Henrique, Leilane Benevides e Thiago Fernandes na Origem Week, em Salvador
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O Centro Público de Economia Solidária do Litoral Sul (Cesol) ajusta os últimos detalhes para se tornar parceiro da Universidade Salvador (Unifacs) no projeto de inserção de cooperativas da agricultura familiar da Bahia em cadeias produtivas internacionais. “No sul do estado, nosso foco é a abertura dos mercados sustentáveis, de alto valor agregado, para o chocolate fabricado com amêndoas do cacau fino da cabruca”, explica ao PIMENTA o professor Henrique Campos de Oliveira, coordenador do Núcleo de Práticas em Economia e Relações Internacionais da Unifacs (Neri).

Segundo ele, a iniciativa está afinada com as políticas públicas do Estado, a exemplo do incentivo ao cooperativismo como estratégia de beneficiamento de produtos agrícolas e o consequente aumento da geração de riquezas. Os chocolates finos produzidos com o nosso cacau, acrescenta, têm na Mata Atlântica o visto de entrada em mercados dispostos a pagar mais por mercadorias fabricadas conforme os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Na prática, isso implica em conservar a mata e assegurar o cumprimento da legislação trabalhista em benefício da mão de obra empregada na lavoura. “A Bahia tem um potencial para ir nessa direção. Em 2019, a produção sustentável de cacau chegou a 1,5 milhão de toneladas dos quase 5,5 milhões totais e segue em tendências de alta, segundo o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), em relatório de novembro de 2022”, informa o pesquisador.

Para o coordenador do Cesol Litoral Sul, Thiago Fernandes, a parceria com o Neri aumentará o alcance dos produtos da economia solidária, levando o nome da região a outros países. A atuação conjunta será formalizada via convênio, complementa Henrique.

A BAHIA NO MERCADO DO CACAU

A Bahia é o principal exportador de cacau do Brasil, mas não tem exportação expressiva de chocolate, constata Henrique Campos de Oliveira. Apesar das 2,4 toneladas de chocolate exportadas pelo estado em 2022, maior marca da série histórica iniciada em 2011, o setor ainda tem muito potencial a ser realizado, avalia.

Ele explica que, embora a exportação brasileira tenha crescido 12,7% em 2022, essa expansão se concentrou no chocolate convencional das indústrias transnacionais instaladas no sudeste, que têm reduzido a proporção de cacau nas suas fórmulas. Já a produção do Litoral Sul vai no sentido contrário, desenvolvendo e aperfeiçoando produtos finos, mas ainda precisa conquistar seu espaço no mercado internacional, aponta Henrique.

Para o coordenador do Neri, com a adequação de mais fabricantes locais às normas de acesso ao mercado global, a organização de consórcios de produtores capazes de diluir custos fixos e operacionais e o investimento em chocolates com certificação de origem, o estado pode dobrar a marca recorde de exportação do ano passado. “Acessar o mercado internacional amplia o volume vendido. Com isso, vem o ganho de escala e o aumento da competitividade. E o mais importante, tudo isso com o trabalhador rural valorizado e a Mata Atlântica viva. É um ciclo virtuoso”, conclui.

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