Jerberson Josué escreve sobre a novela da política em Ilhéus
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O poder da máquina é fundamental para que o nome ungido tenha êxito, porém não garante nada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jerberson Josué

Iniciamos, enfim, o tão desejado 2024 para o mundo político, focado na eleição municipal que se aproxima. Uma nova janela de possibilidades para quem deseja conduzir os rumos administrativos da terra de Gabriela e seu Nacib. Quem se habilita? Esta é a pergunta da hora. Diversos candidatos em vários partidos estão na estrada da sucessão na terra onde a novela Renascer é gravada pela segunda vez, agora com novos atores em cena, mas contando também com alguns experientes artistas da primeira edição.

Assim como o remake global, as eleições de Ilhéus têm novos atores, mas conta com antigos protagonistas do poder local. O ator Marcos Palmeiras, que fez parte da primeira edição da novela, em 1993, está no remake de 2024. Na política, o professor Jabes Ribeiro, prefeito de Ilhéus por quatro mandatos, sendo o primeiro de 1983 a 1988, se apresenta, agora, como pré-candidato. Uma quinta vitória poderia transformá-lo em um dos mais vitoriosos e longevos políticos baianos. Na primeira, Jabes tinha 28 anos. Hoje, 72. Ele é o último representante competitivo de uma geração de políticos que marcou época na Bahia, com estilo próprio de governar.

Representante da geração seguinte é o vice-prefeito Bebeto Galvão (PSB), que, em 1993, era um dos protagonistas do Poder Legislativo ilheense. Hoje, o ex-deputado federal também é suplente do senador Jacques Wagner (PT) e conselheiro da República. O vereador Augustão, a exemplo de Bebeto, forjou-se no movimento sindical. Além da cadeira na Câmara, preside o Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral do Sul e Extremo Sul da Bahia (SintraSul), é empresário e palestrante.

Um dos homens fortes do governo Mário Alexandre ou, na verdade, o homem forte do governo, é o secretário Bento Lima. Ele goza da total confiança do prefeito. É um nome com todas as condições para dar seguimento aos projetos e ações do atual gestor. Tem o respeito da classe política por seu poder de articulação e dialoga bem com o Governo do Estado. Também é visto com bons olhos por segmentos empresariais. Muitos o apontam como candidato ideal, depois da deputada Soane Galvão.

Sobre a parlamentar, o prefeito a tem como porto seguro de sua continuidade política e não pretende mudar sua posição nesse tabuleiro. Até porque, a partir de janeiro de 2025, ao lado da deputada, Marão poderá continuar tendo acesso às atividades e articulações políticas, mesmo sem o mandato de prefeito. Ele não seria atingido pelo famoso estado de político sem mandato ninguém encosta.

Ainda no entorno do grupo do prefeito, dizem que o ex-secretário municipal de Saúde André Cesário ainda sonha com a chance de ter o seu nome escolhido, pois segue prestigiado. Resta-nos saber se o Dr. André Cesário terá vontade e ímpeto de se colocar como opção real do gestor. A secretária de Educação, Eliane Oliveira, popularmente conhecida como “Lôra”, tem sido citada no governo como um nome apto, por também ser de muita confiança de Marão.

O fato de o prefeito não ser candidato abre espaço para todos sonharem. Assim como o remake de Renascer, que deu oportunidade a novos protagonismos, o tabuleiro da eleição de 2024 pode trazer novidades.

O ex-vereador Marcos Flávio é filho do saudoso ex-prefeito de Ilhéus Antônio Olímpio, que rivalizava na época da primeira edição de Renascer com o professor Jabes Ribeiro. O advogado Marcos Flávio foi presidente da OAB em Ilhéus e é o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação do município. Herdeiro de um dos últimos “coronéis” da política ilheense, é sempre lembrado na disputa eleitoral.

Moisés Bohana Neto tem sobrenome na sociedade ilheense e goza da amizade e confiança do protagonista político da cidade. Atualmente, ocupa o cargo de secretário de Pesca e Agricultura. Conhecido pela alcunha de “100%”,  tenta ser postulante ungido por seu primo e diretor-geral, o prefeito Mário Alexandre.

O jovem empresário Valderico Reis Junior é outro postulante desta pré-campanha e faz parte da nova geração de políticos de Ilhéus. Quando da primeira edição do folhetim, tinha apenas 7 anos. Nas suas veias pulsam o sangue do “coronel” dos ônibus, o controverso e popular Valderico Reis, que, além de ex-proprietário de empresas de ônibus, elegeu-se prefeito de Ilhéus em 2005, 12 anos após a estreia de Renascer.

O médico Francisco Sampaio foi eleito vereador várias vezes na década da primeira edição de Renascer, inclusive, presidiu a Casa Legislativa ilheense. É um ator que teve protagonismo e se afastou das urnas por um bom tempo, mas está empolgado com a nova edição eleitoral e se coloca como pré-candidato.

