Alagamento na Marquês de Paranaguá || Foto Julio Gomes
Tempo de leitura: 3 minutos

O volume da chuva que caiu em Ilhéus em 24h chegou a 181 milímetros, equivalente a 181 litros de água por metro quadrado, em média. No mesmo período, em Itabuna, o acumulado foi de 78 milímetros, segundo a Defesa Civil. Já a Prefeitura de Ilhéus informa que o município registrou 180 milímetros em apenas 7h, na madrugada de hoje (21).

Rua Eustáquio Bastos tomada pela água || Foto Julio Gomes

De bicicleta, o advogado e historiador Julio Gomes percorreu a região central de Ilhéus e fez imagens do rastro de destruição deixado pelo temporal. “No Centro, como de costume, houve alagamento completo da Marquês de Paranaguá, a Eustáquio Bastos também ficou inteiramente alagada, assim como as suas travessas”, relata ao PIMENTA.

Carro enguiçado no acesso ao Centro pela Jorge Amado || Foto Julio Gomes

A Avenida Soares Lopes foi tomada pelas águas. Alguns carros enguiçaram no acesso ao Centro pela Ponte Jorge Amado. Outros deram meia-volta na contramão. Houve deslizamentos de terra na subida da Praça Cairu para a Avenida Itabuna, próximo ao posto de combustíveis Renascer, assim como na ladeira que dá acesso à Conquista por baixo do Viaduto Catalão e na Avenida Canavieira.

Tubulação cede com barranco no Viaduto Catalão || Foto Julio Gomes

Há registro de alagamentos nos bairros Nelson Costa e Teotônio Vilela, além da Rua do Cano e Avenida Esperança (Governador Roberto Santos).

PREFEITURA MOBILIZA EQUIPES E CADASTRA COMERCIANTES PREJUDICADOS PELAS CHUVAS

Equipes da Prefeitura removem lama de via no Centro || Foto Julio Gomes

Ao PIMENTA, o secretário de Infraestrutura e Defesa Civil de Ilhéus, Átila Docio, afirmou que a Prefeitura mobilizou duas patrulhas mecânicas para liberar vias bloqueadas após deslizamentos de terra. O trabalho começou pelo Centro, ainda pela manhã, e continuou na Rua do Cano e no Vilela, conforme o gestor. “Também estamos com três equipes formadas por bombeiros civis e assistentes sociais, atendendo os moradores de locais atingidos por deslizamentos”, concluiu.

Já o assessor especial do Gabinete do Prefeito, Vinicius Briglia, informou ao site que a Prefeitura de Ilhéus iniciou o cadastramento de comerciantes e outros empresários prejudicados pelas chuvas. Segundo ele, as pessoas nessa situação devem registrar a ocorrência pelo número de WhatsApp (73) 99984-5584 ou via e-mail (vinicius.briglia@ilheus.ba.gov.br).

Ao fazer o registro, é necessário informar os seguintes dados da empresa afetada, acompanhados por fotos que comprovem os danos: razão social, nome fantasia, CNPJ, endereço, telefone, WhatsApp, e-mail e o tipo de ocorrência. Atualizado às 18h46min para correção de informações.

Nego Freeza: mutimba é a celebração antes da luta || Fotos Silla Cadengue
Tempo de leitura: 3 minutos

O MC Nego Freeza, d’OQuadro, acaba de lançar Mutimba, música em parceria com o DJ e produtor Fabiano K’boko, recifense radicado na Alemanha. Nesta conversa com o PIMENTA, Freeza fala do novo som e da relação que estabeleceu com a cultura do Recife, onde o artista de Ipiaú, no sul da Bahia, vive há sete anos.

A palavra mutimba, segundo Freeza, remete a uma manifestação moçambicana do período da revolução anticolonial (1964-1974), que encerrou quatro séculos de colonização portuguesa em Moçambique. “K’boko já tinha o beat e uma pesquisa sobre isso. Mutimba era a dança que os guerrilheiros faziam antes das batalhas, na época da luta pela independência de Moçambique”. Ao invés do aspecto bélico, a música enfatiza a celebração, conta o MC.

