O território ilheense desde a sua condição de capitânia hereditária tem tradição em ter gestores omissos, com as raras exceções. Jorge de Figueredo Correia, donatário da Capitania, deu a senha de como não gerenciar os encargos assumidos.
Efson Lima || efsonlima@gmail.com
A notícia veiculada pelo site Pimenta anunciando o início de pesquisa pela Rede Globo de Televisão para a realização do remake da novela Renascer em 2024, cujo folhetim foi sucesso em 1993, reabre as esperanças de reposicionar Ilhéus novamente no cenário turístico nacional.
Mas, a cidade guarda uma série de desafios. A consulta feita ao Conselho de Cultura de Ilhéus para conceder o espaço para a implantação de uma companhia de polícia militar deixa um desconforto na sociedade ilheense e também no estado da Bahia.
A eterna cidade do cacau, berço da civilização regional, teve a oportunidade de ser universalizada pelas obras do escritor Jorge Amado. Outa figura pouco citada, mas que colaborou para inserir a cidade definitivamente no contexto jurídico nacional foi João Mangabeira.
A novela Gabriela, inclusive, o remake, atualizou os brasileiros de uma cidade à beira mar com uma beleza extraordinária de seu mar, rios e mata no sul da Bahia. A própria Itacaré, nos finais dos anos 90, ajudou a promover o turismo de Ilhéus. Milhares são as pessoas que chegam pelo Aeroporto de Ilhéus. Mas, o que tem para os turistas? Se eu posso ser turista na minha terra, recorrendo à turismóloga Anna Lívia, eu posso dizer que é muito pouco.
Ilhéus foi abençoada pela natureza, pelo patrimônio histórico e por sua gente simples, mas tem muito a implorar por lideranças comprometidas com a cidade. As atuais lideranças são responsabilizadas diretamente em razão da contemporaneidade com o nosso tempo, mas o território ilheense desde a sua condição de capitânia hereditária tem tradição em ter gestores omissos, com as raras exceções. Jorge de Figueredo Correia, donatário da Capitania, deu a senha de como não gerenciar os encargos assumidos.
A Princesa do Sul, que sempre recebeu anualmente milhares de turistas e é um constante lazer para a população sul-baiana, sofre com a depredação de seu patrimônio. As praças que são reformadas na cidade padecem de um gosto duvidoso. A Praça Pedro Mattos, em frente ao teatro, é um exemplo do que não se deve fazer em uma cidade histórica e turística. Se não temos a capacidade de inovar, copiamos e damos os devidos créditos.
A polêmica levantada pelo cacauicultor e fabricante de chocolate Gerson Marques, cujo vídeo foi publicado também no Pimenta, cuja informação desde o final do ano passado já circulava nos bastidores ilheenses, sinaliza qual o nosso compromisso com a educação, com a cultura e com o turismo da cidade. Particularmente, não tenho nada contra que os equipamentos de segurança pública tenham o melhor conforto para que os seus servidores e, inclusive, os usuários dos serviços que para lá precisam se dirigir, possam ser acolhidos com a melhor dignidade.
Entretanto, substituir o espaço do antigo Colégio General Osório, que foi desmobilizado para ser a Biblioteca Adonias Filho e o Arquivo Público Municipal, que atualmente, encontram-se fechados, para sediar uma Companhia da Polícia Militar é um soco simbólico no estômago da sociedade baiana. E, no caso de Ilhéus, é colocar no porão da história toda busca pela valorização de seu patrimônio histórico-cultural.
Então, com a provável nova versão da novela Renascer, renascem as esperanças, mas os desafios permanecem. Os problemas de Ilhéus só poderão ser minimizados se os diversos setores se unirem e debaterem seus desafios e na caminhada irem superando os boicotes individuais e coletivos. Pensar cultura e turismo em Ilhéus de forma separada é jogar recurso público fora de forma ineficiente e meio-ambiente e educação têm suas parcelas de responsabilidade.
Efson Lima é doutor e mestre em Direito (UFBA), advogado e professor universitário.
Respostas de 16
Excelente texto. Que façamos surgir em nós o sentimento de pertencimento. Assim seremos responsáveis pela conservação e preservação do Nosso patrimônio histórico.
Concordo plenamente.A cidade de ilhéus com uma beleza ímpar que a natureza nos proporciona sempre foi tratada pelo poder público com descaso, acredito mais por incompetência dos gestores ao longo do tempo isto é uma caracteristica em nossa região.Para o visitante tirando o mar e a beleza natural não tem mais nada infelizmente.
Não acho que Ilhéus é tão esquecida quanto sugere o texto!Eu vejo é muita gente metido a importante em nossa cidade, metendo o fedelho onde não lhe cabem e não fazem nada pra melhorar se quer a rua onde moram.Esses sites que buscam somente criticar a adm pública por exemplo, são totalmente perdas de tempo!
Ótimo texto do professor Efson Lima! Não é possível que Ilhéus, uma cidade tão exuberante em beleza natural, continue padecendo com a precária gestão do seu patrimônio histórico e cultural. Através dos textos do prof° Lima eu vou conhecendo um pouco sobre o Sul da Bahia, lugar privilegiado em sua geografia e pelo seu povo digno e trabalhador.
Estive em setembro de 2020em ilhéus, queria visitar as fazendas onde foi filmada a novela, a vila… Pois foi sem sucesso, nem na pousada encontrei alguém q podesse mim informar como chegar até o local, ou até mesmo um guia, fiquei tão chateado q cancelei minhas diárias e fui para Porto Seguro passar a semana. Fiquei muito chateada, uma viagem tão longa, quase dois mil km e não consegui o q eu queria.
Disse tudo, Efson!
Concordo plenamente com Dr Efson, falou por todos.
