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O estudo Pesquisa Salarial do Médico, desenvolvido pelo Research Center, núcleo de pesquisa da Afya, aponta que médicas recebem, em média, 22,2% a menos do que seus colegas homens na região Nordeste. De acordo com a pesquisa, a renda mensal das profissionais mulheres é R$ 17.426, enquanto a dos homens chega a R$ 22.385. Quadro muito similar ao percebido nacionalmente, em que a diferença é de 22,6%, com mulheres auferindo R$ 17.535,32, enquanto homens R$ 22.669,86.

Conforme a pesquisa, a diferença de R$ 4.960, no Nordeste, é motivada por dois fatores: o valor médio da hora trabalhada para médicos é de R$ 396,00, enquanto para as médicas fica em R$ 365,00, uma defasagem de R$ 31 (7,8%). O segundo ponto diz respeito à jornada de trabalho. Enquanto os homens trabalham 56,5 horas semanais, as mulheres dedicam à profissão 47,7 horas, uma diferença de 8,8 horas por semana (15,6%).

No âmbito nacional, a desigualdade salarial se manifesta em todas as categorias analisadas, incluindo idade, região e nível de formação ou especialização. Entre os profissionais de 45 a 55 anos, a diferença de renda é menor, em torno de 8,1%, indicando um maior equilíbrio salarial.

Quando observadas as regiões de atuação, a menor diferença salarial entre os gêneros ocorre no Sul, com 15,4%. Nas demais regiões, os homens apresentam rendimentos superiores, com uma disparidade que varia entre 22% e 24%, sendo 22,6% no Norte, 24,2% no Centro-Oeste e 24,9% no Sudeste.

Independentemente do nível de formação, os médicos apresentam renda líquida mensal superior. A desigualdade é ainda mais expressiva entre os especialistas, com uma diferença de 22,4%. Esses dados reforçam que, mesmo com qualificações equivalentes ou superiores, as mulheres continuam enfrentando barreiras que limitam sua ascensão profissional e financeira.

MATERNIDADE E CARREIRA

O estudo mostra que, no Brasil, as médicas que são mães dedicam menos tempo, cerca de 46,7 horas por semana, às atividades profissionais, o que sugere que as jornadas duplas com o acúmulo de responsabilidades domésticas e familiares limitam o exercício da profissão. Já para os profissionais homens com filhos, essa média é de 55,2 horas por semana. Por outro lado, entre as médicas divorciadas ou separadas com filhos, a jornada de trabalho remunerado sobe para 50,7 horas semanais, o que pode indicar uma necessidade de compensação financeira frente às demandas familiares.

“Conciliar vida pessoal e profissional ainda é um desafio para as mulheres, que seguem acumulando múltiplas jornadas. O ponto mais crítico encontrado nesse estudo é a diferença salarial entre os gêneros nas horas trabalhadas. Mas essa desigualdade vai além da remuneração: é essencial que a divisão das responsabilidades dentro de casa seja mais equilibrada entre homens e mulheres, garantindo que o peso da jornada doméstica não recaia majoritariamente sobre elas. Só assim podemos avançar para condições mais justas e minimizar essas disparidades”, diz Eduardo Moura, médico e diretor de pesquisa do Research Center da Afya.

A pesquisa entrevistou 2.637 profissionais de todos os gêneros, no período de novembro de 2024 a janeiro de 2025. A amostra possui um nível de confiança de 95% e margem de erro de 1,9 ponto percentual.

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