O vereador Aldemir Almeida é um pré-candidato que, apesar de ser da geração de cidadãos que à época da primeira Renascer já tinha condições de atuar, só se apresentou anos depois e conquistou quatro mandatos na Câmara. É médico, assim como Francisco Sampaio e Paulo Medauar, que tem sido visto rondando a cidade também como pré-candidato a prefeito. Com longa experiência em gestão desde a década de 90, consta do currículo de Medauar o cargo de secretário municipal de Saúde.

Outro ex-vereador e ex-presidente da Casa Legislativa ilheense que se coloca aos quatro cantos como pré-candidato a prefeito é Dinho do Gás. O boa praça que teve uma atuação protagonista meteórica na Casa das Leis, agora se lança ao Executivo, ao menos na pré-campanha. Outro ex-presidente do Palácio Teodolindo Ferreira que se apresenta na pré-campanha para o Centro Administrativo é o edil Jerbson Moraes. Do mesmo partido do prefeito Mário Alexandre, o PSD, o vereador busca protagonismo e é um ator da nova geração de políticos na cidade.

O ex-vereador Makrisi, também ator da nova geração, que à época da primeira edição de Renascer, estava nos movimentos juvenis de estudantes, agora se apresenta para o Executivo e tem como referência a excelente atuação do mandato como vereador, de atividades sociais e sindical, e no seu currículo consta a função de servidor público. Ednaldo Azevedo é um experiente profissional e ativista social que se apresenta na pré-campanha, inclusive, com passagens por gestões em outros municípios, e sua carteira de apresentação tem como base a luta por justiça social.

Com larga experiência acadêmica e profissional de saúde, além de ocupar a terceira pasta no palco da administração estadual, a médica e professora Adélia Pinheiro, que foi por oito anos reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz, a nossa Uesc, se apresenta pela primeira vez como possível candidata a um cargo eletivo no meio político. A professora, que já passou pelas secretarias de Ciência e Tecnologia e de Saúde do Estado, é secretária estadual de Educação e, até o momento, a única mulher na pré-campanha ao Executivo ilheense.

Reeleito recentemente, o reitor da Universidade Estadual de Santa Cruz, professor Alessandro Fernandes, tem o seu nome citado em qualquer conversa sobre sucessão, seja em Ilhéus ou Itabuna. Isso é óbvio por sua capacidade administrativa e pelo protagonismo que tem como reitor de uma das melhores universidades do País, inclusive, por esse status quo já tivemos o remake de pré-candidaturas de reitores desde Soane Nazaré de Andrade, Renée Albagli e Joaquim Bastos. Justo protagonismo para quem ocupa um cargo com tamanha relevância. A saber quem seguirá os passos do saudoso reitor Soane Nazaré. Normalmente, todos os reitores se tornam prefeituráveis. Vale ressaltar que a fundação da Uesc é dos idos dos anos 90, pouco antes da primeira Renascer.

Um ator de bastidores que tem externado o desejo de ser protagonista é o consagrado empresário Nilton Cruz. Ele quer repetir na política o sucesso da vida empresarial. Tem como padrinhos figuras proeminentes do PT, como o líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Rosemberg Pinto, com quem nutre amizade pessoal e fraterna relação. A importância de Nilton se faz presente e reconhecida a ponto de o líder maior da nação se hospedar em sua residência, como fez Luiz Inácio Lula da Silva. Resta saber se o nobre empresário conseguirá transformar o prestígio e gabarito político pessoal em articulações e votos. Nos bastidores, a estreia de Nilton Cruz no cenário eleitoral sempre é cogitada.

Reivindicando ser o representante do bolsonarismo na sucessão municipal de Ilhéus, o Coronel Resende se apresentou com as mesmas pautas do ex-presidente. O militar busca captar na campanha os seus seguidores e defensores, como única opção de contraponto aos demais e aos governos estadual e federal.

Porém, ainda falta saber quem será uma personagem de relevância fundamental, quem será o candidato do protagonista atual da política ilheense, o prefeito Mário Alexandre, e se terá o apoio do ator principal do estado, governador Jerônimo Rodrigues. Mário e o governadora ainda não definiram quem eles vão ungir. Se fosse no estúdio da novela, é como se faltasse o grito de “ação” do diretor.

O poder da máquina é fundamental para que o nome ungido tenha êxito, porém não garante nada, principalmente, porque temos uma eleição bem complexa, em que o elenco precisa estar afiado, seja na sucursal local, ou na estadual. Como o ano está apenas começando, muitas cenas veremos no decorrer da novela eleitoral 2024. Eu serei um atento telespectador.

E você, que lê este humilde texto, qual será seu papel no remake eleitoral de 2024? Participe!

Posso ter omitido outros possíveis pré-candidatos, aos quais peço desculpas por não os conhecer, por enquanto. Prometo citá-los num próximo capítulo.

Jerberson Josué é ativista social.

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