoel Novaes –  ajudará no controle das crises convulsivas e amenizará o sofrimento da família, moradora do município de Gongogi, no sul da Bahia.

As crises que o menino sofria eram agravadas pelo denominado “Tumor Neuroepitelial Disembrioplásico”, considerado um tipo raro. O tumor foi confirmado por exame anatomopatológico. A cirurgia para a sua remoção foi custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O tumor cerebral raro se manifestava por meio de crises convulsivas recorrentes e de difícil controle. “A tendência é que esse paciente não sofra mais com as crises constantes e tenha melhor qualidade de vida”, adianta o chefe do serviço de Neurocirurgia da SCMI, o médico Sílvio Porto.

O médico neurocirurgião pediátrico Fernando Schmitz, responsável pela cirurgia, explica que, conforme estudos, foram registrados cerca de 330 casos deste tipo de tumor no mundo inteiro. O paciente já recebeu alta médica e seguirá acompanhado pela equipe de oncologia e de neurocirurgia Hospital Manoel Novaes para avaliação clínica periódica em relação a cirurgia e o controle das crises convulsivas.

QUALIDADE DE VIDA

Depois da cirurgia, a dona Luciana Martins espera que as idas ao médico para levar o filho não ocorra com tanta frequência. Ela conta que, por causa das crises convulsivas frequentes e violentas, nos últimos cinco anos, tem dedicado quase todo o tempo para cuidar do filho. “Ele não podia ficar 10 minutos sozinho porque eu tinha muito medo. Ele já foi levado algumas vezes para atendimento de urgência por cair e machucar a cabeça”.

O médico neurocirurgião pediátrico Fernando Schmitz explica que o paciente sofria de crises convulsivas de difícil controle. “A criança estava em uso de três medicações anticonvulsivantes, tomando vários comprimidos por dia e, mesmo assim, sem o controle total das crises. Por isso, mesmo com 13 anos de idade, ele necessitava de supervisão 24 horas por dia, devido as crises frequentes e risco constante de se machucar”.

O neurocirurgião explica que, conforme relatado na literatura, até 50% dos pacientes com o tipo de tumor detectado no menino tem controle total das crises após serem submetidos a cirurgia. A outra metade tem uma melhora no controle das crises convulsivas. “No caso desse paciente, ainda não podemos afirmar se ficará definitivamente livre das convulsões, caso não tenha a situação completamente sanada, sofrerá menos e terá uma melhor qualidade de vida”, adianta o médico.

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