Dom Giovanni, novo bispo da Diocese de Ilhéus, durante coletiva no Palácio Paranaguá || Foto Pimenta
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As grandes janelas do Palácio Paranaguá e a brisa da tarde desta sexta-feira (8) permitiram que Dom Giovanni Crippa tivesse seu primeiro contato com a imprensa do sul da Bahia num ambiente arejado, espécie de ativo sanitário em tempos de pandemia.

A primeira pergunta da entrevista coletiva, feita pelo jornalista Valério de Magalhães, foi sobre a expectativa missionária do novo bispo da Diocese de Ilhéus, que tomará posse às 10h deste sábado (9), na Catedral São Sebastião. Doutor em História da Igreja, Dom Giovanni nasceu na Itália há 63 anos e chegou ao Brasil em 2001. O idioma estrangeiro está longe de ser um problema para o bispo, que se pôs a responder sobre a missão eclesiástica em bom português.

– Um pastor deve ser de grande comunhão, um homem capaz de juntar todas as forças positivas, dentro e também fora da Igreja, porque o bem é universal, o bem sempre vai além de qualquer fronteira. Deus não tem fronteiras; é o ser humano que cria fronteiras – geográficas, culturais, religiosas. Nós temos que ser homens de grande comunhão, sobretudo a Igreja. A Igreja nasce, a Igreja vive da comunhão ao redor do Evangelho, ao redor da pessoa de Jesus Cristo, para que essa comunhão possa ser também expressão de Deus – disse Dom Giovanni.

“QUERO CONHECER PARA AMAR”

O bispo pretende conversar pessoalmente com cada pároco o mais breve possível. Terá sua primeira reunião com o clero na próxima quarta-feira (13), quando deve esboçar agenda de visitas às 27 cidades da Diocese de Ilhéus.

O fato de ser estrangeiro não interdita o conhecimento, argumentou o bispo, dizendo que, às vezes, o olhar de quem é de fora valoriza mais o que se descobre em determinado contexto. “Eu quero conhecer para amar, para valorizar. O conhecimento deve levar a uma paixão, deve levar a abraçar uma igreja, uma cidade, uma causa, acho que isso é fundamental. Conhecimento para poder amar, valorizar e servir”, declarou.

A IGREJA E A LUTA PELA TERRA

A região de influência da Diocese de Ilhéus é marcada por movimentos de luta pela terra, a exemplo do MST e dos tupinambá da Mata Atlântica do sul da Bahia. Na coletiva, o PIMENTA perguntou se Dom Giovanni já se debruçou sobre essa realidade, já que a Igreja mantém interlocução com esses grupos por meio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra. Ao responder, o bispo citou ensinamento do papa mais progressista de que se tem notícia.

– O Papa Francisco nos convida a ser essa Igreja em saída, que tenha uma atenção especial para as periferias geográficas, mas, sobretudo, existenciais. A Igreja é chamada a viver as alegrias e as tristezas presentes no mundo. Nós, como Igreja, somos chamados a dar uma atenção especial às pessoas que vivem em situações desfavorecidas ou que não são reconhecidas plenamente nos seus direitos. Isso é muito claro. Por minha parte, podem ter a certeza que estarei aberto a ouvir essas pessoas e apoiar todas as situações em que precisem que a própria dignidade seja reconhecida. É uma tarefa que a Igreja deve assumir. Não podemos fechar os olhos diante de uma realidade. Temos que ser capazes de ir ao encontro, porque situações de injustiça, de necessidade e questões sociais devem ter na Igreja um lugar onde as vozes possam ressoar. Temos que ser também voz daqueles que não têm voz neste momento. Portanto, aos poucos, entrando na Diocese e conhecendo essas realidades, poderão encontrar também em mim uma pessoa de escuta e que possa também apoiar todas as reivindicações justas que eles vierem a apresentar – respondeu Dom Giovanni Crippa.

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