Na capital pernambucana, Freeza encontrou na discotecagem uma forma de se manter no universo da música. Desde 2018, é um dos DJs residentes da festa Estrela Negra, ao lado de Patrick Torquato, baiano de Paulo Afonso. A vida no Recife também o apresentou a outros modos de ser preto, diz o músico. “Perceber esse jeito peculiar de ser preto pernambucano é muito importante pra mim. É um outro jeito de olhar para a cultura que vem de África. É a diáspora com seu jeito próprio de se manifestar em Pernambuco”.

INDÚSTRIA CULTURAL E CULTURA POPULAR

Freeza: “a gente faz o caminho, mas é o orixá que dá linha”

Como essas particularidades se manifestam? “Por exemplo, nas religiões de matriz africana. Por mais que existam elementos parecidos, você percebe a diferença da Bahia. E tem a cultura popular. Pernambuco conseguiu manter a cultura nas ruas”, diz Freeza, tecendo crítica ao que chama de indústria do axé music. Segundo ele, a monocultura do axé, patrocinada por uma visão enviesada de política cultural, foi um rolo compressor sobre as manifestações populares da Bahia, inclusive no interior do estado.

– A gente tinha um Governo que só investia nesse gênero, e vários elementos da cultura popular foram se perdendo, porque não havia manutenção disso por parte dos administradores do Estado. Aqui em Pernambuco, percebo que há uma coisa da cultura popular que você olha e fala: porra! Isso é África. Sabe? As cores, o toque, o maracatu, caboclinho e o cavalo marinho têm muito de África. Para mim, estar aqui, vendo isso de perto e entendendo como funciona, é algo que agradeço ao orixá. Nada na vida é em vão. A gente faz os caminhos, mas é o orixá que dá linha -.

Outro elemento distintivo da cultura popular no Recife é a presença da poesia nas ruas, avalia Nego Freeza, relatando os encontros com o poeta Miró da Muribeca, ícone da arte urbana recifense falecido em julho de 2022, aos 61 anos. “No Mercado da Boa Vista, tive a oportunidade de conversar várias vezes com o saudoso poeta Miró, de ver o lançamento das poesias dele pra todo mundo. Você percebe que é algo da cultura local, não foi implantado ali, é natural”.

As andanças em Pernambuco também levaram o MC a experimentar outras facetas como artista. Na série Lama dos Dias, ele interpreta um DJ. A história tem como pano de fundo o início dos anos 1990 e, ainda que de forma indireta, retrata o caldo de cultura que daria origem ao Manguebit, diz Freeza, que também participou do documentário Filho de Todos os Santos. Mas, essa é outra história.

Confira, abaixo, o videoclipe de Mutimba.

Tempo de leitura: 2 minutos

Alagamentos e deslizamentos de terra são registrados em Ilhéus desde o final da noite desta quinta-feira (20). O município sul-baiano registrou mais de 100 milímetros de chuva em pouco menos de 10 horas, o suficiente para causar estragos em vários pontos da cidade e até interditar trechos da Rodovia Ilhéus-Itabuna (BR-415) com a queda de árvore e alagamento de pista.

Moradores do Banco da Vitória, bairro situado às margens da BR-415, registraram em vídeo a inundação de casas e estabelecimentos comerciais. Cenário semelhante foi registrado no vizinho Teotônio Vilela.

Muitos trechos da região central de Ilhéus ficou totalmente alagada. Lojas também registraram invasão das águas da chuva. Nesta região, vias como a Eustáquio Bastos e Canavieiras ficaram debaixo d´água.

Ainda é aguardado para esta tarde um balanço da Defesa Civil de Ilhéus sobre os estragos após a chuva da noite de ontem e madrugada desta sexta-feira (21), feriado de Tiradentes. A região da Esperança teve sinistro com moradores devido a deslizamento de terra e chuva forte. O temporal deixou um idoso ferido.

Na Avenida Esperança, carro fica submerso durante forte chuva || Reprodução

Ainda ontem, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) havia divulgado alerta para as chuvas no sul e extremo-sul da Bahia, com destaque para Ilhéus (reveja aqui). A previsão era de volume de chuva de 65 milímetros até domingo (23), o que foi superado nas últimas 10 horas.