Lote de vacinas contra a dengue vence em 16 dias || Foto Fabio Rodrigos-Pozzebom/ABr.
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Criado em 1973, pelo Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Imunização (PNI) é das políticas de estado mais eficientes da história do Brasil. Com a ajuda dele, que se transformou em um dos braços da ação integrada do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da década de 1990, o País erradicou doenças, controlou epidemias e surtos, reduziu a mortalidade infantil, feitos que, afinal, transformaram as condições de existência do povo brasileiro.

Com 18 anos de experiência no setor de imunização de Itabuna, no sul da Bahia, a enfermeira Camila Brito, coordenadora da Rede de Frio do município, afirma que o PNI foi alvo de ataques sistemáticos do Governo Bolsonaro. “[Foram] quatro anos de desconstrução de um programa que tem mais de 50 anos de credibilidade. Acabou! Destruiu, literalmente. Foi pesado”, disse a servidora ao PIMENTA nesta sexta-feira (14).

Mestre em Saúde Coletiva e professora da Faculdade Santo Agostinho, Camila observa que os efeitos da desinformação sobre as vacinas contra a covid-19 fragilizaram a confiança de parte significativa da população na eficácia e na segurança de todos os imunizantes. Isso, segundo ela, se reflete na baixa procura da vacina Qdengua, que reduz em até 85% o risco de internação por formas graves da dengue.

Camila Brito: Governo Bolsonaro atacou – e destruiu – credibilidade do PNI

Itabuna recebeu 4.800 doses da vacina em fevereiro. Dessas, aplicou cerca de 2.200, estima Camila. O prazo de validade do imunizante vence no próximo dia 30. Com as festas juninas, a procura deve cair na reta final do mês, prevê a gestora. Ao PIMENTA, a coordenadora de Imunização de Ilhéus, Walkiria Cardeal, descreveu cenário parecido no município vizinho, que recebeu 4.479 doses do mesmo lote e ainda tem 1.277.

AMPLIAÇÃO DA FAIXA ETÁRIA

Para aproveitar as doses prestes a vencer, a solução seria ampliar o público-alvo, hoje restrito a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A medida foi recomendada, pelo Ministério da Saúde, para o aproveitamento dos lotes que venceram em abril, quando o imunizante foi aplicado em pessoas de 6 a 59 anos.

Para ampliar a faixa etária apta a receber a vacina, segundo Camila Brito, os municípios baianos dependem de um novo posicionamento do Ministério ou de instâncias estaduais, a exemplo do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (Cosems). De acordo com Walkiria Cardeal, há a expectativa de que a Comissão Intergestores Bipartite da Bahia (CIB) delibere sobre o tema ainda hoje (14).

O QUE DIZEM A SESAB E O MINISTÉRIO DA SAÚDE

Ouvida pelo PIMENTA, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) informou aguardar orientações do Ministério da Saúde sobre o que fazer das vacinas com validade perto do fim e acrescentou que busca conscientizar a população sobre a importância do imunizante.

Também procurado pelo site, o Ministério da Saúde ressaltou que os estados e municípios têm autonomia para gerir a estratégia de vacinação. Conforme recomendação da Pasta federal, a reportagem solicitou mais informações por e-mail e aguarda retorno.

A reportagem não conseguiu manter contato com o Núcleo Regional de Saúde Sul para obter panorama da vacinação contra a dengue no sul da Bahia.

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