Capela de Santana é ameaçada por erosão de rio, afirma secretário || Foto Iphan
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A Capela de Nossa Senhora de Santana foi erguida no século dezesseis, na localidade hoje chamada de Rio do Engenho, zona rural de Ilhéus. Monumento mais antigo do município, é considerada a quinta igreja construída em solo brasileiro. Foi tombada, em 1984, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Agora, sua estrutura é ameaçada pela erosão do Rio Santana.

O risco ao patrimônio histórico foi tema da visita de técnicos do Iphan ao Rio do Engenho, no último final de semana, informa o secretário de Cultura de Ilhéus, Geraldo Magela, em entrevista ao PIMENTA. Perguntamos ao gestor se a erosão pode ser classificada como ameaçadora. “É uma ameaça, é um risco, sim”, respondeu.

Magela (de branco) e equipe recebem técnicos do Iphan || Foto Secult

Segundo Magela, em 2021, a Secretaria de Cultura alertou o Iphan e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) sobre o problema. O órgão federal solicitou ajuda ao município para encaminhar uma solução. O projeto de um muro de contenção foi elaborado pela Prefeitura, mas não estava adequado à arquitetura colonial, conforme parecer do Iphan ao governo.

Para fazer o novo projeto, a Secretaria busca apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e da Bahia Mineração S/A (Bamin), acrescenta Geraldo Magela.

DESCARACTERIZAÇÃO 

A capela pertencia ao antigo Engenho de Santana, que já foi patrimônio da família de Mem de Sá, terceiro governador geral do Brasil. Ali, no mítico ano de 1789, homens e mulheres escravizados se rebelaram, mataram o feitor e tomaram o engenho. Um documento histórico do levante é o tratado de paz em que os rebeldes estabeleceram condições para limitar a violência do modo de produção escravagista e exigiram direitos, como tempo livre.

De acordo com o secretário de Cultura de Ilhéus, o tombamento federal abrange a capela e a área contígua. “A gente quer preservar não só a igreja, mas também o entorno, que é onde funcionava o Engenho de Santana”, declarou Geraldo Magela.

Segundo ele, moradores da comunidade fizeram intervenções em espaços protegidos e questionaram a informação de que o tombamento também alcança o entorno da igreja. “A população dizia que eu estava inventando”. Para dirimir as dúvidas, o secretário publicou imagens do registro do processo do Iphan. Confira.

Área do Rio de Engenho tombada pelo Iphan
Capa do processo de tombamento
Trecho do registro do Serviço Público Federal

SOBRE A FUNDAÇÃO DA CAPELA

Ao PIMENTA, Geraldo Magela chamou a atenção para um erro no processo de tombamento, que data a Capela de Santana no século dezessete. Conforme o secretário, que é historiador, há divergências sobre a data exata da construção, se foi erguida em 1537 ou depois, mas ainda no século dezesseis.

Também consultado pelo site, o memorialista e fotógrafo José Nazal, ex-vice-prefeito de Ilhéus, confirmou a divergência sobre as datas e atestou que a igreja foi mesmo construída no primeiro século da invasão portuguesa. Segundo ele, o inventário de Mem de Sá, de 1572, assinala a existência da Capela. Atualizado às 18h02min para correção e acréscimo de informações.

Uma resposta

  1. Igreja relíquia histórica de Ilhéus vai ruir. Prefeito gosta de inaugurar grandes empreendimentos urbano construídos pelo governador. Essa igreja vá se desmanchar na água. A Tapera está se acabando a 3 sem acesso.

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