Tempo de leitura: 3 minutos

O Hospital Calixto Midlej Filho, de Itabuna, realizou, na última semana, um procedimento inédito nas regiões sul, extremo-sul e sudoeste da Bahia. Há uma semana, a aposentada Maria Francisca do Rosário Franco, de 81 anos, foi submetida a um implante percutâneo Transcateter de Válvula Aórtica (TAVI), no Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna. A alta ocorreu na última quarta-feira (20).

O caso da aposentada é o décimo segundo na instituição, porém o primeiro nas regiões sul, extremo-sul e sudoeste da Bahia em que um paciente não precisou receber anestesia geral para o procedimento médico, que durou menos de duas horas.

Durante o implante, os médicos e dona Maria Francisca ficaram conversando. “Dona Francisca acompanhou todo o procedimento enquanto batíamos papo com ela. Foi uma intervenção minimamente invasiva, o que possibilita uma recuperação rápida da paciente”, esclarece o chefe do Serviço de Hemodinâmica da Santa Casa de Itabuna, o médico hemodinamicista Gláucio Wernerck Mozer.

O especialista explica que o implante de válvula aórtica percutânea representa um enorme ganho para o paciente, pois a recuperação ocorre em um período de tempo extremamente curto. “Essa paciente, por exemplo, recebeu apenas uma sedação leve para o implante da prótese na posição aórtica com sucesso. A paciente saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para o apartamento 24 horas depois e recebeu alta médica 48 horas após o procedimento”.

Gláucio Wernerck que há 20 anos foi feito o primeiro implante, pelo médico Alain Cribier, na França e, que naquela época, os implantes de válvula aórtica eram recomendados somente para pacientes de muito alto risco em que a cirurgia convencional era quase proibitiva por causa da mortalidade em torno de 80%. Hoje, o cenário é outro, com baixa morbimortalidade (em torno de 20% a 30%).

REFERÊNCIA NA BAHIA

O chefe do Serviço de Hemodinâmica da Santa Casa avalia que o procedimento inédito na região é uma prova de que Itabuna se destaca como referência em procedimentos de alta complexidade na área de intervenções cardiovasculares. “Esperamos que esse procedimento passe a contar com cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) para que um maior número de pessoas possam ser beneficiados com o tratamento inovador”.

A estenose aórtica é uma patologia prevalente em pessoas acima de 70 anos e, entre os principais sintomas estão tonturas, dor no peito, cansaço e dispneia. Se não forem tratados, menos da metade dos portadores de estenose aórtica sintomáticos sobrevivem por mais dois anos. “A paciente submetida ao procedimento já vinha perdendo o sentido, apresentava cansaço aos mínimos esforços e dor no peito. Ou seja, vinha tendo uma péssima qualidade de vida”, detalha o médico Gláucio Wernerck.

Maria Francisca do Rosário recorda-se que, durante o procedimento, conversou muito com os médicos, mas não se lembra exatamente sobre o de que falaram. “Lembro-me bem do momento em que o doutor perguntou se eu estava com sono, informando que o procedimento já iria começar. Estava muito confiante nos médicos e graça a Deus ocorreu tudo bem”.

Ela conta que já não mais sente as tonturas, falta de ar e cansaço, sintomas que a perseguiam constantemente. Disse ainda que está muito feliz por voltar para convivência com os filhos, netos, bisnetos, genros e noras. A aposentada comemora ainda o fato de puder voltar a frequentar às missas na Igreja São Judas Tadeu, na Avenida Ilhéus.

Filha da paciente, a comerciante Maria Rachel Franco Lopes conta que a família estava muito preocupada com o quadro de saúde de dona Maria Francisca, que precisava ser acompanhada por 24 horas. “Percebemos que o quadro de saúde dela se agravava rapidamente. Por isso, procuramos logo um especialista. Sentimos confiança na equipe quando fomos informados sobre qual tipo de procedimento seria feito. É muito bom para toda a família ter a nossa mãe de volta para casa”.

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *