Jornalista e escritor Ederivaldo Benedito numa de suas participações na Flimd 2024
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Nas últimas oito décadas a obra literária do escritor itabunense Jorge Amado é reconhecida e reverenciada em todo o mundo, mas é ignorada em sua terra natal, no sul da Bahia, pelos seus conterrâneos, afirmou o jornalista Ederivaldo Benedito em sua participação na II Feira Literária do Colégio Estadual Manoel Devoto, em Salvador.

Bené, que também é itabunense, participou da II Flimd, apresentando o trabalho Tendas dos Milagres: Identidade, religiosidade e interação social na obra de Jorge Amado”, sobre uma das obras mais famosas do escritor grapiúna. “Apesar de ser reconhecido e reverenciado nacionalmente, estranhamente Jorge não é lembrado em sua terra natal”, afirmou.

Para Ederivaldo Benedito, Itabuna ainda não valorizou o legado legado literário de Jorge Amado, como merece. “A comunidade itabunense precisa rever seu relacionamento com a obra amadiana”, declarou Bené.

CONTRADITÓRIO E IRÔNICO

Durante a Flimd, Bené ressaltou um aspecto contraditório e irônico: mesmo sem ter lido os 49 livros do escritor itabunense, um grande número de seus conterrâneos o criticam duramente. “Itabuna tem uma dívida histórica para com o seu filho mais ilustre. Estranha e historicamente, Itabuna nunca amou Jorge. O filho mais ilustre das terras do cacau nunca foi amado pelos seus conterrâneos”, garantiu.

Flimd teve grande participação da comunidade escolar

“Jorge Amado, que abordou em suas obras as realidades sociais e políticas do sul da Bahia, foi um crítico ferrenho das desigualdades e das mazelas sociais, tendo sua escrita muitas vezes ligada à sua militância política. O fato de ter sido comunista e ter denunciado as injustiças sociais em seus romances não foi bem aceito por um segmento da sociedade local”, lembrou Bené, referindo-se à forte presença de coronéis do cacau e de jagunços no sul da Bahia, no início do século passado.

“É momento de Itabuna olhar para o passado e reconhecer seus valores. A Literatura de Jorge Amado precisa ser revalorizada. Ela é, essencialmente, um reflexo da nossa própria história”, concluiu.

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