Ilhéus, é uma belíssima cidade abandonada pelos órgãos públicos,um verdadeiro descaso com lixos, buracos,obras inacabadas, triste de se vê.
Que Renascer renasça as esperanças e desperte os órgãos públicos.
Nobre articulista e articulador cultural Efson Lima: Considero que falta o protagonismo da Universidade Estadual de Santa Cruz, Academia de Letras de Ilhéus e Rede de Museus e Pontos de Memórias do Litoral Sul-baiano, para citar algumas das relevantes, importante e fundamentais instituições culturais da Região Rapina.
O discurso competente deve abarcar a sensibilidade com o seu entorno e evidenciar um olhar além de sedutor e ou crítico.
Quais mecanismos do Direito foram ou serão utilizados visando ações que englobem educação patrimonial, conservação e proteção do patrimônio histórico, cultural e natural de um dos municípios mais antigo do País e referência mundial dos mais diversos viajantes?
Encare, por favor, o meu comentário como provocação e a fim de instigar uma interlocução maior e consistente. Conte com meu apoio e envolvimentos com essas questões fundamentais da Cidadania Cultural.
Não vi minha amiga aí, Fernanda Monte Negro!
Em terra de caranguejo, santo de casa não fez milagre, muito pelo contrário ???
Concordo plenamente. Precisamos de segurança mas cada prédio tem que obedecer a uma destinação de acordo o seu perfil. O Gal. Osório eh um prédio histórico e lá seriam adaptações que destruiriam o patrimônio. Tá na hora da nossa cidade RENASCER!
Você tem TD razão. Lindo seu texto vc disse tudo que eu penso ,e gostaria de disser, sou Goiana mas moro aqui a 26 anos, e adotei Ilhéus como minha cidade, e sofro quando vejo o descaso Dos administradores públicos, tenho muitos sonhos para Ilhéus, e gostaria de velos realizados.
É muito triste o descaso imposto á nossa cidade, tão negligenciada que nem limpeza pública possue mais , suas ruas são esburacadas , sujas, com meios-fios cheios de lixo e capim, seus gestores não se preocupam com o aspecto abandonado da cidade, nem os gestores nem os moradores, basta dar uma simples caminhada pelas ruas do pontal para perceber o nível do abandono, no pontal não tem saneamento básico (uma obra que um dia começou mas se perdeu no meio do caminho sem nenhuma fiscalização do órgão competente e permanece inacabada com enxurradas de esgotos aflorando em cada esquina, um mal cheiro insuportável) E os moradores fizeram por conta própria ligações clandestinas nas redes pluviais, e é um horror o calçamento todo afundado por conta destas ligações criminosas com esgotos escorrendo pelas ruas, triste, triste de se ver.As praças e os prédios públicos não são revitalizadas, tudo em ruínas, ou com obras inacabadas, tudo muito feio ,largado , abandonado á mercê do tempo entregue ás intempéries chuvosas da cidade litorânea outrora a maior produtora de cacau do sul da Bahia. Os turistas que aqui vieram no passado , voltando nos dias de hoje não reconhecem mais a nossa princesinha do Sul. Hoje suja , maltratada, esfarrapada quase que totalmente favelizada , implorando por SOCORRO!
Sou morador recente de Ilhéus e concordo com o Dr Edson. Turismo em Ilhéus é decepcionante e o descuido com a cidade não é só por parte dos administradores mas sim de toda a população incluindo as rio acima que despeja seu lixo e outras coisas direto no Cachoeira e óbvio vem parar nas praia especialmente as do Sul Olivença etc. UMA VEGONHA GERAL . Em pleno século 21 é demais a população não dá a mínima pra isso e colocam o responsabilidade na prefeitura como de costume.
Na verdade, o que move Ilhéus, é o amor pela cidade, dos seus nativos. Assim como eu.
Eu nascí numa época áurea. Fui aluno do General Osório, na época da Dona Mita e da Dona Maria da Luz.
Pois bem. Saí de Ilheus aos 18 anos se idade, mas Ilhéus nunca saiu de mim e me emociono todas as vezes que piso esse solo sagrado.
Ocorre que Ilhéus e seus ilheenses, foram vítimas de seguidos desgorvêrnos. Aleijaram a cidade com suas inépcias e desmandos. Cada um que entrava, deixava um rastro fétido de incompetência.
Confesso que jurei nunca mais passar um carnaval em Ilhéus, desde o último em 2007. O que assistí, passa longe de ser um carnaval como tantos que Ilhéus proporcionou.
Até isso “roubaram” de nós.
Dói saber que muitos amigos de SP, Rio e até aqui dos EUA, visitam Itacaré, mas só pisam em
solo ilheense, no aeroporto…
A praia da avenida! Uma referência em beleza e cartão postal. Se acabou!!! Quase chegamos em Angola, a pé…
Mas do que administrar, um prefeito tem que amar essa cidade.
Vejo o patrimônio histórico se esvaindo.
Sujeira, buracos, poluição visual terrível. Cada comerciante tenta fazer suas fachadas mais feia do que o outro. E todos eles conseguem.
Falta de preparo dos funcionários do comércio. Uma completa bagunça organizada.
Sinto dizer. Ilheus está indo de mal a pior.
A cidade de Ilhéus tem cabeça de cavalo enterrada. Bate um efeito “maresia” que deixa todo mundo de bobeira. O gestor ilheense é fruto disso aí. Tem um povo desinibido que fala inglês sem ir a escola , gírias cariocas sem ter ido ao RJ e por aí vai. E o pior eleitor da face da terra. Se vende por uns chopes e facilidades trabalhistas. Tem até “cadastros” do mais feio , do mais preguiçoso, do mais mais , etc. O passado é seu maior sucesso. Tomara que essa onda pegue e que renasça das quase cinzas.