A liberdade é a única via de cuidado que possibilita o restabelecimento da saúde biopsicossocial das pessoas em sofrimento psíquico.
Jualiana Campos e Jádira Gomes
No dia 18 de maio de 1987, o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru, deu origem ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Apesar do nome destacar os profissionais da área, foi também um encontro dos pacientes e familiares, os outros dois dos três pilares do movimento social que, em abril de 2001, resultou na Lei 10.216, de proteção dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, responsável pelo redirecionamento do modelo assistencial em saúde mental.
A data ressalta a importância da liberdade como forma de cuidado das pessoas em sofrimento psíquico, que marca as mobilizações em torno do fechamento de manicômios e a formalização de novas legislações, a implantação da rede de saúde mental e atenção psicossocial e da instauração de novas práticas no importante movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira.
O 18 de Maio também nos lembra que a luta antimanicomial é constante, pois ainda hoje existe uma correlação de forças que tenta recorrer às práticas manicomiais, ou seja, práticas que isolam, excluem, desumanizam e aprisionam as pessoas em sofrimento psíquico.
A loucura é sempre mobilizadora de afetos intensos e marcantes. Muitas vezes, diante dela, sentimos repulsa, medo e estranhamento, porém a loucura é humana e está para todos nós, em alguma medida. Não à toa tivemos, até um passado recente, séculos de manicômios que, ao invés de tratar e cuidar, segregavam e maltratavam essas pessoas e as tornavam inexistentes para boa parte da sociedade.
Hoje é notório que a liberdade é a única via de cuidado que possibilita o restabelecimento da saúde biopsicossocial das pessoas em sofrimento psíquico. É condição inegociável para o tratamento dessas pessoas. Por isso a data é tão importante e significativa na historia da luta antimanicomial, que nunca cessa e deve se manter incessante e cotidiana.
Juliana Campos Oliveira é psicóloga e psicanalista; Jádira Gomes é assistente social.